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Artigos-->TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL -- 22/11/2023 - 23:18 (SANDRA BEATRIZ MELO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

  TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

 

RESUMO

 O presente artigo apresenta revisão bibliográfica   transtornos globais do desenvolvimento infantil e  a atuação do psicólogo frente a ELES  , mais  especificamente sobre autismo infantil, síndrome de Asperger e síndrome de Rett. Para introduzir devidamente optou-se por fazer uma passagem pelos tipos de desenvolvimento infantil, e, logo em seguida  aborda-se possíveis transtornos, com suas respectivas definições, critérios diagnósticos, diagnóstico diferencial e tratamento. Durante o processo de intervenção e prevenção junto à criança . Destaca-se a importância do psicólogo no tratamento e a eficácia dos recursos psicoterápicos para a melhora de qualidade de vida da criança com a síndrome .

Palavras-Chave: Autismo infantil, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, atuação do psicólogo.

 

INTRODUÇÃO

 

Desde o momento da concepção, o homem passa por processos complicados de desenvolvimento. As mudanças ocorrem em aspectos diferentes do eu e, durante os primeiros períodos do ciclo de vida, são mais amplas e aceleradas. Como o homem é uma totalidade, todos os aspectos, físico cognitivo e psicossocial, de seu desenvolvimento, estão entrelaçados, e reagem às muitas influências internas e externas. O desenvolvimento infantil dá-se normalmente quando é sistemático, coerente e organizado. As crianças, em geral, passam pela mesma sequência de desenvolvimento (PAPALIA, 2000).

Para  ELLIS  , a compreensão dos transtornos do desenvolvimento infantil dar-se-á mediante o conhecimento do desenvolvimento infantil considerado anormal durante o processo de desenvolvimento. A criança evolui em diferentes aspectos de sua formação. A evolução não se dá somente no crescimento físico , mas também na sua parte cognitiva e social, dentre outras : o desenvolvimento afetivo está relacionado aos sentimentos e às emoções e é perceptível por parte da criança desde a fase de bebê. O estabelecimento dessas relações é fundamental para que a criança desenvolva sua inteligência emocional e não tenha, no futuro, problemas afetivos; o desenvolvimento cognitivo refere-se à parte mais intelectual do ser humano. Diz respeito à atenção, ao raciocínio, à memória e à capacidade de resolver problemas; o desenvolvimento cognitivo infantil permite que a criança interprete, assimile e se relacione com os estímulos do ambiente que a cerca e com a sua própria essência; o desenvolvimento físico é aquele através do qual as crianças desenvolvem habilidades e capacidades motoras como sentar, andar, ficar em pé, pular, correr, etc. Em atividades que requerem mais precisão, como por exemplo, escrever, o desenvolvimento físico fica também dependente do desenvolvimento cognitivo; com o desenvolvimento social, a criança aprende a interagir em sociedade. É com base nesse tipo de desenvolvimento  que a criança estabelece com outras pessoas uma espécie de intercâmbio de informações, que permite adquirir cultura, tradições e normas sociais. Através da socialização com outras crianças, são desenvolvidas certas capacidades de interação e noções de limites.

Segundo ELLIS a  primeira infância compreende o nascimento até os três anos. O recém-nascido é dependente, porém competente. Todos os sentidos estão ativados desde o nascimento. O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. A capacidade de aprender e lembrar estão presentes até mesmo nas primeiras semanas de vida. Quanto à compreensão e à fala, também se desenvolve rapidamente. A autoconsciência desenvolve-se no segundo ano de vida. Aproximadamente no final do primeiro ano, é que se define o apego aos pais e a outros; no entanto, o vínculo, principalmente materno, já se dá desde o nascimento. A segunda infância é o período de três a seis anos. A força e as habilidades motoras simples e complexas aumentam. O comportamento é predominantemente egocêntrico, e a maturidade cognitiva leva a muitas ideias ilógicas acerca do mundo. A criatividade e a imaginação expressas nas brincadeiras tornam-se mais elaboradas. A independência e o autocontrole aumentam, e a família continua sendo o núcleo da vida. A terceira infância é considerada o período de seis a doze anos. Nessa fase, o crescimento físico e o egocentrismo diminuem, enquanto a memória e as habilidades de linguagem aumentam. A autoimagem desenvolve-se, afetando a autoestima, e os amigos assumem importância fundamental.

