LEONORA
Ouvindo de Choppin a música amena
Quedei-me a recordar a infância passada,
Pensando em Leonora, a moça morena,
Que minha meninice ainda guarda.
Era linda. Voz maviosa, esguia,
Foi ela a minha primeira paixão
Pois ficava pálido sempre que a via,
Sentindo bater mais forte o coração.
Ela desejava ser uma artista,
Cantar, dançar, enfim, ser diferente
Das outras tantas garotas bonitas,
Que estudavam na classe com a gente.
Um dia, ela fugiu de casa!
Anos depois, viram-na cantar num cabaré,
Parecendo mais velha, gestos cansados.
Em vão a procurei. Que sorte lhe trouxe a maré
Do destino, a quem estamos acorrentados?
Não sei. Mas Leonora, onde quer que estejas,
Se teu desencanto teima em persistir,
Que o teu pranto suavizado seja,
E saibas que toda noite, rezo por ti!
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