Amores na vida da gente,
acontecem, vem, vão...
Alguns chegam de repente,
tomam conta da gente,
enchem o coração,
desnorteiam a mente,
raras vezes ficam pra sempre,
somem da vida da gente,
sem nunca sair da memória,
chegam, reviram, vão embora
mas enchem a alma e os olhos,
de sentimentos e cores,
que fazem valer a vida,
fazem valer todas as dores...
às vezes até curam feridas.
Há amores como os ventos,
passam fazendo barulho,
antes mesmo que vejamos,
levam consigo, de embrulho,
nossos corpos, sentimentos,
às vezes deixam lamentos,
choros, dores, murmúrios.
Mas como vieram, se vão,
rápidos, violentos, fatais,
feito chuvas de verão...
e não voltam nunca mais.
Há amores extremos,
que trazem humores intensos,
te dão teto, tiram o chão,
entram de manso,
vagarosos, lentos
assim, como alguns venenos,
sem antídoto, mas dão alento,
ao vazio do coração.
Trazem consigo amizade,
carinho, cumplicidade,
e quase sempre, é verdade,
também uma grande emoção.
Emoção de ver sem olhar,
de se saber sem ouvir
o que está o outro a pedir,
de fazer amor só em mirar.
de tremer só de tocar...
Outros amores, no entanto,
são feitos de bem querer,
sinceros, serenos, amigos,
querem ver sorridente,
o nosso objeto do amor,
apenas pelo prazer
de vê-lo mais contente.
São amores profundos,
com raízes que não cessam de crescer,
são amores que traduzem
a razão do próprio amar,
que reside, na verdade,
em sua capacidade
tão grande de se doar.
Outros amores há,
que nem sei se vale lembrar,
são amores poeirentos,
amargos e bolorentos,
muito chatos, ciumentos,
que acabam, no fim, lá dentro,
com a vontade de amar.
São amores que não amam,
amores que chamo de espelho,
porque só a si se enxergam,
no outro só descarregam
seu desamor, seu desamar.
Rezo, peço a Deus, faço promessa,
que não me venham tais melenas,
porque um amor com algemas,
não é amor, é problema.
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