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Poesias-->Bênção - Charles Baudelaire -- 31/12/2003 - 10:30 (JANE DE PAULA CARVALHO SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bênção



Quando, por uma lei das potências supremas,

O Poeta se apresenta neste mundo aborrido,

Sua mãe espantada e cheia de blasfemas

Crispa as mãos para Deus que a escuta condoído:



"Ah! que eu não dei à luz um ninho de víboras,

Em vez de alimentar esta única diversão!

Maldita a noite, a das alegrias afêmeras,

Em que gerou meu ventre a minha expiação!



Se entre todas enfim só esta mulher proclamas

Deve ser o pesar de seu marido triste,

Se eu não posso jogar entre as línguas das chamas,

Qual bilhete de amor, monstro que mal existe,



Eu farei recair teu ódio implacável

Sobre o instrumento vil de tuas maldições,

E torcerei tão bem a árvore miserável,

Que não dará jamais seus infectados botôes!"



Assim engole a espuma, a do ódio que a envenena,

E após, sem compreender os planos eternais,

Ela mesma prepara ao fundo da Geena

A fogueira votada aos crimes maternais.



No entanto, sob tutela de um anjo sem nome,

Embriaga-se de sol o jovem deserdado,

E em tudo o que ele bebe e em tudo o que ele come

Sempre encontra a ambrosia e o néctar afogueado.



E com a nuvem brinca e fala com a aragem,

Num dolente caminho a cantar se inebria,

E o Espírito que vai com Ele na romagem

Chora de vê-lo assim pássaro da alegria,



Aos que ele quer amar sempre um receio deixa,

Animados porém a tanta suavidade,

Procuram por quem possa arrancar-lhe uma queixa,

Exercitando nele a atrocidade.



E no vinho e no pão que a vida lhe destina,

Vão misturando a cinza aos escarros nefastos.;

Dizem que o que ele toca, impuro, contamina,

E acusam-se de haver posto os pés nos seus rastos,



Grita a sua mulher, pelas públicas praças:

"Já que me achou tão bela para amar-me,

Um ídolo eu serei, como o das velhas raças,

Como ele eu quererei um dia redourar-me.;



"Mas eu me embriagarei de nardo, incenso e mirra,

E de genuflexões, de carnes e de vinhos,

A ver se eu posso, num coração que me admira,

Usurpar a sorrir os rituais divinos!



"E quando eu me cansar destas farsas impias,

Eu nele pousarei forte a mão, de mansinho.;

E com unhas iguais às unhas das harpias,

Até seu coração abrirei um caminho.



"Como um pássaro novo e que treme e palpita,

Arrancar-lhe-ei do peito o coração aceso

Depois, para saciar a besta favorita,

Hei de atirá-lo ao chão com todo o meu desprezo".



Para o céu, onde vislumbra um trono esplêndido,

Sereno o poeta eleva os braços piedosos,

E os enormes clarões de seu espírito lúcido

Anulam-lhe a visão dos povos furiosos:



"Sê bendito, meu Deus, que dás o sofrimento,

Óleo sacro com que as impurezas quebrantas

Qual se fora o melhor, e o mais divino sacramento

E que prepara o forte às volúpias mais santas!



"Eu sei que há sempre um lugar para o Poeta

Na fileira feliz das divinas Legiões,

E que o convidarás para a eterna festa

Dos Tronos, dos Valores e das Dominações.



"Sei que a única nobreza é a dor que mais nos doa,

Que nunca morderão nem terra nem inferno.

Preciso é, para haver minha augusta coroa,

Ordenar o universo inteiro e o tempo eterno.



Jóias que mortas são da Palmira passada,

Ignorados metais, o mais raro diamante,

Encastoados no céu, não servirão de nada

A este formoso diadema claro e cintilante.;



"Ele será feito da irradiação mais pura,

Vinda do santo lar dos raios primitivos,

De que os olhos mortais de toda criatura

Somente são espelhos, negros e pungitivos!"







Charles Baudelaire - As Flores do Mal

Tradução: Pietro Nassetti




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