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Artigos-->Por uma administração alternativa -- 09/11/2000 - 16:53 (Hamilton Cardoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EMPRESA COMO ORGANIZAÇÃO



A empresa como organização, tem a função de produzir bens e serviços para atender as necessidades da sociedade, se ela não exerce essa função, pelo menos deveria. Inicialmente, ela ela foi criada para esse propósito; ao longo da história ela se desviou de seu propósitos originais.



Muitas empresas são administradas por objetivo, isto é, são administradas para atingirem as metas de produção, pouco importando se o seu produto ou serviço é útil ou não para a sociedade. Na visão empresarial, o que importa é lucro. No entanto, a empresa deveria ser voltada por função. De forma abrangente, função é algo que envolve o uso que se dá ao produto ou serviço produzido por uma empresa.



A empresa é necessária, pois é nela que se consegue uma produção racional de bens e serviços. Essa produção racional é conseguida através da divisão do trabalho, que passa a exigir uma estrutura orgânica chamada organização.



A organização existe para racionalizar a produção de bens e de serviços e, espera-se que esta seja administrada de forma racional. Aqui entendemos por racional o modo de produção mais eficiente de trabalho ou de organização possível



O estudo do comportamento, vem demonstrando que o homem não é um ser racional. O que dificulta o comportamento racional do homem é a sua inteligência — pode ser paradoxal, más o homem deixa de agir de forma racional quando utiliza sua inteligência para tirar vantagem pessoal, não de forma coletiva —, e é exatamente por esse motivo que organizações empresariais, que são dirigidas por seres humanos, não são organizações racionais.



ETAPAS EVOLUTIVAS



A evolução de uma empresa pode ser dividida em cinco etapas distintas, e em cada etapa há uma fase de crescimento e uma fase de crise — que caracteriza a passagem de uma etapa para outra.



Etapa I – Corresponde a uma empresa jovem e pequena, e que seu crescimento ocorre pelo individualismo de seu proprietário. Na passagem para a próxima etapa, a empresa é acometida pela crise de execução, isto é, o proprietário empresário não mais consegue atender as exigências da empresa.



Etapa II – Esta etapa se caracteriza por ter a empresa muitos subordinados e a centralização das decisões nas mãos do proprietário. A empresa entra na crise de informação. A origem dessa crise é devido a identidade do proprietário se confundir com a identidade da própria empresa. Em resumo, a empresa não tem vida autônoma.



As decisões são tomadas em função do conhecimento pessoal do proprietário da empresa. Quando a empresa é pequena isso não apresenta nenhum problema, no entanto quando a empresa vai crescendo, o proprietário vai perdendo os contatos diretos com fornecedores, clientes, empregados, gerentes de bancos e com os concorrentes.



O proprietário toma suas decisões em base em informações recebidas de seus subordinados, e sabemos que a geração de informação podem ser imperfeitas.Dessa forma o empresário pode estar tomando decisões com base em informação não confiáveis.



A receita para superar a crise de informação o empresário necessita descentralizar o processo decisório de sua empresa. A melhor forma de implantar a descentralização é atribuir aos grupos de trabalho o poder de decidir. Essa forma de descentralização é mais segura do que a de delegação de poder a poucas pessoas, pois as chances de acerto é bem maior.



Etapa III – Nessa etapa a empresa já está com seu processo decisório descentralizado, em outras palavras, a empresa está organizada de forma departamentalizada — onde cada parte, ou seja, cada departamento passa a ter mais autonomia.



Uma empresa departamentalizada, torna-se mais independente em temos gerenciais, visto que as decisão não mais dependem de um único núcleo de poder — o proprietário. Neste ponto, o proprietário torna-se um empreendedor.



Neste estágio, o empresário ocupa seu tempo, em grande, com reuniões com chefes de departamentos. E então surge a crise de controle.



Etapa IV – Para evitar as disputas e os desgastes na constante disputa entre os diversos departamento da empresa, é então necessário a implantação de um mecanismo chamada orçamento.



O orçamento é de fundamental importância em empresas departamentalizadas, pois permite que se chegue a um consenso entre os diversos departamentos da empresa. Entretanto, este mecanismo traz consigo alguns efeitos indesejados, tais como a falta de flexibilidade e a burocratizarão, que conduz à crise de burocracia.



Para superar a crise de burocracia, é necessário tornar as grandes empresas tão maleáveis e ágeis quanto às pequenas organização, superando assim a crise de burocracia.



