Só deixou para nascer
Onde nasceram os santos
No barroco brasileiro
E, em mãos mágicas crescer
No panejamento o encanto,
Do mestre Aleijadinho santeiro.
A capital das Minas Gerais
Berço foi do nosso artista
Que fez no barro, primeiro
Belos exemplares de animais
Que, assoviando, davam pista
De um mestre verdadeiro.
Nascendo no mesmo mês
Que o Aleijadinho escultor,
“O mestre Francisco Lisboa”,
Por designo é a sua vez,
Parecendo escolhido pelo Senhor
Por ser boa alma e gente boa.
Atualmente, ilustre morador
Do bairro Doutor Laureano
mantém em si a performance
De excelente restaurador
De homem interiorano
Que na cidade transforma-se
Pelas várias oportunidades
Que o grande centro produz,
Não desperdiça um trabalhador
E o seu nome faz na cidade
E a sua obra brilha e seduz
Aos que tem pela arte, amor.
Prêmios conquistados
Por esse Brasil de Deus
Com medalhas douradas
São trabalhos admirados
Por críticos e até fariseus
E, mesmo quem não sabe nada.
Com sua alma gêmea encontrada
No bairro da Vila São Luís
De sua prole inicia a formação
Dona Carmem esposa amada
E a felicidade que sempre quis
Nos filhos queridos de coração.
Fechado o círculo da felicidade
Por bondade e merecimento
Na família e na profissão
Darcilio tem a sensibilidade
Aflorada, no panejamento
Da santa, em feitio de oração.
Pois que, enquanto trabalha
É como se orando fizesse
Um santo, uma santa ou um anjo
E, sendo assim, nada o atrapalha
Um cisco, uma farpa, o que viesse
Não quebraria este encanto.
Com suas tintas e pinceladas
E muitas folhas douradas
Para o vestuário pintar.
Entram imagens decoradas
Nos livros, e até prateada
Para o santo identificar.
No museu da Bíblia produziu
Personagens que fizeram história
Na sagrada passagem do Deus.
E, por tanto tempo adquiriu
A sapiência da arte e a glória
Esculpindo bem os santos seus.
Das técnicas consagradas,
Pelo tempo do tempo sagrado
Pelos sábios, magos e escultores
Esculpe santidades coroadas
Pelos templos santificados
Glorificado por oradores.
Chegando das Minas Gerais
No início dos anos setenta,
Foi com outros entalhadores
Que eram tão seus iguais
No ofício e nas mentes atentas
Em formões desbravadores.
Em São João de Meriti, a cidade
Fluminense recebeu-os cordialmente
Como convém a sociedade citadina
Na mais perfeita hospitalidade
De quem recebe convenientemente
Pela cultura, educação ou pela sina.
Passado algum tempo depois
Veio morar em Duque de Caxias
Solteiro e já mestre no ofício.
Na cidade, logo se contrapôs
À violência, com entalhes que inicia
A escultura que foi o seu vício.
E fazer de sua arte a missão
De levar através da imagem
Esculpida na doce madeira
Toda em forma de oração
Dos santos à mensagem
De Deus, a fé verdadeira
E, na madeira encontrar
Os caminhos que percorridos
Entre nós e veios do vegetal
Que pelo formão a desbastar
Mesmo que duro e sofrido
Até o resultado final.
Vão surgindo troncos, cabeças
Membros, gestos e olhares
E vai tomando a forma final.
No panejamento não se apressa
Que entra o pintor com seus ares
Que também é, e tão igual.
Técnicas de tempos antigos
Usadas com precisão e maestria
Há muito tempo antes de Cristo
No ouro, delicadamente brunido
No torno, formão, lixa e polia
Nosso mestre dá o toque artístico.
De suas mãos vão surgindo
Os santos Franciscanos
E as santíssimas senhoras
E, também, os dominicanos
E todas as santas, na hora
Que aceitou, concordando.
Em usar sua habilidade
Como escultor e santeiro
Trabalhando com dedicação
Nas imagens das santidades
Com sentimento verdadeiro
Do mais fundo do coração.
Pouco eu saberia dizer
Desse nosso grande artista
Pois é grande o seu talento
E não saberia tudo transcrever
No entanto, deixo uma pista
Para o Caxiense atento
Para quando a oportunidade
De admirar uma Nossa Senhora
Ou um santo feito pelo mestre,
Verá o quanto digo de verdade
O quanto já perdeu a hora
Pois é imagem que não se esquece.
Mestre Darcilio é escultor
Santeiro de Duque de Caxias
Em suas mãos a habilidade
De artista, do barroco cultor,
Produz arte com a magia
Dos mestres da humanidade.
