Athos Ronaldo Miralha da Cunha





Votarei em Lula pela quarta vez.

Quero deixar claro o meu posicionamento político partidário, por isso começo com essa frase. As críticas que farei são severas contra a prática política atual das lideranças do PT. Tenho a pretensão de possuir um certo discernimento político. Acompanhar e discutir política faz parte do cotidiano e isso fascina. Entretanto, os últimos acontecimentos que envolvem o partido, seu candidato a presidente e os principais líderes que estão articulando a candidatura Lula, deixam alguns, como eu, menos ávidos pelo poder, de cabelos em pé.



No meu modesto entendimento o PT está fornecendo muita munição para os adversários. Terão mais artilharia que tempo disponível na TV. O PT está sendo atingido em seu maior patrimônio, a honra e a coerência, e as explicações estão sendo pífias ou inexistentes.

As ações protagonizadas pelas lideranças paulistanas do PT, causarão discussões nos quatro cantos do partido. Particularmente estão atarraxadas em minha garganta e serão difíceis engoli-las. A insistência do PT em formalizar a coligação com o PL, tendo como vice o milionário senador Alencar, é incompreensível e inaceitável. Ora, os liberais são os ideólogos da prática política que o PT mais combate. É uma incoerência em seu estado puro. O pragmatismo petista para vencer a eleição é tamanho que a discussão política fica à margem do processo. A contabilidade é meramente matemática, o voto.

Com isso o partido vacila e perde credibilidade. Certamente, a coerência e ética na política será cobrada internamente, mas pouco adiantará, pois o fato estará consumado. Em política não se vacila, ou é ou não é. Assinou embaixo, arque com as conseqüências. Já dizia Mário Quintana “Um erro em bronze é um erro eterno”. Infelizmente este acordo político entrará para o currículo do PT. O PL nunca foi e nunca fará parte do campo de alianças do PT. Concretizando-se essa coligação têm gente em partido errado, ou os do PL, ou os do PT. Na cidade em que resido, um capitão que tem linha direta com Bolsonaro, estará no palanque de Lula. Coisas da política dirão alguns. Coisas da política tradicional dirão outros. E esta não é a política do PT. Pelo menos a que eu acredito.



Há poucos dias, a imprensa anunciou as articulações de José Dirceu com Quercia o presidente do PMDB paulista. Como diz um amigo meu: “me caiu os butiá do bolso”.

Mais um vez a prevaricação da política protagonizada pelos ínclitos líderes paulistanos. O que está havendo com o PT de São Paulo? Esqueceram quem é Orestes Quercia?

O partido foi leviano quando acusou o ex-governador? Aquele que detonou com o Banespa e enriqueceu com a política.

Nada foi comprovado contra Orestes Quercia, mas também nada foi comprovado contra Paulo Maluf... era só o que me faltava. Não quero nem imaginar... isso não passou pela minha cabeça.

No afã de vencer a eleição, que será a última de Lula, o partido está abrindo mão de alguns preceitos muito caros a sua base militante. Os militantes petistas, em sua maioria, são pessoas que conhecem teoria política e ideologia e sabem muito bem onde estão nos quadrantes da política. Imaginem um petista gaúcho ter que votar no PMDB, um dos maiores algozes do Governo Olívio Dutra.



Dia desses visitei o site do PT. Uma bela página, com conteúdo e diversidade. Um artigo chamou-me atenção face ao autor do texto. Recusei-me a leitura e até poderia ser uma dissertação conseqüente. Rubens Ricupero, ele mesmo, assinava o artigo. O cidadão que inventou a máxima “O que é bom se mostra e o que é ruim se esconde”. Lembram das parabólicas? Ele deve adorar. Após aquele escândalo, recebeu como prêmio a embaixada brasileira no Vaticano. Ricupero está no site do PT. Confiram.

O que está havendo com o PT?

Termino este artigo como comecei.

Votarei em Lula pela quarta vez.