De acordo com ELLIS 1996 Conhecido esse desenvolvimento da criança, é possível, então, observar quando ocorre um desvio. É nos primeiros anos de vida que os transtornos invasivos do desenvolvimento se manifestam, transtornos esses frequentemente associados a algum grau de retardo mental .

TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Os transtornos invasivos do Desenvolvimento, classificados no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria (APA, 1995), caracterizamse por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, de comunicação e atividades estereotipadas. Em geral, os transtornos incidem sobre múltiplas áreas do desenvolvimento, aparecem precocemente e provocam disfunção persistente. O DMS-IV (1995) inclui os seguintes transtornos na categoria de transtornos invasivos do desenvolvimento: autismo infantil, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação. No entanto, este trabalho deter-se-á nos mais comuns e de maior importância para a prática clínica: Autismo, Síndrome de Asperger e síndrome de Rett.

Autismo infantil

Para OLIVIER, 2008 Transtorno do Espectro Autista – TEA é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por uma redução ou incapacidade de comunicação, comportamentos repetitivos e dificuldade de socialização. Por isso, é natural que os autistas apresentem restrições na fala e na autoexpressão, falta de imaginação e empatia, dificuldade em olhar nos olhos e sorrir. O autismo, também conhecido como transtorno autistico, autismo da infância, autismo infantil e autismo infantil precoce, é o TID mais conhecido. Nessa condição, existe um marcado e permanente prejuízo na interação social, alterações da comunicação e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses. As anormalidades no funcionamento em cada uma dessas áreas devem estar presentes em torno dos três anos de idade. Aproximadamente 60 a 70% dos indivíduos com autismo funcionam na faixa do retardo mental, ainda que esse percentual esteja encolhendo em estudos mais recentes. Essa mudança provavelmente reflete uma maior percepção sobre as manifestações do autismo com alto grau de funcionamento, o que, por sua vez, parece conduzir a que um maior número de indivíduos seja diagnosticado com essa condição.

O Autismo Infantil foi definido por KANNER, em 1943, sendo inicialmente denominado Distúrbio Autístico do Contato Afetivo, como uma condição com características comportamentais bastante específicas, tais como: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão autística extrema, inabilidade no uso da linguagem para comunicação, presença de boas potencialidades cognitivas, aspecto físico aparentemente, normal, comportamentos ritualísticos, início precoce e incidência predominante no sexo masculino.

Em 1944, ASPERGER  propôs em seu estudo a definição de um distúrbio que ele denominou Psicopatia Autística, manifestada por transtorno severo na interação social, uso pedante da fala, desajeitamento motor e incidência apenas no sexo masculino. O autor utilizou a descrição de alguns casos clínicos, caracterizando a história familiar, aspectos físicos e comportamentais, desempenho nos testes de inteligência, além de enfatizar a preocupação com a abordagem educacional destes indivíduos.

Ambos os trabalhos tiveram impacto na literatura mundial; no entanto, em momentos distintos.

As características de crianças autistas a seguir foram produzidas pela New York State Society for Autistic Children e traduzido pela Associação de Amigos do Autista (AMA), com sede em São Paulo. Não se mistura com outras crianças. Age como se fosse surdo. Resiste ao aprendizado. Não demonstra medo em perigos reais. Resiste à mudança de rotinas. Usa pessoas como ferramenta. Risos e movimentos não apropriados. Resiste a contato físico. Não mantém contato visual. Apego não apropriado a objeto. Às vezes é agressivo e destrutivo. Comportamento indiferente e arredio.

Considerando a presença de um conjunto das características, pontuadas acima em uma criança autista, podemos inferir sobre a possibilidade de fatores impactantes no ambiente familiar ou escolar onde a criança convive rotineiramente. Tais impactos consequentes de situações atitudinais e comportamentais do autista refletem-se no relacionamento não interativo entre o autista e o seu interlocutor, seja familiar e/ou escolar; podendo agravar-se pela ausência de conhecimento sobre as características comportamentais da criança autista e o entendimento de como lidar com tais situações.

A Prevenção e Tratamento Segundo BEREOHFF (apud Gauderer,1997), diz que complexidade do quadro de autismo e as dificuldades encontradas para se desenvolver uma estrutura em sua abordagem enfatizam cada vez mais a necessidade da multidisciplinaridade dos profissionais envolvidos nesse processo.

