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Contos-->Escrever na Usina ?... O que é isso ?... É erótico ?!... -- 08/07/2003 - 17:30 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À memória do mais ínclito dos portugueses...


Quando nasci, em 4 de Junho de 1939, Salazar governava em pleno os portugueses desde Julho de 1932. Por consequência, cresci e fui educado integralmente - pois e com honrado gosto agora reconhecido - sob a égide política e religiosa do proclamado Estado Novo. Fui lusito, chefe de quina e comandante de castelo na Mocidade Portuguesa. Fui cadete e oficial miliciano do Exército Português. Fui trabalhador na ex-província ultramarina de Moçambique e, após o 25 de Abril de 1974, tornei-me, sem outro ou melhor recurso à época, emigrante operário em França.

Com origem na incontida e inquietante atmosfera política que então se gerava, a pouco e pouco, perdidos todos os haveres e influências, por aí acabei também por perder inapelavelmente a família que preciosamente tinha constituído. Entre o vendaval dos acontecimentos, o meu próprio vendaval operou-se e passei a ser tão só um cidadão ignorado e sem estatuto social credibilizado. Hoje sou apenas um "poeta", dizem... E dizem-no, na maioria dos casos, com aquela massacrante ironia que é apanágio tácito dos espertalhões a fingir que sabem tudo.

Por último e actualmente, de olhos vendados e sentimentos omissos nos cornos da distância, há também e até quem diga que não tenho "o" que fazer, e quem o diz, na óbvia vertente a que se refere, faz exactamente o mesmo que eu faço. - Enfim, ó mundo, não tenhas pena de mim. A ele, ao mais nobre e honesto dos portugueses em todos os tempos, fizeram-lhe e manifestam-lhe muito pior vexação: ainda neste momento crucial intentam assassinar-lhe a memória e no entanto... Seu esplendor em espírito concreto nunca deixou de proteger Portugal, a Pátria e os portugueses, excelsos e inequívocos motivos primordiais na acção de António de Oliveira Salazar durante toda a sua vida.

De nada me queixo ou alguma coisa reclamo para mim. Pretendo apenas fazer testemunho sobre a vida e memória de um homem que o regime político em vigência ostensivamente ignora, embora se sinta que mesmo assim respeita e reconhece o seu intrínseco e inolvidável valor, ou não fosse Salazar um dos maiores e lídimos vultos da história portuguesa em face do mundo.

E... "Contra as brumas da memória"...

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR

Oh alma... Aquieta-te e renasce!...

Magistral e lídimo de mais... Foi ser em vez de não ser! Que pena Diógenes não estar vivo... Teria encontrado um Homem honesto!...

Nasceu no Vimieiro a 28 de Abril de 1889, numa localidade próxima de Santa Comba Dão, na Beira Alta. Filho de cautos e modestos agricultores, António de Oliveira e Maria do Resgate Salazar, tomou contacto com as primeiras letras na sua terra natal. Daí, recomendado pelo pároco local, foi enviado para o seminário de Viseu a fim de seguir a carreira eclesiástica. Como não sentisse vocação para a vida e coisas de Deus e do Diabo, desistiu dos sacros estudos após alguns anos de os haver iniciado, logrando um emprego de professor num colégio religioso. Com o que ganhava no ensino privado pagava os estudos no curso de Direito que encetou na Universidade de Coimbra entre 1910 e 1914, licenciando-se com as mais altas notas da academia. Foi doutorado apresentando tese sobre a complexidade dos problemas que envolviam a comercialização do ouro.

Durante a sua estada em Coimbra, convivendo com o seu antigo companheiro de seminário, Manuel Gonçalves Cerejeira, o qual viria a ser cardeal patriarca de Lisboa, dirigiu o jornal diário "Imparcial", assim como colaborou no também diário "Liberdade", do Porto, desenvolvendo temas sociais e económicos. Trabalhou ao lado de Cerejeira com extraordinária eficiência no Centro Académico da Democracia Cristã, organização católica estudantil da qual foi um dos mais importantes e destacados dirigentes, defendendo a família como célula principal da sociedade numa bem projectada campanha que efectuou com vista à reeducação moral dos cidadãos em geral.

De extrema e rigorosa austeridade pessoal, desde sempre viveu distante dos folguedos mundanos, vinculado à Universidade de Coimbra, de cuja Faculdade de Direito foi professor ajudante em 1917 e catedrático no ano seguinte, contribuindo decisivamente para a reforma do ensino, renovação e aperfeiçoamento do professorado. Envolveu-se e confrontou-se com uma campanha que tinha em vista eliminar o claustro da Faculdade, polémica que lhe acarretou a suspensão de suas funções docentes, mas que haveria de terminar por repô-lo na cátedra e lhe foi até totalmente favorável em termos de futuro.

