Era meio-dia. O sol estava alto para os lados do cemitério. As cruzes estavam sujas, os caminhos maltratados pelo tempo. O mato crescido desencorajava a visita dos vivos. Mas ela estava ali. Coberta por todo aquele luto. Castigada por todos aqueles anos de solidão e saudade. Envolta pela lembrança de quando ainda sorria, de quando ainda tinha amor em seu peito e esperança em seus olhos. Olhos que ainda o viam, peito que ainda o sentia.
As lágrimas escorriam entre as marcas cansadas do seu rosto, e cada uma simbolizava um desejo, uma vontade. Toda a vida que estivera a seu alcance, ela rejeitara. Não queria, não podia mais ser feliz.
Em seu dedo, a marca de um passado, de uma união, já não mais existia; existia sim, a dor de anos que passara só, sem um abraço protetor, sem outro corpo em sua cama.
Perdera-o. Como Deus póde ter acabado com duas vidas de uma só vez?!
As tristes flores que trouxera desta vez tomaram o lugar daquelas que jaziam com o morto. Agarrara-se a sua bolsa e com um último suspiro fora embora com o passado no coração. |