O psicólogo, com sua formação específica e bem definida, deve estar inserido nesse contexto, sendo também um conhecedor do desenvolvimento humano normal para ter condições de detectar as áreas defasadas e comprometidas. Ele precisa estar muito sensível às observações e relatos da família. É fundamental que o psicólogo esteja atualizado com os trabalhos e pesquisas recentes relativos à sua especificidade para orientar a família. A sua sensibilidade diante da criança e do nível de comprometimento desta é importante para que ele saiba adequar propostas terapêuticas que realmente a beneficiem( ELLIS, 1996).

É importante ressaltar que a profissão do psicólogo apresenta muitos desafios profissionais e pessoais frente aos portadores de deficiência e suas famílias. Nadja Costa (apud Gauderer, 1997), observou, em sua revisão bibliográfica, que o psicólogo pode desenvolver emoções e sentimentos face às doenças crônicas ou doenças fatais e que esses sentimentos influenciam no diagnóstico .

Apesar de não se conhecer uma cura definitiva, já é possível conseguir bons tratamentos que podem tornar o autista independente e, em alguns casos, até produtivo. O diagnóstico e o tratamento precoce, a educação especial e, em alguns casos, as medicações podem integrar ou reintegrar o indivíduo autista na sociedade. O apoio dos pais, aliado à educação especial, pode colaborar muito para que o autista consiga expandir suas capacidades de aprendizado, comunicação e relacionamento com a sociedade e, em paralelo, diminuir a frequência das crises de agitação e/ou agressividade, melhorando a qualidade de vida do autista e de sua família. Vale lembrar que não há medicações específicas para tratar o autismo. Quando usadas, servem para amenizar ou combater características, como agressividade, comportamentos repetitivos, entre outras.

Síndrome de Asperger A síndrome de Asperger (SA)

Em 1944, Hans Asperger, pediatra austríaco com interesse em educação especial, descreveu um grupo de crianças com distúrbios sociais, similares aos do Autismo. Apenas tinham a linguagem e a inteligência em geral preservadas. Asperger descreveu a condição destas crianças como “psicopatia autística”. Esta patologia só foi considerada como critério de diagnóstico no DSM-IV* (em anexo), em 1994.  Segundo o pediatra ela caracteriza-se por prejuízos na interação social, bem como interesses e comportamentos limitados, como foi visto no autismo, mas seu curso de desenvolvimento precoce está marcado por uma falta de qualquer retardo clinicamente significativo na linguagem falada ou na percepção da linguagem, no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades de autocuidado e na curiosidade sobre o ambiente. Interesses circunscritos intensos que ocupam totalmente o foco da atenção e tendência a falar em monólogo, assim como incoordenação motora, são típicos da condição, mas não são necessários para o diagnóstico.

Hans Asperger caracteriza  a  Síndrome de Asperger da seguinte maneira :  Atraso na fala, desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes dos 5 anos. Dificuldade na linguagem mais rebuscada, ecolalia (repetição do que ouvem, eco) de palavras ou frases;  Interesses restritos, escolhem um assunto de interesse. Casos mais comuns são o interesse exagerado por colecções e cálculos;  Presença de habilidades não muito comuns, tais como cálculos mentais, memorização de grandes sequências (mapas de cidades), ouvido musical absoluto, entre outros;  Incapacidade de interpretar metáforas, mentiras, ironias, frases com duplo sentido; Dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos corporais, como a comunicação não verbal; Pensamento concreto; Dificuldade para entender ou expressar emoções; Falta de auto – censura, ou seja, falam tudo o que pensam mesmo que não seja o correto para a sociedade;  Apego a rotinas e rituais, com dificuldade de adaptação a mudanças e fixação de assuntos específicos; Atraso no desenvolvimento motor e coordenação motora, inclusive a escrita;  Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade a determinados ruídos, fascinação por objetos luminosos e com música, atracção por determinadas texturas; Comportamentos estranhos de auto estimulação; Dificuldades em generalizar o aprendizado; Dificuldades na organização e planeamento da execução de tarefas.

