Não sinto dor no corpo, exceto por um agudo no ouvido que teima em não me deixar. A respiração vem fraca, ora forte... parece não mais me pertencer esse comando. Minha alma chora... clama... e tenta entender o porque de amar um alguém, e esse alguém me amar também e comigo não querer viver. Há pouco me disseram que envergonho, tento entender onde... por largar uma vida de mordomias e querer buscar meu próprio caminho, dar meus passos, amar por minha escolha... deixar minha alma livre para fazer o que bem entender. Hoje já não sinto muito... vontade tão pouco... percebo que mais uma dor incomoda... uma pontada forte na altura do peito... deve ser muscular... não tenho postura... com um pouco de descanso ela passa... e quem sabe leve esse amor da minha alma. Ou leve meu corpo. Passamos a vida inteira procurando amor... amor... amor... e ser correspondido é o que se quer... e quando o temos... e percebemos estamos em um barco em alto mar... sozinho, sem ninguém ao lado. O amor é jurado, é clamado... mas não é vivido... assim ele morre... como a uma planta sem cuidado. Não consigo abrir direito meus olhos... nem meu corpo guarda sensações... quero apenas estar longe... e ao menos por hoje, amanhã e depois talvez... esquecer que amo tão imensamente uma alma que não me quer, mesmo chorando por mim. Esquecer que envergonho uma família por não querer andar de Audi, Renault, nem sei como bem se escreve isso... vou de ônibus... vou voando, não preciso disso nem de mostrar a ninguém, só queria viver o meu amor. Aposto que com seus ouros... carros do ano... casas em condomínios... não saibam o que é amor, e eu me orgulho em dizer, apesar de hoje não estar me contendo, eu amo, sei o que é amar... sei os lados que ele pode ter, e garanto o que ganho nessa lição é maior que qualquer montanha de dinheiro, ou de super proteção. Estranho esse mundo humano... realmente não devo pertencer a ele.
