INSTALAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA EMBAIXADA DO BASIL EM SEUL

L. C. Vinholes

24.11.2023

Nota: Embora fosse auxiliar contratado, era responsável pela seleção técnica do Serviço de Seleção de Imigrantes no Extremo Oriente da Embaixada do Brasil em Tokyo que, cumulativamente, cuidava dos interesses do Brasil na República da Coreia. Autorizado pelo encarregado de negócios a. i. do Brasil, ministro conselheiro João Baptista Pinheiro, acompanhei a Seul ao senhor Aloisio Gomide, interessado na mão de obra dos imigrantes coreanos para o Espírito Santo. Aproveitando a visita a Seul, interessei-me pelo assunto do momento, qual seja, o da abertura e construção da sede diplomática do Brasil na capital coreana. Meu memorando de 6 de abril de 1964 registra as informações que coletei.

Por ocasião da minha visita à Coreia do Sul, em janeiro[i] próximo passado, nos encontros que tive com os representantes da imprensa falada e escrita e com diversas pessoas individualmente, fui insistentemente consultado sobre se a Embaixada do Brasil naquele país seria aberta. Limitei-me a responder que tinha conhecimento de um Decreto que criava uma embaixada autônoma do Brasil na Coreia, com sede em Seul, e que a mesma seria certamente instalada em futuro o mais próximo possível.

O pessoal ligado aos problemas de emigração e mesmo alguns dos emigrantes, com  os quais sempre procurei evitar maiores contatos, como por exemplo os senhores Kyu Ho Jong e Hyun Hak Kim (este, hoje, já em Vitória, Espírito Santo), ponderaram que a instalação da Embaixada do Brasil em Seul viria a facilitar o preparo da documentação exigida que, até agora, está  a cargo de repartições consulares (do Brasil) no Japão, processo este demorado, inseguro e dispendioso, uma vez que depende de serviço postal.

Os mesmos senhores acrescentaram que os gastos com viagem e estada do representante brasileiro encarregado de visar os passaportes e com o aluguel da sala de trabalho no Hotel Walker Hill, fora do perímetro urbano, representam sobrecarga bastante pesada para os emigrantes. Exemplificaram que, recentemente, quando se candidataram 68 famílias a emigrar para a Região de Vitória, cada uma desembolsou W7.500,00,[ii] ou sejam, aproximadamente, US$60,00, num total de cerca de US$4.000,00 (quatro mil dólares).

Tendo conhecido o arquiteto Chung Up Kim, autor de inúmeros projetos, incluindo o da Embaixada da França, procurei fazer um levantamento que pudesse vir a servir de base para um possível plano de construção da Embaixada do Brasil em Seul;

Na região conhecida por Nan-San, bastante próxima do centro comercial e bancário de Seul, de onde se descortina uma magnífica vista panorâmica da capital, o metro quadrado pode ser adquirido por, aproximadamente, US$5,00. Grande parte da área de Nan-San é de propriedade do Governo coreano, razão pela qual ali se erguem alguns dos prédios pertencentes ao Ministério da Informação (Rádio e TV KBS), a Escola de Arte Dramática, a sede da Orquestra Sinfônica de Seul, e o Auditório e a Concha Acústica para concertos ao ar livre. Nessa zona será construída a nova Embaixada da Itália.

Visita de L. C. Vinholes à parte externa

da Embaixada da França em Seul

Para a Embaixada da França, um dos prédios mais sólidos e modernas, construção de primeira classe com ar condicionado durante todo o ano e com instalações elétricas e telefônicas subterrâneas, o orçamento, em 1961, foi de, aproximadamente, US$197.000,00 dólares, assim discriminados: US$180.000,00 para a construção propriamente dita, US$10.000,00 para ajardinamento e US$7.000,00 para calçadas, pisos e caminhos externos. Levando em consideração os dados acima, o arquiteto Kim adiantou que, em média, o preço de construção do metro cúbico é de US$20,00 e o do metro quadrado é de US$15.00. Nesse preço, como esclarece, estão incluídas as parcelas de construção, material, transporte, mão-de-obra, lucro etc.

O senhor Chung Up Kim no primeiro semestre do corrente ano, visitará o México e a Colômbia, ocasião em que pretende ir a Brasília, onde deseja entrar em contato com o arquiteto Lúcio Costa que conheceu em Paris, no ateliê do arquiteto Le Corbusier.

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 02/12/2023

Como sempre, artigos interessantíssimos!!! Fotografia muito bonita do professor Vinholes em visita à Embaixada da França em Seul. Não tinha conhecimento da arquitetura na Coréia. Fui pesquisar e encontrei o artigo: "Concrete Seul, um mapa que explora a arquitetura brutalista da Coréia do Sul" (escrito por Eric Baldwin / tradução de Romullo Baratto / Lançamento de Blue Crow Media).