Bonecas de plástico desfilam
movimentos calculados,
sorrisos pré-fabricados,
olhares encomendados...
Pequenas marionetes,
cujas bocas se abrem,
e, com palavras afáveis,
falam discurso alheios.
Cabelos impecáveis,
silicone nos seios,
corpos perfeitos,
notáveis.
Mulheres de verdade,
feitas de carne e osso,
moldadas pela realidade,
pela vida, pela sorte,
pela alegria ou desgosto,
mas feitas de amizade,
de amor, carinho, saudade
cujos corpos imperfeitos
andam por caminhos imprevistos,
movem-se ao longo da estrada,
sem silicone ou cílios postiços,
mas com uma alma encharcada,
de amor, de vida, de risos....
São pessoas de verdade,
imperfeitas, porque reais
nem tão femininas, como dita o mercado
sem os acessórios banais
que tirando, sobra nada.
Imperfeitas, sim, é verdade,
mas alma é carregada
de sentimentos, de vontade
de ser gente, companheira,
amiga, mãe, amante, enfermeira
de estar ao lado e não na frente,
de olhar para o outro nos olhos,
chorar quando preciso,
carregar olhos vermelhos
sem que tenha por destino,
o caminho definitivo
de ser escrava do espelho.
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