Etapa V – É etapa da empresa solidária, como veremos no item a seguir. são as características das empresas transnacionais — atualmente muitas delas são mais poderosas do que algumas nações.



A EMPRESA SOLIDÁRIA



Aqui, entende-se por solidária não como um ato de bondade, contudo uma atitude inteligente e racional. Isso mesmo, pois a empresa solidária é aquela em que os setores, divisões ou filiais atuam em perfeita consonância, tendo uma visão global da organização como um todo, e isso faz com que estas empresas maximizam o desempenho, potencializando o crescimento.



Nesta etapa, os administradores tem consciência de que sua atuação não estão mais voltadas apenas para sua área de atuação, mas sim para uma visão mais ampla — uma visão sistêmica.



Entretanto, os gerentes inseguros não conseguem ver além de sua área de atuação, fechando-se em si mesmos e se isolam do restante da organização. Por outro os gerentes competentes são tranqüilos, seguros de si e estão abertos ao diálogo com o todo da organização.



Uma empresa está na etapa V, quando existe uma cultura de intima colaboração entre as partes integrantes da organização, é quando todos tem consciência de maximizar o desempenho global, não apenas na parte onde atua.



Para se ter uma empresa solidária é necessário, antes de mais nada, ter uma equipe bem treinada tecnicamente. Caso algum integrante da equipe ser fraco tecnicamente, este ficará mais preocupado em exercer suas atividades e não terá condições de se envolver com a equipe. A solidariedade dentro de uma empresa não é uma atitude individual, e sim uma filosofia de atuação de todo corpo gerencial da organização.



Há questões éticas na atuação solidária das empresas transnacionais, vejamos. Uma empresa transnacional pode manter uma filial em um determinado país mesmo tendo de operar com prejuízo. Isso pode parecer uma atitude de responsabilidade social — pois estaria mantendo os empregos — , no entanto a intenção é outra. O resultado é que as empresas concorrentes locais não suportam a atuação da transnacional, e o fim, é o fechamento do concorrente local — gerando desemprego. Foi o espírito de solidariedade que viabilizou a formação e o gigantismo das transnacionais.



Como nas demais etapas, as empresas solidárias em determinado instante irão sofrer crises, indicando com isso a necessidade de um novo método de gerenciamento. Como vimos, em cada etapa, há portanto uma crise que precisa ser superada, pois senão a empresa entra em colapso e acaba.



A CONCEPÇÃO SISTÊMICA DA EMPRESA



A visão sistêmica é o instrumental utilizado para se estabelecer um entendimento no relacionamento da empresa com a comunidade — a idéia de sistema vem da biologia.



Um sistema é aberto quando há troca de energia e de matéria como o meio. Para avaliar se as saídas estão satisfazendo as necessidades da sociedade é preciso ter um mecanismo de avaliação. É o feedback. É com esse mecanismo que a empresa acerta seu desvio de percurso, da sua função.



Como a proposta é de avaliar a empresa pelo lado do consumidor, isto é, do ponto de vista da comunidade. Normalmente se analisam as empresas pelo lado do Capital. Por essa visão, tem-se de um lado uma empresa sendo um sistema aberto, quando ela realiza uma função atendendo às necessidades da sociedade; de outro lado quando uma empresa se relaciona com a sociedade e não atende as necessidades da sociedade, está exercendo uma disfunção, isto é, quando as saídas produzem mais prejuízos que benefícios para a sociedade.



Seja qual for o regime econômico, a empresa não pode ser considerada um elemento isolado, pois ela é parte do todo que forma a sociedade, e ela se ralaciona com os outro componentes da sociedade. Este inter-relacionamento entre a empresa e as partes que integram a sociedade caracteriza o chamado sistema aberto.



Uma empresa será bem administrada quanto melhor ela for organizada, e isso se mede pelo número de decisões necessários para ela manter seu ciclo vital. Quanto menor for esse número de decisões, mais organizada é a empresa.



SISTEMA VEGETATIVO E SISTEMA VOLUTIVO



Chamamos de sistema volutivo tudo aquilo que nas organizações se refere ao mecanismo da vontade, por sistema vegetativo tudo que se destina à manutenção da vida da organização.



O sistema vegetativo de uma empresa reúne todas as atividades destinas a assegurar a manutenção da vida da organização. Por exemplo, numa industria podemos citar os departamentos de manutenção, o departamento de produção, o departamento financeiro; todas atividades relacionadas ao cotidiano da organização.



