Anoitece,
As aves recolhem as asas,
Guardam os filhos, calam o canto,
Todos se escondem nas casas
E a mata se veste de espanto
O sapo
Gordo e alegre sapateia
Nas águas turvas do lago
Anuncia que a lua vem cheia
Surgindo no céu estrelado
Os vaga-lumes,
De candeeiros em punho,
Vão tecendo um fagulheiro
Como se alguém farfalhasse
As grandes fogueiras de junho
O riacho
Medroso e entre dentes murmura
Sua prece nas águas soturnas
Pede ao dia que retorne
Com medo das sombras noturnas
Mas ela,
A nossa linda Dama da Noite,
Nem se apercebe de nada
Pisca os olhos, abre a boca,
Indiferente e desvairada
Quem quiser ver
Que o veja
Na madrugada da mata
Se apruma em seu manto de prata
E ainda boceja, a danada
|