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Poesias-->O JUIZO O pesadelo que ronda meu des -- 17/10/2000 - 00:25 (Walademar rego juniior) |
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O pesadelo que ronda meu destino
Deitado sobre o leito aguardava a hora certa.
O relógio corria rumo ao meu destino férreo
e mãos tentaculares procuravam me arrastar
ao triste prelúdio no final deste episódio.
Era o fim supostamente de todo este meu ódio
era talvez a derradeira alegoria do mal estar
que é viver na crusta geológica do térreo
ou ainda divisar uma porta que nunca esteve aberta
tremulo vejo, que se inclina a geométrica figura
sobre meu corpo pacífico, estirado e inerme
Às mãos de aço, curva a vida.; Ah tenaz maldita!
Que engalana a alma e a vida toda vitupera
com a crença de que a vida após a morte regenera.
O estertor de todo aquele que passou pela desdita
afronta este colosso, gigantesco paquiderme
que devora minha vida e me trata com brandura
Quando olho, tremo ante o precipício enorme.
Temo ver ali meus sonhos sufocados no escuro.
Este imenso buraco que se abriu na minha vida
é chamado apenas de paz, descanso e morte.
E assim finda as quimeras oníricas sem sorte
de um poeta metafísico cuja obra é diluída
nas paginas amarelas de um livro obscuro
onde a mentira associada com verdade dorme.
ossos, músculos e nervos, tudo que minha pele adorna
repousam tranqüilos nesta urna subterrânea.
A dissolver como o fio da minha última lembrança
lentos como as brumas, adelgaçam-se calados
os últimos temores, desejos e pecados
...jaz na cripta o lodo da esperança.
Ao revolver-me na transubistanciação homogênea
me acalma uma paz santificadoramente morna.
Passam-se os séculos sobre minha atônita cabeça
então o poder ressucitatório de Jesus Cristo
vindo, soergue-me destas profundas entranhas
onde não há pensamento, sonho ou obra alguma
e me põem no vértice das coisas que em suma
é, a auditoria suprema das obras e das sanhas
que me acompanha hereditariamente como um quisto
desde a formação ultra fetal que se conheça.
É nesta guerra de fatos ambiguos que percebo
que após mim segue uma procissão de condenados
em direção a estranha pia batismal de lava quente.
Com suas legítimas sentenças, vão todos iguais
morder a língua, ranger os dentes e chorar seus ais
- nesta suprema alegoria poética de Dante
queimar no adis, a quimera apetecida dos pecados,
derreter as próprias almas, como se fossem velas
- de sebo.
E neste último antro em que percorre a minha vida
as vozes da consciência como um cão a ganir escuto.
- São todos os remorsos que ressuscitando juntos
ladram à minha alma que, caída junto ali debruço
trêmula ainda rosna com todos o perdão num soluço MUDAR
para que meu fim não seja como a maioria dos defuntos MUDAR
e que possa eu, alcançar misericórdia após o luto
nesta corte que por Deus fora então constituída. MUDAR
É deste sufrágio universal que minha raça emerge........
o conceito dualístico que o corpo morre e alma vive.
Vejo a magnífica mentira prosperar na mente humana
feito um impávido colosso, branco como neve suíça.
Deste esterco filosofal a recender como carniça
o hálito podre das crenças mortas ainda emana
com um poder ultraconvencedor que nunca tive
sobre a descrença perturbadora de um herege.............
por sobre os altíssimos píncaros dos tronos
divisava a supremacia regia de todos poderes
Deus, absolvendo e condenando espíritos em carne
Realizava a ergemonia de todos os destinos
Anjos buliçosos em santos requiens e hinos
Como se fosse uma ficção científica de Verne
Se ocupavam na diligencia de seus afazeres
Repartindo a herança aos seus legítimos donos
tremulo persisto entre oníricas visagens
onde conglomera a multidão dos pecadores
prestes a consumir na prepotência do inferno
as derradeiras quimeras que a vida acaricia
onde Deus contra o diabo suas forças exercia
na insolvência de todo este conflito interno.
Via ali murcho o fruto apodrecido dos amores
e uma lacuna imensa no horizonte das paisagens.
Então assentado no meio fio do meu destino
observei a vida que havia na terceira margem -
- que é a vida...
O leito seco do ribeirão das águas turvas
mostrava-me a realidade do existencialismo
era a realidade insólita de todo este paroxismo
que ecoava serpeando por todas estas curvas
e envenenando nossas cabeças de bobagem
e nos levando ao êxtase deste pleno desatino.
- Afinal de contas em que se resume a minha vida
este pesadelo enorme que desabrocha todo dia?
Seria porventura um lapso que Deus teve de ternura?
Ou falha na organização superior dos objetos?
Tenho já observado na incógnita dos fetos
que uma ciência maior que toda esta loucura
esta para surgir do ventre obtuso outra paródia
para que a nossa mente seja menos poluída.
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