Ai de mim! Que em tua rede caí!
Como no laço de um passarinheiro
Vê-se aprisionado um bem-te-vi,
Cujo destino é o cativeiro.
Debato-me, tento me libertar
Enquanto o sol beija o horizonte
E a lua plena começa a apontar
Detrás de um alto e verde monte.
Quanto mais luto, maior é meu enfado,
E a noite tomba ao meu redor, atroz,
Se grito, a minha voz se esvai em vão...
Até que tudo em mim é consumado,
O sonho, o riso, a vida, o tom, a voz
E vencido adormeço na cela da ilusão.
Cláudia Azevedo
Janeiro de 2003
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