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cronicas-->OS CROQUES DO CIROVÁLDIO -- 22/01/2003 - 23:05 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS CROQUES DO CIROVÁLDIO

Dois velhos amigos de colegial se encontram por acaso no Itaú. O Olavo e o Gomes. O primeiro, depois de se formar em Publicidade, montou seu escritório ali na pequena cidade, e estava indo bem. O segundo, formado em Administração de Empresas, era empregado de uma grande multinacional, em São Paulo. O Gomes raramente veio visitar a cidade natal, pois seus pais também haviam mudado e moravam hoje em Jundiaí. Mas numa viagem de negócios pela região resolveu dar uma passada por ali, para rever alguns amigos e tomar uma gelada no bar do Zebu.
- Olavo, meu velho! Quanto tempo, hein?
- E aí, Gomes?! De volta à velha terra, hein? Fiquei sabendo que você estava aqui ontem, o Agenor que me contou! Tá gordo, hein?
- Pois é, rapaz, passei um tempão trabalhando numa firma em São Paulo, depois da faculdade, aí agora consegui um emprego na Viscon-Bubber-Biribol. Até casei!
- É, eu soube, meus parabéns! Passou para o clube dos enforcados, né? Acho que sua prima me falou, não me lembro. Você sabe como é aqui... todo mundo sabe da vida de todo mundo.
- É, eu sei. O Agenor eu vi lá no Zebu, tomando cerveja às nove da manhã... Não mudou nada! Mas e o pessoal, como é que tá? O Mauro, o Bezerol e o Geraldão, os caras? E as meninas, a Bia, a Paula?
- A maioria casou. O Bezerol tá meio fugido, aprontou umas aí...parece que tá no Mato Grosso, ou em Apucarana, não sei...
- E aquele cara grandão, como a gente chamava ele mesmo?
- Qual?
- Aquele cara, que chamava nós dois de "Verme e Minhoca", era um fdp! Esqueci o nome dele...
- Ah, o Cirováldio...
- Isso, Cirováldio! Aquele era um sacana, você lembra? Uma mania de dar croques, bater nossas cabeças. Batia em todo mundo, mas pegava mesmo no nosso pé, hein?
- É, pegava. Ele ainda tá por aqui, infelizmente. O pai dele ainda tem a loja, mas é ele que toma conta. É um escroto...
- Você acredita que até hoje eu sonho que esse cara vem me dar aqueles croques? E eu acordo mal, com raiva e assustado! Há Há Há! Que absurdo, não?
- Há Há, riu nervosamente o Olavo.
De repente, ouviram uma voz gritando forte dentro do banco:
- Verme e Minhoca!
Os dois olharam, assustados, para o grande gordo careca e barbudo que vinha na direção deles. Não deu tempo nem deles pensarem e o Cirováldio agarrou o pescoço do Gomes e do Olavo, um sob cada braço e, rindo, batia com a cabeça de um na cabeça do outro, como se fossem dois bonecos. E gritava:
- Quer dizer que as duas bichinhas casaram?, Há Há Há!
Essa foi a última vez o Gomes foi visto na cidade. Indagado pela sua mulher sobre como fora a visita à velha cidade, ele desconversou, e disse, enquanto vestia seu pijama do Pernalonga:
- Ah, lá está a mesma coisa... você sabe, no interior as coisas nunca mudam...



Renato Cação Cambraia não gosta de croques, mas detesta mais ainda "drops", beliscões e petelecos na orelha. beco@netonne.com.br
JORNAL A SEMANA/BECO34 - 18/01/03
www.becodigital.kit.net
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