Hoje tenho a sensação
De estar preso...
Emparedado no tempo,
Entre os muros do passado
E do futuro,
Sem um furo
Por onde se respire
Perspectiva...
E esta tristeza sem nome
Que se vai cristalizando
Baça, cinzenta, gelada
E sobretudo parada,
Que me vai emparedando
Neste retalho de tempo
Em que agonizo...
E eu peço aos génios do ar
E peço aos anjos do céu
E aos perdidos no mar
Que queiram vir ajudar...
Que me espremam este cubo
De tempo
Que me tem preso...
A ver seu ainda esguicho,
Como um bicho,
Para fora desta maçã
Que caiu
Da macieira do tempo
E apodrece... |