O texto original havia sido perdido. Sobraram poucas palavras para tentar um remendo. Isabel juntou os pedaços de papel molhado em busca de amor. Queria amor, compaixão, aventura, amizade, palavras que um dia compuseram seu universo sonhador.
Uma empregada descuidada apanhou o rastro de sua felicidade para secar uma mesa molhada de refrigerante. Ao final do texto havia o endereço do namorado, que mudara de cidade recentemente. Muito longe para ser localizado.
O desespero de Isabel e as lágrimas fizeram o resto, sepultando as esperanças de mostrar qualquer indício do amado.
Era um Domingo, dia em que as famílias se reúnem para almoçar e falar de amenidades nas cidades do interior do Paraná. Isabel fazia parte de uma página de tradições, de família respeitada e trabalhadora.
A carta despedaçada do Evilásio era um golpe, principalmente pelo fato de Isabel ser muito insegura, precisando de apoio constante do namorado, ao qual ainda não se entregara por conta da insegurança apesar do amor.
Isabel chorou na frente de todos, sem temor de revelar sentimentos. Alguns sentiram pena da garota, inclusive os primos André, João, Pedro, Tiago, Batista, e Paulo.
Tentando alegrar a moça, convidaram-na a jogar bola, passear, algo que a fizesse esquecer o incidente da carta perdida, do amor dissolvido pelas águas.
E foi assim que de repente foram parar no bosque da família, distante a poucos quarteirões da casa. Num momento de tristeza, Isabel chamou André para desabafar. Acabou acontecendo.
Um pouco atordoada, pediu que André se retirasse para conversar com João.
Acabou acontecendo.
Ao final da tarde aconteceu com Pedro, Tiago, Batista e Paulo, e ainda com os amigos deles, José, Ricardo, Perácio, Vital, Onésio, Marcelo, Matias, Clóvis, Sérgio, Tavares, Cardoso, os amigos destes outros, e finalmente, com o padre, a quem foi confessar que estava muito confusa. Quando seu namorado telefonou, no final da noite, ficou feliz em saber que o amor que os unia era muito forte. |
