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Artigos-->TV Globo e Genocídio -- 29/05/2002 - 16:53 (Bráulia Inês B. Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando entramos numa casa ou num quarto de hotel onde não tem televisão não parece que falta algo? Tá faltando alguma coisa que nos vincule ao mundo “real” que é o mundo lá de fora. O mundinho nosso pessoal, interior ou exterior já não é mais suficiente. O quanto é que dependemos da televisão e o quanto ela nos influencia? Será que somos capazes de pensar sozinhos, ou a famosa declaração de Descartes hoje pode ser resumida em: “Vejo TV, logo, existo”?



Sei não. Acho que um dia vamos acordar e de repente a realidade vai se tornar um grande sonho, como se estivéssemos dentro do Truman show, aquele do filme do Jim Carey, só que às avessas. Tudo será a realidade televisiva global e o real não mais existirá... A televisão, e principalmente a moral televisiva terá entrado irremediavelmente dentro de nossa cabeças, se tornado sangue em nossas veias, combustível para o nosso cérebro. De gota em gota eles terão enchido completamente nosso mundo transformando-o em seu mundo inventado. Neste dia o real e o irreal se confundirão, o certo será o errado e o errado o certo.



Será lindo este dia... Ao nosso redor nossas casas de repente vão receber uma decoração descolada, super-combinosa. Nossos jardins terão piscinas com fontes naturais instantâneamente instaladas, e nossas roupas, como por encanto se tornaram fashion.



Vai ser um dia para ser lembrado. Todas as esposas se tornarão quem realmente são: pessoas sem-caráter e trapaceiras, interessadas somente no dinheiro do marido. E as amantes e prostitutas, elas sim terão restaurado o seu lugar. As donas de bordel como nas novelas de Dias Gomes e baseadas em Jorge Amado são sempre boas, e boazudas claro, elas serão reconhecidas finalmente como as que sempre portaram a verdadeira moral, a bondade personificada, ajudando os pobres, mantenedoras de família, pais e mães, filhos carentes, amando sem esperar retribuição a um homem só, enquanto praticam suas boas com todos os homens.



Mulheres lindas e mal-amadas também terão oportunidades de dormir com vários homens, como a personagem de Vera Fisher, e até fazer filhos redentores, messiânicos com alguns que já foram grandes amores, para poder finalmente se decidir, permanecerem, por um tempinho certamente, com algum Tony Ramos gordinho bondoso de barbas botafoguenses.



Todos os jovens lindos namorarão muitas, incontáveis moças, mas serão sempre fiéis a uma só em seu coração. Afinal nesta realidade global paralela os homens, à exemplo das novelas das sete, serão irresistívelmente fogosos, e nunca usarão camisas, só jeans abaixo do umbigo. As moças por sua vez, também apenas no sentido platônico, manterão um certo amor como o principal, mas, quem pode resistir a tantos peitos musculosos e abdomens de jacaré??

Bandidos não haverão, ou se houverem serão sempre punidos, a não ser é claro, os colarinhos brancos. Nisto a realidade imita a ficção e vice-versa.



Além disto os bandidos são facilmente reconhecíveis. Dica: são feios. É fácil percebê-los no meio da multidão de caras lindas. Ah, e tem os pobres também. Desconfie sempre deles, geralmente vão roubar seus filhos, ser coniventes com crimes, ou armar estratagemas para te destruir por vingança por causa do que seu tataravô fez com eles no tempo da imigração italiana.



Nesta Terra-padrão-global a pobreza é um mal intrínseco a ser extipado a qualquer preço. Vale tudo para sair dela, ser gigolô, prostituta, achar dinheiro e não devolver, matar, (que não são coisas inerentemente ruins, basta ter um bom coração apesar de tudo). O importante é tomar boa champagne e comer caviar. Este alvo supremo deve ser perseguido acima de todos os outros, amém.

O fundo musical deste mundo é claro vai variar bastante mas só a cada seis meses. Durante este período a repetição maçiça é inevitável. Mas se você sentir saudade das letras não se preocupe, o tema não variar nunca, só o que muda é o ritmo. O tema será sempre eternamente a bunda. Bunda de cabo a rabo...



Neste dia fianalmente vamos enxergar, quem sabe, o que a televisão fez conosco gradualmente dia a dia em 24 horas, a gente se vendo por aí. O mais completo genocídio moral. Tudo a ver. Viramos uma aldeia global.

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