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Cronicas-->Descobrindo -- 28/01/2003 - 10:00 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
* Quando criança descobri que tinha um pai,uma amante de pai, uma mãe, três irmaõzinhos, um avó separado e uma avó rendeira, uma penca de tios e tios e outra macenetada de primos.

* Parecia tudo do mesmo tamanho.Mas não era, quando o pai batia ele era maior e condoído. E todos se amuavam, desde os avós até os primos. Eu realmente merecia, apesar de não saber o que tinha feito.

* Descobri que no colégio havia sempre um sujeito maior e mais forte do que todos os outros e que batia prá valer. Já tinha ameaçado até bater num professor.

* Descobri que sentar na última fileira tinha lá suas vantagens porque a gente podia gazetear enquanto a aula corria,podia colar mais fácil e discutir coisas importantes durante as aulas sem importància.

* De todos meus amigos fui descobrir, agora, que quase todos já morreram. Um foi ser padre, morreu. Outro médico, também. Um chamado de Antarticta - de tanto tomar cerveja - entre uma aula e outra, este está vivo. Um motoqueiro que só andava com um surrado capotão de couro e que não falava com minguém, primeiro por ser mais velho, segundo porque seguia a escola de James Dean:teve morte trágica. Um caminhão passou em cima dele. Não chegou a ser festa no colégio, mas o diretor decretou feriado aquele dia do sepultamento.Alegria geral.

* Com a vida a gente ia aprendendo que crescer de boca fechada era a melhor coisa. Ver, ouvir e calar.

* Foi nessa época que descobri que onde se trabalha é que surgem os maiores rompantes amororos. Pois o professor de matemática namorava com a de latim, a de português com a de geografia. Cada matéria um amor diferente.Cada currículo uma doce dose de infidelidade. E todos eram casados e com filhos. Mas o amor falava mais forte.A gente sabia de tudo e ficava quieto. Eles pensavam que a gente não sabia. Mas, pouco a pouco, fomos descobrindo.

* E fui crescedo e descobrindo: que todo homem e toda mulher se apaixona e depois se arrepende, que a maioria tem filhos, que quase ninguém segue a profissão que sonhava: é sempre desviado pela vida para outro trabalho. Teve até um às em matemática que herdou a oficina do pai e hoje está riquíssimo: tem até três mulheres.

* Quando mais a gente cresce a gente vai descobrindo. E cada coisa. Quem a gente pensava que não era, era. E havia quem era e não disfarçava nem um pouco. A própria vida vai descobrindo prá você.

* Que, na família da gente, sempre tem um caso de infidelidade, de amores recusados, de antipatia particular, um que só anda com dívidas,um não fala com o outro, e que só se uniam em épocas especiais como de casamento, aniversário ou enterro.

* A gente descobre que nossos pais e mães vão morrendo sem a gente poder fazer nada. A gente lembra dos avós que protegiam a gente e das brigas com os primos pois sempre um era mais querido do que o outro.

* E o tempo passava e a gente ia descobrindo a roda da vida. A barra pesada, a parente alcóolatra, o primo viciado, outro gay, outra lésbica, outro meio-ladrão ou tranbiqueiro. Não é tudo tão perfeito não, quando a gente descobre as coisas, ou as novas coisas vão caindo no seu colo sem você perceber, até descobrir.

* Você descobre que tem que casar e ter filhos senão o povo começa a falar, descobre que você quer ser escultor ou músico, mas vai parar atráz de um balcão de algum banco.

* Descobrir na vida requer muita força de vontade e dedicação e ter estómago forte pra aguentar tanta bobagem que dos outros brotam.

* E descobrir, às vezes, é sinal de não confiar. Você confiaria num político ou num governo?

* E cada vez que o tempo passa, e você vai ficando mais velho, vai descobrindo mais. Nunca pára de descobrir.

* E, pelo menos, estou assim, descobrindo e descobrindo. Às vezes a descoberta vem repetida mas com roupa diferente.

* E descobri que a verdadeira felicidade é não descobrir. Dou de exemplo um matuto que cuida de nosso sítio. Ele não sabe uma vírgula de nada. Nunca estudou, não sabe ler nem escrever. Tem sabe sua idade, nunca ficou doente, nunca foi ao médico.

* E, no entanto, descobri, este era o homem mais feliz do mundo. Só sabia fazer filhos. Tinha uns oito deles. Descobri, entre tantas coisas que era um homem feliz,pois desconhecia tudo que a gente sabe, estudou, até anos à fio.

* Descobri que era uma homem alegre que vivia rindo e sempre feliz. Acho que a vida não descobriu nada pra ele! Caso raro de não-descoberta!



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