Segundo o pediatra austríaco  os pacientes com Síndrome de Asperger, diferentemente dos Autistas, tendem a ter maior consciência das suas diferenças e mostrar um maior sofrimento, relativamente a isso. Na vida adulta, apresentam sérias dificuldades psicológicas. As pessoas com esta Síndrome têm necessidade de fazer amigos, de conhecer pessoas, podem ter uma conversa em monólogo, geralmente com um adulto. Abordam as pessoas à sua volta com uma grande excentricidade e de uma maneira pouco vulgar, afastando-as, tendo muita dificuldade em controlar a sua frustração de não conseguirem obter os seus desejos

A Prevenção e tratamento ,sendo a síndrome de Asperger considerada como um transtorno mais evoluído do que o autismo infantil, tendem a ser benéficas para o tratamento algumas das mesmas técnicas usadas para o transtorno autista. Além da intervenção que o psicólogo faz junto à criança e à família, já citada no autismo infantil, o trabalho de orientação e acompanhamento é essencial aos professores e profissionais que atendem as crianças nos casos de problemas de aprendizagem, onde são indicadas salas de recuperação para fornecer explicação e revisão individualizadas. AMIRALIAN (1986)

Amiralian (1986) aborda a atuação do psicólogo nos casos de excepcionalidade e enfatiza que, nesse campo, o psicólogo deve ter conhecimento e compreensão do desenvolvimento e aprendizagem da criança, ser conhecedor dos efeitos produzidos pela incapacidade no desenvolvimento afetivo, perceptivo, motor e cognitivo. “Uma outra tarefa a que o psicólogo pode ser chamado é para a avaliação diagnóstica da criança” (Amiralian, 1986, p.66).

A avaliação diagnóstica de uma pessoa incapacitada deve ser centralizada nas suas possibilidades, isto é, na sua capacidade de realização, independentemente de sua limitação física, intelectual ou socioemocional AMIRALIAN, 1986, P.68

Síndrome de Rett

Esse transtorno foi identificado em 1966 por Andréas Rett, mas somente após o trabalho de Hagberg et al. tornou-se mais conhecido. A descrição original de Rett enfatizava a deterioração neuro motora, predominância em mulheres, sinais e sintomas particulares, a presença de hiperamonemia, tendo sido denominada “Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia”. Sabe-se, hoje em dia, que a hiperamonemia não é um achado necessário nem usual. A prevalência estimada de SR varia entre 1:10.000 e 1:15.000 em meninas. O diagnóstico clínico baseia-se nos critérios propostos pelo Rett Syndrome Diagnostic Criteria Work Group ou pelos que foram definidos pelo DSM-IV-R

A síndrome de Rett é uma condição clínica descrita inicialmente por Andréas Rett, em 1966, que afeta pacientes do sexo feminino, instalando-se um quadro de deterioração global e progressiva. No Brasil, os primeiros casos foram identificados por Rosemberg e colaboradores, que publicaram suas observações em 1986 e 1987 (APUD SCHWARTZMAN, 1994).

 A Síndrome de Rett, ao menos na sua forma típica, afeta exclusivamente meninas, sendo que os poucos relatos sobre o acometimento em meninos referem-se a casos atípicos com manifestações parciais, que não representam, necessariamente, a mesma condição. O primeiro caso de criança do sexo masculino com cariótipo XY com sinais e sintomas considerados típicos da síndrome de Rett foi atendido em 1995, no Brasil (Schwartzman; Souza; Faiwichow; Hercowitz, 1998). Apesar de esse menino atender aos critérios utilizados para o diagnóstico, não foi possível fechar o diagnóstico de síndrome de Rett, uma vez que o diagnóstico definitivo dessa condição dá-se após acompanhamento de alguns anos. Mesmo que esse diagnóstico não venha a ser confirmado, o caso continua sendo de grande interesse

A causa do transtorno de Rett é desconhecida. O desenvolvimento inicial, aparentemente normal ou quase normal, é seguido por um curso deteriorante, por perda total ou parcial das habilidades manuais adquiridas e da fala e com uma desaceleração do crescimento do crânio (KAPLAN, 1997)

Na maioria dos casos, o início é entre 7 e 24 meses de idade, quando se percebe uma desaceleração do crescimento craniano, perda do envolvimento social, aparecimento de marcha ou movimentos do tronco fracamente coordenados e grave comprometimento do desenvolvimento da linguagem expressiva ou receptiva, com severo retardo motor. O aspecto mais característico é uma perda de movimentos propositais das mãos e das habilidades motoras manipulativas finas adquiridas. As características associadas incluem crises epiléticas, respiração irregular com episódios de hiperventilação e escoliose. Mais tarde, com aprogressão do transtorno, uma espasticidade rígida pode se manifestar (DSM-IV, 1995).

