AS IDEOLOGIAS E O PODER EM CRISE
João Ferreira Jan Muá
8 de julho de 2023
A editora da Universidade de Brasília publicou no final da década de 90 a tradução de um livro de política contemporânea hoje esquecido. Trata-se de uma quase enciclopedia resumida que discute alguns dos principais problemas políticos dos fins do século XX. O livro em questão é Le ideologie e il potere in crisi (As ideologias e o poder em crise) da autoria de Norberto Bobbio e tradução de João Ferreira.
O autor é uma figura cimeira como escritor e autor de livros políticos conhecidos e traduzidos no Brasil e em outros países ocidentais. Visitou a Universidade de Brasília em 1982. Entre seus livros é justo inluir seu famoso Dicionário de Política traduzido em língua portuguesa por uma equipe de tradutores coordenada por João Ferreira, professor Titular do Departamento de Teoria Literária e LIteratura na época e publicado pela Editora da Univerisdade de Brasília em 1986.
A obra As Ideologias e o poder em crise contém cinco temáticas importantes: O Pluralismo. O Socialismo. Os fins e os meios. A Terceira Via. O Mau Governo. Fecha com um apêndice contendo referências a três personagens da "Itália Civil".
Ao falar de Pluralismo, o autor esclarece o conceito, mostrando que no fundo o pluralismo é uma forma de repartição do poder democrático por vários centros de poder.
No capítulo sobre o socialismo, Bobbio mostra o socialismo no mundo ocidental como um movimento por mais igualdade e mais liberdade, e uma "programação descentralizada e participada". No debate sobre os fins e os meios vem à tona a diferença entre a via ética ou moral e a via política, nunca convergentes. Quanto à terceira via, Bobbio é peremptório: a terceira via não existe. Essa posição, entretanto, segue ao lado de uma outra sentença mais antiga e convincente, que é a via aristotélica que ensina que "in medio virtus" ( que a virtude está no meio). No sentido aristotélico há uma terceira via que resulta da tentativa de conciliação dos opostos. Nesta conciliação, escolhem-se os aspectos positivos de um lado e do outro e tenta-se uma conciliação. Por último, resta governar. Para governar, há que ter um programa político, que favoreça a governabilidade democrática e a colaboração dos partidos para que democraticamente o país atinja seus fins de desenvolvimento e de ação social para o bem do povo.
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