SOBRE O HOMEM IRRACIONAL
João Ferreira
17 denoutubro de 2023
De passagem, como reflexão oportuna referente ao momento internacional em que vivemos, importa pensar um pouco sobre a natureza do ser humano, inclinado a guerras, ódios, intolerâncias e preconceitos. Estruturalmente, o ser humano é definido como um ser formado de corpo e alma. À alma se atribui a racionalidade composta de intelecto, vontade, memória e imaginação. Representando a natureza superior do homem está a razão que é a faculdade capaz de pensar, ponderar, duvidar, desistir ou decidir. Os filósofos modernos, a partir de Descartes, e os psicólogos contemporâneos destacam como objetiva realidade humana, que pesa nas ações comportamentais, a indissociável coexistência do racional e do emocional. Para julgar a responsabilidade de qualquer ato importa por isso analisar sempre esse conjunto quando se quer avaliar a responsabilidade do sujeito. O domínio da parte emocional no ser humano é destaque nos crimes do feminicídio e em assassinatos perpetrados nos nomentos emocionais ditados pelo impulso vindo do inconsciente. Na história trágica da humanidade, a irracionalidade tem uma negra história. O homem em vez de ponderar e se guiar pela razão objetiva, decide muitas vezes pelo interesse, pela ideologia, pela simpatia, pela antipatia, pela emoção. Isso provoca os grandes desequilíbrios sociais que conhecemos. Esse critério nascido de interesses e emoções explica a origem dos desentendimentos, das brigas, das agressões, das violências, dos assassinatos. As guerras são este lado sinistro de poder e violência. Quando ouvimos na TV ou rádio as hostilidades e guerra entre Hamas e Israel, entre Hesbollah e Israel, terminamos por nos encontrar com duas partes em litígio desde 1948, ano da criação do Estado de Israel. O litígio divide palestinos e israelenses, árabes e israelenses. São guerras antigas, ditadas pelo ódio. Casualmente nas vivências do dia a dia, alguma das partes pode ter suas razões a favor de algum assunto em particular. Mas no fundo, as duas partes são inimigas desde os tempos de nascença. A irracionalidade, a emoção e os interesses de cada um, sem mútuo acordo, não resolverão nunca a convivência pacífica entre os dois povos. Apenas um contrato assinado visando pontos concretos pode gerar uma convivência legal entre israelenses e palestinos. Grupos terroristas guiados pela ação à margem da lei não são indicados para resolver as questões de convivência pacífica dos dois povos.
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