 As crianças com esse transtorno podem viver por mais de uma década, porém, após 10 anos do transtorno, muitas pacientes estão em cadeiras de rodas. Inicialmente, as crianças com síndrome de Rett são diagnosticadas como autistas, devido à deficiência acentuada nas interações sociais em ambas as síndromes. Porém, existem algumas diferenças previsíveis que se desenvolvem no processo da síndrome, como a perda das aptidões verbais, problemas respiratórios e desaceleração do desenvolvimento craniano, ausentes no autismo (DSM-IV, 1995).

 Prevenção e tratamento da síndrome de Rett é difícil, uma vez que, na maioria dos casos, a criança apresenta um quadro normal no nascimento, não evidenciando nenhuma característica que revele um transtorno. O tratamento que pode ser oferecido é sintomático e visa a minimizar os prejuízos, prevenir alguns e melhorar a qualidade de vida, segundo Schwartzman (apud Gauderer,1997)

.Dentro desse tratamento, é fundamental a atuação do psicólogo. A indicação da terapia comportamental tem sido citada por Kaplan (1997), pois esta ajuda no controle de comportamento autodestrutivo presente na síndrome de Rett. Para possibilitar melhor qualidade de vida à criança que se encontra num processo deteriorante, fazse necessário o trabalho do psicólogo junto à família e aos professores que atendem as crianças, acompanhando-os e esclarecendo-os sobre o desenvolvimento da síndrome. Esse tratamento poderá ser mais eficaz quando realizado com uma equipe multidisciplinar.

Atuação do psicólogo

Constatou-se que os transtornos estão bem caracterizados, mas apesar dos avanços nas pesquisas, sua etiologia continua  indefinida. Podemos  concluir  que,  devido  a  sua  multiplicidade  de  características,  o diagnóstico e intervenção devem ocorrer num contexto multidisciplinar, sendo imprescindível que os profissionais tenham conhecimento das etapas do desenvolvimento infantil, bem como os sinais e sintomas do transtorno. As escalas de diagnósticos podem ser aplicadas a partir de dois anos,   o   que   possibilita   o   diagnóstico   e   intervenção   precoces,   aumentando   as possibilidades  de  aprimoramento  de  habilidades  existentes  e  desenvolvimento  de  outras, considerando  a  neuroplasticidade.

            Atualmente, os  métodos mais  utilizados envolvem o treinamento  de  comportamentos  funcionais  e  aprendizagem  de  engajamento  social,  numa intervenção  com  a  participação  da  família. A  atuação  do  psicólogo no  contexto familiar envolve orientação e acolhimento, desde a fase de suspeita, na confirmação do diagnóstico e também no longo processo de intervenção, visando o fortalecimento das relações familiares e na elaboração estratégias de enfrentamento.

Os transtornos do desenvolvimento infantil são extremamente debilitantes, como se pode perceber, exigindo uma dedicação especial e quase total da família e de todos os envolvidos indivíduo que se desvia, em grau arbitrário da norma, em uma determinada variável, de modo a necessitar de recursos especiais para desenvolver a sua capacidade máxima” (KAPLAN, 1997).

 

Nesse contexto, segundo AMIRALIAN (1978), o psicólogo também poderá fazer esclarecimentos a outros técnicos sobre as formas e condições de aprendizagem e ajustamento do indivíduo. É parte fundamental do processo de reabilitação a avaliação diagnóstica; é o ponto de partida para o estabelecimento dos programas e metas a serem atingidos. Um trabalho de socialização é essencial, no sentido de evitar o preconceito e a discriminação ainda existentes, proporcionando uma prevenção primária, através de elucidações junto às escolas e pessoas afins. Deixar esses indivíduos viverem no seu mundo particular e muito cômodo e parece ser uma maneira de negar responsabilidade para com estes seres humanos e suas famílias. O trabalho do psicólogo junto a uma equipe multidisciplinar é de fundamental importância

