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Contos-->A PODEROSA CHEFONA -- 30/06/2003 - 15:55 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Luísa Fernanda estava mesmo ficando velha. Aqueles seus cabelos negros e curtos, entremeados com as cãs já indisfarçáveis, e os tremores das mãos, que indicavam futuros males neurológicos, sinalizavam-lhe que já era chegada a hora de parar com os cigarrinhos do demônio e a cachaça tão benquista.

As más linguas, que sempre empregando os maus verbos, afirmavam ser ela, sapatão explorador da lindeza trabalhadora abnegada, tinham neste caso, uma certa dose de razão. Luísa Fernanda, em troca da casa que ofertava à amante, desfrutava o salário alto que o amor pimpão ganhava.

Aquele seu "love" era viúva e gozava de bom conceito, na agencia bancária, em que desempenhava o papel de "mais melhor de boa" contadora possuidora das técnicas, únicas e relevadas, para fazer cálculos matemáticos sem uso das máquinas ou computadores.

O seu primeiro casamento naufragrara. O marido dera-lhe um rebento, mas não suportando ele os maus humores da bruaca, que vivia invariavelmente, bêbada ou de ressaca, mandou-a catar coquinhos. Tal fato deprimiu-a terrivelmente. Ela refugiou-se num cubículo, construído num canto do quintal, e de lá não mais queria sair. Com suas latinhas e garrafas, permanecia trancafiada, ouvindo centenas de CDs de música sertaneja, que, diga-se de passagem, a-d-o-r-a-v-a.

Sua mãe, velhinha baixota e balofa, preocupando-se com o estado deplorável da filha, achou que deveriam consultar os bons médicos. Queria que tirassem-na daquele mutismo esquisito. E todas as providências foram assim tomadas. Mas Luísa Fernanda, pertinaz, estava irredutível e recusava ingerir a medicação. Ela, a safadinha astuta, queria mesmo gozar as tonteiras que lhe causavam a pinga.

Porém, quando Luísa Fernanda, começou a ouvir vozes e ver espectros, que sombrios, trafegavam pelas paredes, sentiu muito medo. Ela comunicou o fato para a mãe e trataram então de buscar ajuda. No centro onde foram, disseram-lhes que ela tinha um encosto e que estava obsedada. Ela deveria trabalhar e recomendaram-lhes leituras de muitos livros.

Luísa Fernanda, a partir daqueles dias, considerava-se médium, mas nem por isso deixou de freqüentar os bares noturnos ou largou a gandaia. Sua cabeça tornara-se uma barafunda terrível com as idéias apreendidas nos alfarrábios gordurosos.

Numa de suas noitadas conheceu um viúvo, sexagenário, saudoso da extinta, que viu em Luísa Fernanda, uma inigualável e oportuna consultora espiritual. Nas sessões que se seguiram, durante os meses subseqüentes, o velho desejava ardentemente ouvir as manifestações da esposa adorada. Ele demonstrava tal desinteresse, pelas coisas materiais, que não se opunha aos pedidos ardorosos de Luísa, dando-lhe cada vez mais e mais dinheiro. Em pouco tempo, aproximadamente R$10.000,00, saíram da conta bancária do crédulo provécto, para a bolsa da farsista. Não era muito, todavia com a grana, ela comprou um Scort branco antigo. O calhambeque era vetusto, mas em bom estado de conservação e funcionamento. Com o restante do dinheiro pagou alguns atores, para que sob a doutrina do polonês Jerzy Grotowsky, e seu Teatro Pobre, representassem algumas cenas sugestivas à vítima impressionável.

Entretanto o relacionamento chamou a atenção dos parentes mais próximos do vovô. Sua filha, que era dentista, aconselhava-o, a todo instante, a deixar de ser tão boboca e parar com aqueles absurdos de tonto. Ela não sabia que seu pai, já naquela altura dos acontecimentos, perdera o dinheiro. Se ela tivesse insistido, demovendo-o, ele não teria perdido a vida também. Aconteceu que depois de leva-lo a um jantar, numa cidade vizinha, Luísa Fernanda voltou com ele para casa, e, na sala, dando vazão à sua personalidade doentia, despachou-o para o além, com dez espetadas no peito. A assassina levou a faca, e a carteira da vítima, à cidade próxima e, da ponte, sobre a qual parou com o automóvel do morto, jogou os objetos no rio.

Luísa Fernanda, hoje está presa.
É mentira, gente?
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