A declaração que no momento concebeu e prestou foi publicada com o título " A minha resposta", texto continha a seguinte alegação: "Estou convencido de que o problema nacional, tal como em França, como em Itália, como em Espanha, é um problema de educação, o que, quanto a nós e na base de todas as questões, nos alerta para a deficiente formação em que nos encontramos. Portanto, de pouco valerá mudar regimes e governos se não tratarmos em primeiro lugar de mudar as pessoas. Se necessitamos delas é pois necessário educá-las."

Salazar, dois anos depois, em 1921, era eleito deputado católico, mas decepcionado com o panorama parlamentar, retornou à sua cátedra. Num congresso católico em Abril de 1922 expôs suas ideias sobre a questão social e, num outro, das Associações de Comércio e Indústria de Portugal, em Dezembro de 1923, apresentou um magistral trabalho sobre redução de gastos públicos, o que impressionou favoravelmente o mundo financeiro.

Em Julho de 1924, no Congresso Eucarístico Nacional, pronuncia um discurso de inequívoco relevo sociológico e cristão: "Formam legião - disse - as massas trabalhadoras cuja alma se revolve com fome e sede de justiça... E essa legião, que o Evangelho proclamou bem aventurada, passa junto à Igreja e ignora-a, avançando contra ela, combatendo-a, como se a destruição da fonte de virtude no mundo fosse o caminho seguro para conquistar a justiça e a paz".

Um ano depois, em 1925, Salazar conferencia no Funchal sobre temas candentes: laicismo, liberdade, bolchevismo e a sociedade.

Gen. António Óscar Fragoso Carmona

Surge então o 28 de Maio de 1926. Um triunvirato encimado pelo general Gomes da Costa, comandante Mendes Cabeçadas e general Carmona, ergue-se em armas contra o governo e implanta o início de um novo regime político. Sucessivamente, Gomes marginaliza Cabeçadas e Carmona, por sua vez, derruba Gomes, enquanto Salazar, nomeado misnistro da Fazenda em 30 de Maio, decide regressar mais uma vez, em Julho, ao professorado por não ter sido aceite o seu programa financeiro, o qual obrigava a uma drástica disciplina na Administração, necessária para fazer face à agonizante situação económica que então se colocava ao país.

Com o agravamento da crise, Carmona enviou um delegado português às Nações Unidas, o general Ivens Ferraz, com o objectivo de solicitar um empréstimo, cujas condições aventadas foram recusadas em Lisboa por se considerar humilhante uma cláusula que impunha fiscalização internacional sobre as finanças portuguesas. Em situação deveras difícil e com Portugal carente de crédito exterior, Carmona nomeia Salazar ministro das Finanças em 27 de Abril de 1928, o qual aceita, dada a concessão de âmplos e especiais poderes, enunciando então, num discurso titulado de "Condições da reforma financeira", a aplicação da faculdade de fixar e limitar a cada ministério o orçamento máximo para execução de funções.

Pouco depois Salazar justificava a sua política financeira numa exposição ao Conselho de Ministros, ao qual explicou: "Na concentração de esforços, sacrifícios e dinheiro que tive a necessidade de dispôr em nome da salvação comum, é evidente que foram sacrificados interesses particulares, inclusive legítimos, pois a Pátria é só uma e o bem comum prevalece sobre quaiquer outros. Convém por isso assinalar que a restrição dos gastos locais é um facto desejado pelo Governo, com plena consciência, como meio eficaz de proteger o contribuinte neste período difícil de adaptação a uma nova ordem de coisas e assim salvar por acréscimo as finanças do Estado".

Em poucos meses a situação do Tesouro adquiriu uma situação saudável, extinguindo-se progressivamente a divída flutuante, estabilizando-se a moeda e aumentando as reservas de ouro do Banco de Portugal. As importações e exportações de imediato demonstraram tendência para o equilíbrio, o que eliminou a constância do défice. Quando se encerrou o ecercício, pela primeira vez em muitos anos de história, Portugal apresentou um saldo positivo.

Imparável, acumulando com a liderança nas Finanças, Salazar em 1930 toma a seu cargo directo o ministério das Colónias e faz promulgar a Carta Colonial a 8 de Julho. Poucos dias depois, na sala do Conselho de Estado e na presença do chefe do Governo, então o general Domingos de Oliveira, expôs seu programa e directrizes, o que começou a desenvolver e a fazer cumprir de imediato.

A 5 de Julho de 1932 o general Carmona, finalmente, nomeou Salazar primeiro-ministro, cargo que assumiu com uma continuidade sem precedentes na história política do mundo hodierno: só cessou o seu efectivo desempenho em 23 de Setembro de 1968. Tinha então 79 anos de idade, debilitado e acometido por doença grave, os seus imediatos nunca lhe deram a conhecer a sua verdadeira situação.

