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Poesias-->OUVINDO MOZART -- 27/01/2004 - 12:07 (adelay bonolo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OUVINDO MOZART



Eis que na escuridão da noite,

Lá longe,

Tênues clarões de relâmpagos crispam o horizonte.

Tomara não sejam bombas!

Nestes tempos, clarões quase sempre são assim!



Corpos de crianças mutilados,

Mães sem filhos, filhos sem mãos...

E o mundo sem olhos para ver...

E o que é pior ainda,

Sem memória... Já os esqueceram!



A terra devastada clama por justiça!

A planta esturricada traz fome

Para milhões de bocas famintas!

E há quem reclame, cheio de verdades,

Que os tubarões estão morrendo...



As caliandras formosas brotam,

Brotam dos corações dos homens,

Como última esperança de esperança...

E a humanidade já sem fé caminha,

Desolada, por entre escombros...



A morte dos heróis antigos os países choram,

Um choro sem lágrimas,

E se esquecem dos mártires de hoje,

Crianças, cujo sangue respinga,

Ainda quente, nas nossas faces!



As margens plácidas do Ipiranga

Envergonham-se, desesperadas e espumantes,

Da água suja e verde e poluída que herdou.

Nem mais se lembram

Da independência total prometida num grito.



Rufam os tambores da orquestra desvairada,

Numa confusão harmoniosa de sons.

O silvo da flauta teima em suplantar a trompa,

Enquanto o timbre mavioso da clarineta

Resvala dócil na vidraça embaçada!



Sozinho, na noite, observo tudo!

Vejo os séculos transmutarem-se,

Como o manequim de moda na vitrine!

Tudo é efêmero, tudo passa, tudo é passageiro,

Menos esta tristeza que me parece eterna...



Trago-a da infância dos tempos antigos,

Dos primórdios da criação,

Do peito da mãe sofrida!

Tenho ímpetos de revolta,

Revolta do que não fui e do que seria...

..................................................

Os clarões, de repente, se aproximam.

Os tímpanos e a orquestra toda se eleva

Num uníssono ensurdecedor.

Meu coração dispara numa angústia conhecida,

De destruição moderna!



Mas, eis que se espraiam em gotas abençoadas sobre tudo,

Em forma de chuva mansa e fina...

A melodia acalma-se numa canção de ninar...

As folhas respondem num aceno agradecido.;

Os animais entreolham-se parecendo sorrir.



Uma brisa suave, molhada e fresca,

Que recende perfume inexistente,

(que bem conheço e sei de onde vem!),

Roça meu rosto.

Tudo me parece renascer, e renasce,



Com essa água que se esvai de mim,

Umedecendo de amor a natureza,

E mancha esta folha branca, inútil...

As lembranças ruins se dissipam por completo.

Esta manhã vai ser resplanderosa...



O mundo está salvo, está salvo!

O sol nascerá novamente e seus raios brincarão

Por entre as gotas de orvalho na relva.

Só esta alma continuará seca!...

— Seca... à espera de uma outra manhã...!





Adelay Bonolo

1° de maio/2003

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