Uma empresa está sendo mal administrada ou existe falta de organização, toda vez que o sistema volutivo é acionado para tomar decisões no sistema vegetativo. Uma empresa que funciona bem, quase não é necessário a tomada de deciões nos níveis mais altos da organização. As decisões são tomadas nos níves mais baixos, nos níveis de execução, dessa forma tem-se as melhores decisões.



Conclui-se que as relações entre os sistemas volutivo e o sistema vegetativo estão inseridos no contexto das relações entre os empresários e os administradores da empresa. E estas relações somente entam em funcionamento quando o processo de produção não anda de forma planejada, havendo dessa forma intervenção do sistemas volutivo no sistema vegetativo.



A TECNOLOGIA DE GRUPO: DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES



A dignidade do ser humano fica comprometida quando ele abdica do uso se suas potencialidades. O homem não pode ser tratado como fonte de energia imbuída no processo de produção.



Para esta degradação da dignidade do homem é que surgiu uma alternativa de organização da produção menos agressiva. É a tecnologia de grupo. Com ela, se pretende restituir ao homem suas características de ser social, incorporando-o a uma comunidade na qual é atribuída a ele uma tarefa produtiva.



A filosofia da técnica de grupo se baseia em atribuir aos grupos a responsabilidade de produção de uma família de produtos. Nesta filosofia de produção, o grupo deve entregar o produto pronto e cabado, evitando assim os estoques inacabados; contribuir também para o desaparecimento do operário especialista. O mais importante é que se cria um espírito de equipe, gerando solidariedade entre os componentes, havendo uma alternância natural nas funções. Além de levar as decisões para o nível operacional, elevando a consciência dos trabalhadores da importância de suas potencialidades.



O aspecto mais interessante na tecnologia de grupo é a descentralização do processo decisório. As decisões passam a ser tomadas no nível operacional. Passa a ter, dentro da empresa, um fluxo de decisão no sentido inverso do habitual, isto é, passa a existir um fluxo de baixo para cima.



O grupo ao tomar consciência do que se deseja dele, passa automaticamente a buscar seus espaços de autodeterminação, passando a recusar interferências externas ao grupo.



A mudança do nível de decisão é um fator essencial para se alcançar uma empresa solidária, pois rompe com o autoritarismo característico das empresas administradas por um núcleo central.



Se de um lado é vantagem a tecnologia de grupo para a empresa, por possibilitar a substituição das pessoas sem maiores problemas para a organização; as empresas que adotam este sistema, libertam-se da dependência dos empregados considerados insubstituíveis; por outro lado, o trabalhador passa a ficar mais vulnerável na relação de emprego com a empresa. Podendo ser substituído a qualquer momento.



Um outro aspecto importante é que com a democratização do poder, evita-se o surgimento de líderes autocráticos.



O grupo de produção é uma comunidade inserida num contexto maior, que denominamos de empresa. Este grupo é formado por pessoas, que com o convívio diário forma um agrupamento social.



Contudo, as empresas podem exercer seu direito de mandar um empregado do grupo embora. E ste fato gera um trauma social. Pois com a convivência diária cria-se relações sociais sólidas. Para se evitar tais traumas, o grupo deve ser respeitado, enquanto comunidade.



A EMPRESA GEOGRAFICAMENTE DESCENTRALIZADA



Ao se aceitar a idéia da valorização dos grupos de trabalho como entidades sociais dotados de autodeterminação, fica vencido o preconceito da concentração industrial em grandes centros urbanos.



Do ponto de vista social, a descentralização abre espaço para os municípios alternativos de industrialização, atualmente reservados aos grandes centros. O gigantismo dos grandes centros industriais traz consigo grande problemas sociais; tais custos sociais, vem elevando a conscientização da população de se buscar novas alternativas de industrialização.



Uma Administração Alternativa deve buscar a racionalização do processo produtivo, não somente no ambiente interno da empresa, mas também no nível abrangente da sociedade, de modo exercer influência na política de descentralização industrial.



ANÁLISE CRÍTICA DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS



Uma fontes de problemas em administração de Recursos Humanos, pode estar associada a própria denominação, isto é, a palavra recursos, usada na expressão Recursos Humanos, tem a mesma conotação de meio para se atingir um determinado fim. As pessoas — os recursos — são meios pelos quais as empresas buscam seus fins. Dessa maneira iguala os seres humanos às máquinas, que constituem os verdadeiro recursos da empresa.



