A NOITE E O MAR
Renato Ferraz
Anoiteceu!
Encosto o pensamento no ombro da noite e observo seus movimentos.
Ela tem seus inúmeros compromissos, eu não.
Olho para o mar e o vejo calmo. Ele aparenta está sonolento e sereno.
Caminho lentamente pela praia. Meu olhar distraído esbarra na claridade da lua,
logo à frente, refletida sobre a superfície do mar.
Continuo minha caminhada, sentindo o frescor da noite; por enquanto apenas eu e ela,
mas agora não mais em seu ombro, mas me movimentando também.
Ando e paro, observo ao redor, sem pressa e consigo captar alguns detalhes
que comumente não dou tanta atenção...depois ando mais um pouco e paro novamente.
Ouço o som das ondas e vejo seu ritmo desordenado, vindo até a praia, próximo aos meus pés.
Olhando bem, vendo as ondas dançarem, até que meu ritmo de dança não fica tão ruim assim,
talvez a comparação só caiba a esse mesmo...mas deixemos isso para lá, isso é um assunto para outro dia!
Hoje está ventando bastante, bem mais do que o esperado para a época,
e isso faz com que eu ouça também o som das folhas do coqueiral que beira a praia.
Há outro ritmo no seu movimento, elas não dançam, pois estão fixas, ao contrário das ondas.
Não dançam, mas balançam. A superfície do mar está um grande espelho que a lua fez
para os deuses se olharem nesta noite. E para nós humanos também, se quisermos...
pensando bem, até dá para fazer uns versinhos sobre esse momento,
mas agora estou sem lápis e papel; então vou somente observar.
Logo mais adiante deparo-me com um grupo numeroso de pessoas que se diverte na areia na praia…
à medida que me aproximo, vejo que as pessoas brincam, andam, correm, falam alto,
sorriem, ao som de música de um violão. Aparentemente está agradável e me parece que dá para eu aqui ficar.
Então vou desgrudar um pouco do ombro da noite que deve ter ainda muito com o que se preocupar...
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