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Cronicas-->A flor do atraso -- 02/02/2003 - 13:37 (Johanna Duarte Nublat) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eram cinco e quinze. O sol já estava fraquejando. Balançava, ameaçava se despedir. Marcara com ela às cinco, na dobra da calçada. E ele estava atrasado, mas também, pudera: o chefe não largava do seu pé. Era relatório, carta, pagamento. Ela ficaria uma arara. Deveria estar com aquele seu vestidinho vermelho de flores. Uma linda ararinha. Já estavam juntos havia três anos e ele sempre atrasado. Chegou ao ponto de ónibus bem na hora da partida, mas ele ainda não iria partir; uma velha não se decidia se subia, se ficava, e a fila, já impaciente, reclamava. Finalmente ele subiu, se sentou. Mas que demora, cinco e vinte e cinco no seu relógio. Tudo bem, o ónibus partiu. Mais cinco minutinhos e já estaria lá, lá na dobra da calçada. Ah! Aquele lugar! Era o ponto de encontro de sempre. Nada de especial, sem flores, sem banquinho... era só a dobra da calçada. Mas fora alí seu primeiro beijo nela. Voltavam juntos para casa quando ela tomou a iniciativa e segurou sua mão. Acuado, constrangido, morto de vontade, beijou-a mas que diabo! Este ónibus vai parar em todos os pontos? Vai. Parou na primeira e desceu a velha encrenqueira (que afinal se decidira por ir). Na Segunda parada subiu uma mulher, de saia azul. Trazia três crianças, que passaram por baixo da roleta. Trazia também uma lata cheia de flores: era florista. Pediu a ele uma ajuda, tinha de alimentar aqueles três filhos e mais os quatro que estavam em casa. Ele meteu a mão no bolso e estendeu a ela uns trocadinhos. Em troca, recebeu um ramo meio amassado de flores vermelhas, como as do vestido da ararinha. Ela iria gost... cinco e vinte e nove, o ónibus chegou. Agarrou as flores, a pasta, o casaco e correu. Pulou do ónibus e lá estava ela. De calça xadrez. Mas... e o vestido? As flores vermelhas definitivamente ficariam melhor com o vestido. Ela, de cara emburrada, disse:

Atrasado de novo?

Pois é, o chefe, os relatórios, a velha, o ónibus... estendeu as flores e ela com um sorriso meio escondido sorriu. Abriu os braços e sussurrou as palavrinhas de amor de sempre, claro, misturadas com as de repreendimento pelo atraso. Dobraram a dobra da calçada e se foram, caminhando. Eram cinco e trinta e quatro da tarde.
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