Quando uma empresa de organização de capital utiliza pessoas para atingirem seus objetivos, ela passa a ser considerada um ser parasito, aqui entendido como sendo um "indivíduo que não trabalha, habituado a viver, ou que vive, à custa alheia". Definição essa extraída do Aurélio (que no Brasil, se tornou sinônimo de dicionário).



Na relação de trabalho com a empresa, quando um trabalhador deixa de ser útil para a organização, ele é eliminado da mesmo, num processo chamado de demissão. Pois sabemos que empresas são organismos racionais, e portanto não podem manter elementos inúteis no processo de produção.



Entretanto muitos empresários dizem com orgulho que sua empresa é "uma verdadeira família". Certamente essa não é uma afirmação verdadeira, visto que a comparação se refere ao sentido de harmonia existente na empresa. No entanto o atributo principal na família não é a hamonia entre seu membro, e sim o sentimento de pertencimento, em outras palavras, o sentimento reinante na família é o do pertencimento ao grupo.



Em suma, a crítica principal que se faz à administração de recursos humanos, é de considerar as pessoas como recursos utilizados pela empresa para atingir seus objetivos.



O PERTENCIMENTO



Pertencimento é definido como sendo o sentimento de ser parte de uma organização . Como por exemplo, podemos citar o sentimento de pertencimento existente entre os componentes de uma família, mesmo quando há problemas de relacionamentos.



As empresas japonesas estabelecem um relacionamento com seus empregados, como sendo uma extensão de suas famílias. Isso é demonstrado quando um novo empregado é admitido, há uma cerimonia, onde comparecem os diretores da empresa e os familiares do novo empregado.

As empresas japonesas são organizações despersonalizadas, onde o grupo representa a unidade organizacional. Nessa concepção de empresa, uma pessoa não pode ser constituir um ente diferente do grupo. Entretanto os grupos se distinguem uns dos outros, é o coletivo ocidental se contrapondo ao individualismo ocidental.



O administrador ocidental utiliza o pertencimento como forma de manipulação dos empregados, dando-lhes confiança na organização. A confiança na cultura oriental se baseia no reconhecimento de um poder superior confiável.



A EMPRESA COMO ORGANIZAÇÃO DE PESSOAS



Como poderia ser uma organização de pessoas que utiliza capital para realizar suas funções? Quando atribuímos uma função a cada pessoa dentro da organização. Dessa forma estamos fazendo que cada pessoa passe a pertencer à organização, e não um simples compromisso para com a empresa.



Podemos classificar — quanto à utilização dos recurso — as organizações empresarias de duas maneiras: 1) Empresa capitalista. É aquela que utiliza pessoas como recursos; e 2) Empresa cooperativa. Utiliza o capital como recurso. Em ambos os casos, as empresas co-existe pessoas e capital. A diferença reside que a primeira é constituída de capital que utiliza de pessoas; em contrapartida na segunda, é constituída por pessoas que utilizam o capital para atingirem seus fins.



Nas Empresas capitalistas as decisões são tomadas visando sempre a maior remuneração possível do capital. As pessoas são tratadas como recursos utilizados da mesma forma como os demais recursos físicos existentes na empresa; os salários pagos aos trabalhadores são classificados como custos, e redução dos custos são sempre metas a serem atingidas pelas empresas capitalistas — gerando dessa forma o eterno conflito entre capital e trabalho . As decisão são tomadas pelas pessoas que representam o capital. O desempenho é medido pelo montante de dividendos distribuídos. E, finalmente, temos uma Administração de Empresa que atua como instrumento que tem por conseqüência a maximização do lucro.



As Empresas Cooperativas são organizações de pessoas e não de capital. O dinheiro — que vai se constituir em recursos financeiros, vai ser utilizado como tal -— que cada cooperado coloca na cooperativa, é destinado para colocar a organização em atividade. Este dinheiro se chama quota, que não se valoriza em função do crescimento da cooperativa, e nunca vai ser remunerado, ou seja, a cooperativa não existe para ter lucro.



As cooperativas são organizações abertas, onde as pessoas ingressam — desde que atendam as exigência estabelecidas pelos cooperados — e saem por vontade própria.



Entretanto as Empresas Cooperativas estão inseridas numa economia de empresas capitalistas que influenciam o comportamento de seus membros, que por muitas vezes levam tais organizações às imperfeições e ao fracasso. Contudo não inviabilizando essa forma de organização.



Em suma, o espírito de uma cooperativa conflitua com toda a nossa formação capitalista, que visa acima de tudo o lucro.