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Concluímos com este trabalho, que as diferenças entre o Autismo e o Síndrome de Asperger consistem na interação social do sujeito com o universo. Desde modo, salientamos que os indivíduos portadores do Autismo vivem isolados no seu próprio mundo. As perturbações, tais como, a hiperatividade, impulsividade, agressividade e outros distúrbios dificultam a comunicação entre eles e o que os rodeia. Os sujeitos com esta perturbação, fascinam-se essencialmente, por sons, cores, luzes, cheiros, contudo, não conseguem ter a percepção de perigos reais, utilizando até mesmo alguns objetos perigosos sem qualquer noção de risco. Na Síndrome de Asperger os indivíduos possuem uma elevada capacidade cognitiva, de tal forma que não apresentam qualquer atraso significativo no desenvolvimento da linguagem, podendo na fase da vida adulta passar quase despercebidos à sociedade. Uma das suas dificuldades centra-se na incapacidade de utilizar socialmente as suas funções de linguagem que podem ser extremamente elaboradas. No processo de aprendizagem e desenvolvimento é fundamental diagnosticar as problemáticas e as características individuais, para assim se poderem estabelecer intervenções pedagógicas adequadas. A Síndrome de Rett enfatiza a deterioração neuro motora, predominância em mulheres, sinais e sintomas particulares, a presença de hiperamonemia, tendo sido denominada “Atrofia Cerebral Associada com uma incidência quase que total no sexo feminino.  Em suma, este assunto continua a ser pouco divulgado e acessível à comunidade interessada nesta perturbação que é bastante complexa. Uma vez que estes indivíduos terão sempre uma dificuldade de adaptação à vida ativa, não conseguindo dar resposta às necessidades da sociedade.

Os transtornos do desenvolvimento infantil são extremamente debilitantes, como se pode perceber, exigindo uma dedicação especial e quase total da família e de todos os envolvidos. O comprometimento dos indivíduos é tão complexo que fica difícil um tratamento que seja satisfatório e que funcione em todos os casos.

O conhecimento humano é limitado, desde a etiologia da doença até a intervenção, para assegurar à criança uma qualidade de vida.

 

A possibilidade da identificação desse distúrbio por meio de suas características pode amenizar a gravidade posta em evidência no relacionamento familiar e social e evitar sérias consequências, tanto no paciente quanto nas pessoas que diretamente se relacionam com o portador do autismo.

O trabalho do psicólogo e da equipe multidisciplinar, com a família, resulta em melhor qualidade de vida para a pessoa portadora da síndrome. Todos podem ajudar a construir esse caminho e, em especial, o psicólogo, que poderá atuar diretamente com os sentimentos, expectativas e desejos de uma vida menos dolorosa e mais suave.

 

 

 

REFERÊNCIAS

AMIRALIAN, M.L.T.M., Psicologia do Excepcional. vol. 8. São Paulo: E.P.U., 1978.       

AMIRALIAN, M.L.T.M. O psicólogo e a pessoa com deficiência. in. Deficiência: alternativas de intervenção.  São Paulo; Casa do Psicólogo, 1997

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual de Estatística e Diagnóstica de Transtornos Mentais (DSM IV TM) 4. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995

BEREHOFF, A. M. P. (1993) Autismo: uma história de conquistas. Em Aberto. Brasília, ano 13 (60), 11-24

ELLIS, K. Autismo. Ed. Revinter: Rio de Janeiro, 1996. 

 

GAUDERER, C. Autismo e Outros Atrasos do Desenvolvimento – Guia Prático Para Pais e Profissionais. 2ª ed. revista e ampliada. Revinter, 1997

GAUDERER, E. Christian. Década 80: Autismo. São Paulo:Sarvier, 1985.

KAPLAN, H. I. Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1997.

MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA DE DISTÚRBIOS MENTAIS (DSM-IV). 4a ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994

OLIVIER, Lou. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

Organização Mundial da Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde: CID 10. 10a. ed. São Paulo: Edusp; 1998

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

Schwartzman, JS. Neurobiologia do autismo infantil. In: Schwartzman JS, Assumpção Júnior FB. Autismo infantil. São Paulo: Memnon; 1995. p 17-78.

SCHWARTZMAN, J. S.; SOUZA, A.M.C.; FAIWICHOW, G; HERCOWITZ, L.H. Fenótipo Rett em Paciente com Cariótipo XXY. Neuro Psiquiatria. V.56 n.4. São Paulo, dezembro, 1998

SCHWARTZMAN, J. S. Autismo Infantil. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994.

 

 

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