Ambigüidade
No tempo de paz, me preparo pra guerra
No tempo do amor, estou pronto pra dor
Se vôo bem alto, quero estar lá na terra
Se o tempo é escuro, quero ver muita cor
Na hora do sim, a palavra é o não
Na hora da morte, eu renasço em outra vida
Se deito e não durmo, bate o meu coração
Se choro, sorrio numa luta renhida
Assim é a vida, nem sei bem porquê
Sou triste e alegre numa felicidade
Se perco, procuro nem sei bem o quê
Assim é a morte que ronda a cidade
Se canto, me calo já sabendo porquê:
- Eu morro, vivendo nessa ambigüidade
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
(in Coisas do coração - Editora Scortecci
São Paulo/SP - 1993
http://tanajura.cjb.net |