O Poeta e Seu Cachorro
Renato Ferraz
O Poeta costumava ler
em voz alta, o que escrevia.
Tinha como fiel ouvinte seu cachorro.
Às vezes, mais empolgado
se dirigia diretamente ao companheiro.
Fazia-lhe perguntas, divagava, recitava etc.
Começou a desconfiar
de que o cão lhe respondia.
Certa vez, ao provocar-lhe, confirmou,
o cão realmente dialogava com ele.
---Ó indecifrável coração, já não lhe basta
essa sua natureza de difícil compreensão?
Olhou para o cão e de novo perguntou?
---Qual a razão para esse descompasso,
se é o mesmo sangue que nos faz estar vivos?
O cachorrinho olhou-o nos olhos e balbuciou,
Como se desse a resposta:
---Pois é, que coisa estranha, coração,
faça como eu, obedeça ao seu dono.
O poeta e o companheiro
passaram a interagir com mais frequência.
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