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Cartas-->Carta-Soneto -- 07/02/2003 - 14:21 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À Cátia Mathias
Que, gentilmente, pediu-me que publicasse o soneto inteiro de Drummond...


CARTA

Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias...
Eu mesmo envelheci. Olha em relevo
Estes sinais em mim; não das carícias

(Tão leves) que fazias no meu rosto.
São marcas, são espinhos, são lembranças
Da vida a teu menino que, ao sol-posto,
Perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes, não é tanto
À hora de dormir, quando dizias:
"Deus te abençoe"! E a noite abria em sonho...

É quando, ao despertar, revejo a um canto
A noite acumulada de meus dias
E sinto que estou vivo e que não sonho...

(Carlos Drummond de Andrade)

* Peço desculpas, se a pontuação do soneto não estiver de acordo com o original.
Tive que digitá-lo de memória, pois não localizei a obra em que se encontra.



Um beijo, Catita!

Milene Arder
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