AS NECESSIDADES, A PROPAGANDA E A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA



Em todas sociedades, se estratificarmos as pessoas por renda, teremos um grande número de pessoas ganhando pouco e uma pequena quantidade de pessoas ganhando muito. Essa situação é mais típica nos países pobres, como o Brasil.



Ao dividirmos as pessoas por suas rendas, podemos então ter três possibilidades em relação as suas necessidades. Temos pessoas que podem ter ou não ter uma determinada necessidade. Quando tem, esta necessidade pode ser sentida ou não. No grupo de pessoas que tem a necessidade sentida, podemos subdividi-los em dois grupos distintos: um grupo que tem capacidade financeira para adquirir o produto objeto da necessidade e outro grupo formado pelas pessoas que não podem consumir.



Do ponto de vista empresarial o que interessa é dimensionar o número de pessoas com necessidades e que sentem estas necessidades, pois estas pessoas constituirão o universo do mercado real. Entretanto, se uma empresas dimensionar sua capacidade de produção em função do número de pessoas que tem necessidade sentida, provavelmente esta empresa não terá sucesso em seu empreendimento.



Para ampliar a demanda real, isto é, para despertar a consciência da necessidade nas pessoas, emprega-se a técnica da propaganda. Entretanto existem aspectos éticos da propaganda a serem observados. De um lado temos pessoas com capacidade financeira para atender suas necessidades e adquirem produtos ou serviços; de outro lado temos as pessoas sem capacidade financeira, que mesmo tendo necessidade, não sentiam tais necessidades. A propaganda disperta necessidades nessa parcela de pessoas, que ficam frustadas por não poderem ter suas necessidades atendidas. Uma das formas de reduzir estas frustrações, é utilizar o veículo adequado.



Existem várias formas de ampliar a demanda real, que tem por objetivo de criar necessidades artificiais. A necessidade artificial, consiste em convencer um provável consumidor de uma necessidade, que na realidade ele não tem. Uma das formas é o efeito moda; um outro é a obsolescência programada — que consiste na produção de produtos são programados deliberadamente para durarem pouco. O sistema capitalista defende a idéia de que deve existir uma constante substituição dos produtos, como forma de estimular o processo de fabricação, consequentemente gerar mais empregos. Sabemos que na realidade isso não ocorre, visto que com o avanço tecnológico, produz-se cada vez mais com cada vez menor número de pessoas.



A MANIPULAÇÃO DOS CONSUMIDORES



Barreira financeira consiste no limite de renda que divide o grupo dos que podem consumir dos que não possuem capacidade financeira para consumir. Contudo há possibilidade de deslocarmos esta barreira.



Podemos deslocar a barreira financeira com o mecanismo de redução do preço de venda — por meio da redução dos custos de produção — ou por meio de vendas à prazo — possibilitando às pessoas que não conseguem comprar à vista, passam a ter, com comprometimento da renda futura.



Se de um lado tem a empresa com objetivo de vender seus produtos ou serviços; tem por outro lado, o consumidor, que representa a fonte de lucro da empresa. Sendo as necessidades dos consumidores o meio para se atingir o lucro das empresas. Dessa forma o consumidor é manipulado, utilizado e violentado no seu direito de autodeterminação, tudo em função de seu potencial de consumo.



As manipulações se processam, pois muitas empresas passam um imagem de estarem fazendo justiça social ao adotar uma política de preços diferenciados por embalagem, onde os pobres pagam pelo mesmo produto a um preço menor, e o ricos pagam preços maiores. Dessa forma, passa-se uma idéia onde os pobres pagam menos porque os ricos asseguram uma lucratividade compensatória. Na realidade trata-se de um frio esquema de vendas, onde em nenhum momento os aspetos sociais são considerados, a não ser quanto a potencialidades de consumo.



Na Administração de Empresa o preço de venda não é determinado pelos custos de produção, e sim para atingir o maior valor possível. O custo de produção é um simples valor de referência para evitar prejuízos.



Quando as empresas planejarem seus lançamentos em conjunto com grupos de consumidores organizados, estaremos sim, dessa forma assistindo uma verdadeira evolução nas relações empresa-comsumidor, e representará uma avanço.



Finalmente, conclui-se que a idéia central da Administração Alternativa é ter uma empresa voltada a atender as necessidades dos consumidores e não apenas a gerar lucro para os capitalistas.







Resenha de "ADMINISTRAÇÃO ALTERNATIVA" de Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro

Porto Alegre: Mercado Abero, 1987

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