Logo que designado primeiro-ministro, Salazar encarregou um grupo de juristas da redacção de um projecto constitucional, o qual foi submetido a referendo e aprovado a 19 de Março de 1933. Logo no mês seguinte foi promulgada a nova Constituíção e a partir daí passou-se à organização do designado Estado Novo Corporativo. Walter Theimer qualificou-o de "república autoritária e corporativa de tipo facista". Cinco meses após a vigência da Constituíção, Salazar publica o Estatuto do Trabalho Nacional.

m 1936 assume interinamente o ministério da Guerra, modifica o sistema de recrutamento, reorganiza as forças armadas e equipa-as com material moderno. Com vista a disciplinar saudavelmente a juventude, cria a Mocidade Portuguesa, cujo essencial objectivo, segundo o decreto-lei fundador, "é estimular o desenvolvimento integral da capacidade física e formar o carácter dos jovens pela devoção à Pátria". Prosseguindo no reforço da estrutura poilítica do país, Salazar cria também a Legião Portuguesa como "única organização pratriótica de voluntários e complemento evolutivo da Mocidade Portuguesa", cujo decreto especificava: " A Legião integra-se no conceito de nação armada e portanto dever-se-à dar-lhe uma organização que imponha colectiva e individualmente rigorosa disciplina, estimulando-se-lhe as demais virtudes militares". A obra de Salazar, no que ao aspecto religioso concerniu, patenteou-se nas cordiais e respeitosas relações entre o Estado Novo e a Igreja Católica, situação de facto estabelecida pela Concordata firmada com a Santa Sé de Roma a 7 de Maio de 1940.

Ao eclodir da guerra civil em Espanha, Salazar exprimiu de imediato a sua simpatia e ajuda ao Movimento Nacional, reconhecendo de pronto o Governo de Franco, o que permitiu firmar entre ambos um pacto de amizade e não agressão. Daí a constituíção do Bloco Ibérico, destinado a criar uma zona de paz na Península. Durante a II Guerra Mundial, Salazar conseguiu engenhosamente manter Portugal dentro de uma neutralidade colaboradora - considerada inadmissível por muitos internacionalistas - e reforçou a tradicional amizade luso-britãnica, disponibilizando as ilhas dos Açores às forças aliadas, que as utilizaram como bases aérea e naval, o que permitiu assumir uma importante e decisiva função contra os submarinos alemães no Atântico Norte. E... Pasme-se... Propala-se que Salazar era facista... Pois!...

Em 18 de Abril de 1951, ocorrido o falecimento do presidente Carmona, Salazar assumiu-lhe provisoriamente as funções até à eleição do general Craveiro Lopes em 19 de Agosto seguinte.

A 18 de de Dezembro de 1961, de rompante, produziu-se o ataque das tropas indianas às possessões portuguesas de Goa, Damão e Diu, que a Índia anexou. Lamentou-se então Salazar pelo incumprimento das normas estabelecidas pela aliança anglo-portuguesa. O político inglês Sandys declarou que o governo português havia sido informado em 1954 de que o Reino Unido não tomaria partido por nenhum dos países aderentes ao Commonwealth que entrassem em conflito militar. Sobre a ocupação de Goa, Damão e Diu, Salazar anunciou então que era "um dos maiores desastres da história portuguesa e um golpe muito profundo na vida moral da nação". Dias depois, em 3 de Janeiro de 1962, perante a Assembleia Nacional reunida, declarou que "era necessário reconhecer à Espanha, em primeiro lugar, por si mesma e junto dos países sul-americanos, seus amigos, o merecimento da gratidão portuguesa. Eles viveram connosco o drama de Goa, que tanto deve ao génio de Albuquerque como à evangelização de São Francisco Xavier".

"Portugal não é um país pequeno". Com este slogan salazarista se manifestava que as terras ultramarinas ocupavam tanto espaço como a Europa. A Salazar se ficou a dever pois a transformação das antigas colónias em províncias portuguesas, administrativamente autónomas, "sem distinção de raça, religião e cultura". Entretanto, inspirados pela Conferência de Países Africanos de Addis Abeba, os ataques às províncias portuguesas no ultramar foram-se incrementando. Por outra via, a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 21 de Dezembro de 1965, aprovou uma resolução que recomendava determinadas medidas contra o governo de Salazar por este não conceder a independência àqueles territórios africanos. No decurso do mês de Setembro de 1968,

Sucede então o imprevisto: Salazar foi acometido de uma grave hemorrogia cerebral que o colocou em grave e definitivo risco de vida, permanecendo hospitalizado cinco meses sem recuperar o conhecimento. Transferido para a sua residência particular de Lisboa, em 5 de Fevereiro seguinte, continuou parcialmente paralizado até ao seu passamento em 27 de Julho de 1970.

Entretanto, a doença do primeiro-ministro português determinou que o presidente da República, almirante Américo Tomás, designasse para a presidência do Conselho de Ministros o professor Marcelo Caetano, cuja cerimónia de posse, com novo governo designado, teve lugar em 27 de Setembro de 1968.

Raymond Cartier, em "As dezanove Europas" (Madrid 1962) refere: "A administração de Salazar foi um todo de génio magistral".

Em Santa Comba Dão... Singela casa materna a seu total e íntimo gosto... Resta a memória em desgosto do mais ínclito Homem da nação portuguesa em todos os tempos.

"Contra os canhões... Marchar... Marchar!..."

Torre da Guia





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