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Artigos-->ONTEM - HOJE -AMANHÃ A vida é dia após dia e é só ..... -- 18/11/2023 - 17:12 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ONTEM – HOJE – AMANHÃ

A vida é dia após dia e é só deixar-se viver

L. C. Vinholes

20231118

 

Nota: Em meados de setembro, atendi a um amigo que sugeriu que escrevesse um texto com dados e informações diversas, cronologicamente ao não, relativaa ao que eu teria feito no passado. Na realidade o que ele queria era criar um painel que fosse como uma colcha de retalhos para servir de fundo à algumas fotos, também condizentes com algo que havia acontecido comigo ou que tivesse sido criado por providência minha. Não pensei que devia rejeitar a proposta embora tivesse achado a ideia um pouco estranha. O mais estranho e que esperava que podia acontecer, aconteceu: ele não utilizou o que eu fiz, ou por não ter concordado com o feitio do feito ou por não ter tido condições de concretizar o que imaginou fazer. Feitas estas considerações, acabei por concordar comigo mesmo em dar guarida ao texto resultante e torna-lo público. O que guardei até agora é o que está em um único e interminável parágrafo a seguir.

 

Nasci no Fragata, periferia de cidade crescendo, como todas as periferias, seleiro de jovens promissora(e)s. Alameda de eucaliptos. Fim da linha do bonde. Quartel. Bancas de flores. Cemitério. Dali saí e, de bolsa em bolsa (de estudos), passo a passo, trilhei meu caminho: Escola São Francisco de Paulo, vinculada à Catedral, com dona Marú Mello, diretora, e a prima Antoninha, professora; Colégio Gonzaga dos Irmãos Lassalistas; Coral da Catedral, do maestro José Duprat Pinto Bandeira; Orquestra da Sociedade Orquestral da qual fui copista,  presidida pelo oftalmologista Paulo Duval; Conservatório de Música de Pelotas, o pianista diretor Milton de Lemos; Escola Livre de Música da Pró Arte, em São Paulo; o Instituto Brasileiro de Filosofia de São Paulo; o Curso Internacional de Férias de Teresópolis; os Seminário Internacional de Música da Universidade Federal da Bahia; o Departamento de Música da Geidai, a Universidade de Tokyo; o Departamento de Música do Palácio Imperial de Tokyo; a Associação Ohno Gagakukai, do templo de Uguisodani. Desde 1953, considero a pianista Yara Bastos André Cava minha “madrinha” que me apresentar a H. J. Koellreutter, traçou o Norte do meu futuro e da minha vida. No Japão pertenci ao Grupo TAO, à Sociedade Internacional das Artes Plásticas e Visuais (ISPAA), à Associação para Estudos da Arte (ASA). A quem hoje considero o saudoso irmão das invernadas do Japão, sito e lembro a Kenzo Tanaka que assina o projeto Praça Jardim de Suzu. Na Argentina fui do Grupo MADI, de Gyula Kosice. Criei a editora Shin Nippaku (Novo Brasil-Japão). Frequentei os grupos VOU e Almée dos poetas Katsue Kitasono e Shuzo Iwamoto. Fui parceiro na criação do Grupo ASA com Seiichi Niikuni como líder. Promovi o curso de xilogravura em Pedro Juan Caballero, Paraguai, ministrado pelo grande mestre Lívio Abramo. Fui curador de exposições de artes plásticas no Japão, Canadá e Itália. Com apoio, entre outros, dos poetas Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari, Eusélio Oliveira, João Adolfo Moura, Ronaldo Azeredo e Pedro Xisto, organizei exposições de poesia no Japão, Canadá e Itália. A Exposição de Poesia Concreta Brasileira no Museu de Arte Contemporânea, em abril de 1960, da qual fui curador e contei com a colaboração do arquiteto paulista João Rodolfo Stroeter, foi a primeira exposição do gênero no exterior. Aprendi muito com professora(e)s a quem sou eternamente grato: Antônia Lessa Motta, Marú Melo, Davi Zanotta, Irmão Gabino, Rafael Caldelas, Lourdes Nascimento, Antônio Margerita, Olga Fossati, Yulo Brandão, H. J. Koellreutter, Celina Sampaio, Gabriela Dumaine, Hisao Tanabe, Sueyoshi Abe, Hiroharu Sono. Com alegria e agradecimento, registro os nomes dos que se interessaram em estudar e opinar a respeito das minhas composições: Mario de Souza Maia, Lilia de Oliveira Rosa, Valério Fiel da Costa, Andersen Viana, Maria Helena del Pozo, Maria Yuka de Almeida Prado. Em 1966, vi serem exibidas no Japão obras dos gaúchos Danúbio Gonçalves, Vasco Prado, Zorávia Bettiol, Vera Barcellos, Dietlinde Koeberle, Flavio Pons, Regina Silveira, Lily Hwa e Luiz Brasil. De significado maiúsculo são os parâmetros da pioneira Instrução 61 que permitem não só criar