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Humor-->Sabedoria Infantil -- 09/04/2000 - 12:51 (Fernando Antônio Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um novo humanismo está emergindo com uma força acima de qualquer estimativa. Um imenso não se agiganta para dar um fim às vulgaridades que envergonham a convivialidade humana, tida e havida como de seres dotados de inteligência e bom gosto, saber e discernimento, lhaneza e consciência crítica. Exemplo muito significativo aconteceu dias atrás, num lar classe média. Ei-lo:
Ao ver o pai chegar do trabalho, o filho de seis anos indaga com voz tímida e olhos de admiração:
- Papai, quanto o senhor ganha por hora?
O pai, numa atitude machisticamente indiferente, responde:
- Meu filho, isso nem a sua mãe sabe. Não me amole, estou morto de cansado agora.
O pixote volta a insistir:
- Pai, por favor, eu preciso saber quanto o senhor ganha por hora.
A reação do pai, diante da ternura infante, foi bem menos dinossáurica:
- Está legal, filho. Ganho R$ 10,00 por hora. Por que?
- Então, papai, o senhor me empresta R$ 5,00?
O pai, já sem paciência e, como de costume, chateado com as agruras do dia-a-dia, respondeu:
- Vá dormir. Parece até a sua mãe, que vive me pedindo dinheiro. Me deixe em paz, filho, pois tive um dia pra ninguém botar defeito.
Mais tarde, depois do jantar, do jornal e da novela da mãe, quando se preparava para dormir, lembrou-se da pergunta inocente do filho e viu que havia sido severo com a curiosidade do moleque. Sentindo a consciência pesar, foi até o quarto do filho.
- Filho, você já está dormindo?
- Não, pai. Ainda estou acordado, respondeu o pirralho. O que foi?
- Olha aqui os R$ 5,00 que você me pediu emprestado.
- Legal, pai! - disse o filho levantando-se rapidamente e se enfiando debaixo da cama de onde saiu com uma caixinha nas mãos.
O pai, admirado com a movimentação do garoto, indagou sobre o conteúdo daquela caixinha.
- Aqui dentro, pai, tem mais R$ 5,00, pai. Que somados aos R$ 5,00 que o senhor me emprestou, completam R$ 10,00.
- E daí, filho? O que você está pensando fazer com R$ 10,00?
- Com os R$ 10,00, pai, eu já poderei pedir que o senhor me venda uma hora do seu tempo, para ficar brincando comigo.
O pai, um técnico especializado num monte de coisas, dono de uma pequena, porém razoável conta bancária, proprietário de um celular que o tornava “muito sério e compenetrado”, percebeu-se um homem incompleto, sem uma convivialidade que jamais deixará de ser a pilastra primeira de um sempre necessário humanismo. Que possibilitará costurar coalizões sem hipocrisias, sem ilusões financeiras nem fálicas, sem os tchans que apenas tornam ainda mais ridículas as mulheres que raciocinam por trás, desatentas também da advertência feita por Theodore Zeldin, autor do muito recomendável Uma História Íntima da Humanidade: “Quando as religiões se tornam por demais convencionais e superficiais, sempre ocorrem as escapadas para os misticismos e o fundamentalismo, distanciados da realidade.”
Converter-se em Ser Humano, eis o novo caminho escolhido por aquele profissional que se imaginava até então “o rei da cocada preta”, desconhecendo sua incompletude essencialmente revivificadora. Ele, que nunca tinha atentado antes para o fato de ser o mundo apenas uma partícula infinitamente pequena, principiava a enxergar além dos seus diplomas e certificados, percebendo-se agora um dos filhos prediletos da Criação. E tornava-se humanisticamente antenado diante da recomendação d’Ele, lida numa até agora desprezada página religiosa de jornal: “se tiveres fé, fareis coisas melhor do que Eu”.
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