Entre as árvores da floresta,
bem no meio da clareira,
sentada sobre um banco de nada
uma velha fiandeira
tecia uma enorme teia.
Nas mãos, fios enormes de prata
brilhavam sob o enorme luar.
Ao seu lado, parada a olhar
a moça de cabelos de ouro
observava suas mãos que teciam
com a habilidade de milênios
trabalhavam, vinham e iam.
Com a calma dos velhos sábios
laçava, dava nós, entrelaçava.
Puxava os fios do nada,
do céu pareciam sair,
como se algo de mágico
dos deuses os fizesse surgir.
Os cabelos dourados seguiam seus movimentos,
tentando entender ou antever
o que faria aquele misterioso ser
com o produto de seu tecer.
Sem mais poder se conter
a moça ensaiou a questão
sem segurar a curiosidade
perguntou depressa a razão
e o que tecia ela de verdade.
A anciã, sem parar o trabalho,
sem nem mesmo olhar
quem estava a lhe perguntar
respondeu, como se a visse sem olhar:
Menina, feche seus olhos ao mundo,
abra seus olhos à Grande Mãe
que deste mundo é quem sabe tudo,
sabe tua vida, teu ser, teu caminhar,
Ela sabe o que pensas, onde vais,
só ela e você é quem sabem por onde deves passar
Não questiones tanto na vida,
Não olhes por onde pisas,
tu não pisas caminho nenhum
teu caminho é de luar ,
caminho de Sacerdotisa.
Por isto, não é preciso que me perguntes mais nada
agora sabes, compreendes,
que minha teia é tua estrada.
Estrada feita de luz, de lua feita de prata,
estrada de quem se pensa, olha pra dentro, mais nada.
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