música aleatória, mas, ao mesmo tempo, acabar com dicotomias discriminatórias, típicas de um mundo onde o dualismo é o metro em vigor. No setor privado fui membro da Comissão de Compras de Tokyo da siderúrgica Usiminas. Com apoio dos poetas Seiichi Niikuni e Yasuo Fujitomi e patrocínio da Embaixada do Brasil e do Instituto Goethe de Tokyo, fui curador da Exposição Internacional de Poesia Concreta no Edifício Sede da Escola de Ikebana Sogetsu em Tokyo. Fui presidente fundador do Núcleo de Arte Cênica de Brasília, em 1993. Em novembro de 1994, a Gráfica Athena de São Paulo publicou meu polievroma, poema-livro com as primeiras experiências poéticas da valorização dos significados dos ideogramas japoneses usados nos nomes femininos, somados aos predicados pessoais das suas portadoras. Em Veneza, em junho de 1997, no Festival della Parola com seu projeto Arcipelago, para poesia coletiva, dividi a noite de inauguração com o escrito Umberto Eco. A serviço do Itamaraty estive em Beijin e servi em Tokyo, Kobe, Manila, Seul, Ottawa, Milão e, como coordenador da cooperação técnica bilateral da Agência Brasileira de Cooperação, coordenei os cursos de Cooperação Técnica em Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissao e Timor-Leste. Contei com a amizade de poetas ingleses, italianos, canadenses e japoneses, e, de muitos, traduzi suas obras: Nancy Passi, Katsue Kitasono, Shuzo Iwamoto, Fujitomi Yasuo, Seiichi Niikuni, Shimizu Toshihiko, Fukiko Kobayashi, Akito Osu, Uchida Toyokiyo, Hiro Kamimura, Shutaro Mukai, Shutaro Habara, Kagiya Yukinobu, Reiko Horiuchi, Jyo Yoko, Yoichi Kawamura, Shigeru Nakano, etc. Minha Tempo-Espaço XIV tem letra do canadense bill bissett. Em 2008 reuni a produção poética de 1947 a 2007 em uma antologia artesanal intitulada Retrato de Corpo Inteiro. Em 2014, foram minhas as badaladas do sino da Feira de Livros da Praça Coronel Pedro Osório em Pelotas. Nas minhas andanças, em nenhum momento esqueci minha origem e nem deixei cortar o cordão umbilical que me une a Pelotas. Sem as facilidades que agora disfruto, as distâncias eram maiores, mas, assim mesmo, pouco a pouco andei muito e amealhei o que me parecia merecer atenção para, em algum momento, compartilhar com quem sempre acreditei merecer: o público. Doei meu acervo de poesia - antologias, convites, cartas, recortes, fotos, cartazes etc. -, ao então Centro de Referência Haroldo de Campos, da Casa das Rosas, em São Paulo. Ao mesmo tempo, encontrei o abrigo seguro para o que, demoradamente, carreguei como depositário fiel temporário e tudo confiei ao Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo e à Discoteca do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas. Lá estão quadros, gravuras, pinturas, esculturas, cerâmicas, partituras, discos, documentos pessoais, lembranças, etc. aguardando o momento certo do encontro com seu público. Não quero esquecer que providenciei a criação das primeiras cidades irmãs entre o Brasil e o Japão - Pelotas-Suzu (1963) e Porto Alegre-Kanasawa (1967) -, que compus o primeiro e, até agora, o único hino escolar para uma escola japonesa e que sou autor da música e letra de duas canções dedicadas às crianças de Dili: Timor-Leste Timor-Leste e Se queres comigo brincar/dançar. Dos prefeitos de Pelotas, lembrando do pioneiro César Borges, do decidido Antonio Fetter Júnior e da dinâmica Paula Mascarenhas, sempre tive o apoio indispensável, inclusive quando por intermédio da pintora Marina Novaes Pires, me foi concedida bolsa de um ano para estudar violoncelo com Jean Jaques Pagnot. Nesta fase derradeira, quando aposentado aproveito o tempo para fazer aquilo que não devia fazer quando funcionário público, reitero meus agradecimentos aos reitores precedentes e, honrado com a distinção que me concedeu a UFPel, com gratidão, registro os nomes das professoras Isabel Fernandes Andrade e Úrsula Rosa da Silva, respectivamente, reitora e vice-reitora. Creio que nada mais tenho a registrar a não ser que continuarei acreditando que a Vida é dia após dia e que é só deixar-se viver e, satisfeito com os meus um pouco mais de 90 anos, seguir com olhar firme para o futuro e contemplar ao longe, o umbral da eternidade

 

 

Comentarios

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 24/11/2023

Vivencia Extraordinária !! De tirar o fôlego !!
Senti muita admiração ao ler "ONTEM-HOJE-AMANHÃ "

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