Um sonho mais terreno do que alado
Queria mais concreto que poesia.
Por fora, um girassol ensolarado
Por dentro, uma triste melodia.
Havia um coração desconcertado
Imerso como estava, em água fria,
Se pôs a olhar o céu, desconfiado,
Tentando aprisionar as três-marias.
E a lua abriu as portas, de repente
Num rosto distraído e descontente
À fé que segue em frente e não se abala.
Sua primeira estrela-cadente
Piscou abençoando eternamente
O amor que silencia, mas não cala.
Rogério Penna
jan. 2003 |