Esse tua escultura
Relembra a amargura
Que o negro essa criatura
Passou em seu cativeiro;
Os sinais das chibatadas,
E nessa face amargurada
Que pelo sol foi queimada,
Vê-se a força do dinheiro.
Que triste lembrança
Trazemos como herança
Dos dias sem esperança
Até chegar a alforria;
Neste tronco ensangüentado
Está um corpo acorrentado
Que os elos enferrujados
Relembra uma agonia.
A cabeça ao alto erguida
Implorando uma guarida
Uma mudança de vida
Quem sabe algo mais;
O eco dos gritos não cala
Aos poucos se perde a fala
Que até os da senzala
Roga aos ancestrais.
Liberdade! Liberdade!
Piedade! Piedade!
Porque tanta maldade
Nos açoites do Feitor;
A resposta vem do céu
Que Deus o Áureo
Envia a Princesa Izabel
Revestida de amor.
[...]
Mas...! Nos nossos dias atuais
Nos mostram vários jornais
Que nas grandes capitais
Somos escravos da violência:
Os bandidos pistoleiros
Nos levam ao cativeiro
E se não tivermos dinheiro
Nos matam sem ter clemência.
Políbio Filho, esta tua escultura é magnífica, cegos são os que não querem enxergar e te valorizar. Parabéns.