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Contos-->LARISSA -- 16/09/2000 - 18:56 (Antero Luis Branco Leivas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquela manhã, Lara acordou com um estranho pressentimento. Julgava que, de alguma forma, no decorrer do dia, iria rever alguém. Acordou, escovou os dentes, mijou e ligou o chuveiro. Lara, Larissa, a dos longos pelos e cabelos loiros e ondulados. Larissa, a dos lábios celestiais e dos grandes olhos trágicos. Dona de metade dos corações do colégio. A outra metade, variando entre uma menina sem graça e outra. Dessas que conquistam garotos de mau-gosto. Lara, a dona do coração dos garotos de bom gosto. A Loira Larissa, lavando bem no meio das coxas, se deixando levar por maus pensamentos. Maus e indecifráveis pensamentos. E desejos secretos...
Vestiu uma de suas menores calcinhas, sua sainha mais insinuante, seu blazer negro escondendo a blusinha branca e os seios. A bela Larissa, solteira por convicção, orfã de pai e de mãe desprovida de irmãos e namorados, saindo para trabalhar. Os olhos azuis através dos óculos azuis, repetindo o doce mar das manhãs.
Apanhando o carro. O carro cinza que prenuncia chuvas. A luta breve da solitária Lara com a vaga no estacionamento. E desembestou Sexta-feira afora. Corre, Larissa, corre que o dia não tarda passar. E é hoje o dia, moça. O dia de passear...
Lara no frio do computador, no ar condicionado a resfriar Lara. Na condição das feras públicas do dinheiro público, extirpado da pobreza pública que sustenta mulheres públicas e leva os engravatados a se esbaforir pelas calçadas e pelos celulares...Corre, Larissa, é hora do almoço. Almoço medido pra manter a forma, peso exato, cor e quantidade. Refrigerante diet. Mastigar lento, pensado e de digestão tensa : Ser ou não ser promovida. Será ? Eis a questão, a porra da questão. Droga, Larissa detesta pensar palavrão.
Larissa correndo, despertando o assobio, buzinada desavergonhada, olhares tortos. Larissa a das pernocas e que pernas. Rainha do carnaval de 92. Princesa no de 94...Injustamente, é claro. A outra era muito melhor. Bobeira, bobeira pensar passado. Bobeira pensar correndo...Ainda gostosa...E apesar dos 27 anos...
Certeza de um reencontro (será ?) Lara na mesa, assinando papéis, tomando café e falando ao fone. Não, não irá tomar chope com Ronaldo...Nem jantar com o Frederico. Não também, ao aniversário da Sõnia. Mas o que Lara quer ? Lara quer um carro novo. Não mais um Honda Civic, Lara quer ir para a Europa. Quer falar alemão e francês. A menina quer globalizar-se à bordo de um disco voador. Tipo o que viu aos 19 anos, da janela do motel PINK, onde perdeu a virgindade. Passado de Lara, Fantasia de Lara, voltando pra casa, olhando, passar o passado, out-doors e postes de luz. O frio nos delicados cabelos de Lara, Larissa...que não quer casa ou casar. Quer passar, quer passar. E passa.
Parando no bar, boite, dançar, suar e se descabelar. È Larissa e seu lado selvagem; Lara em estado bruto. Bruto e emputecido. Quer ser promovida, mas não vai. É a piranha da Cláudia que vai. Também, aquela enorme bunda a serviço do Dr. Meirelles. Mas não é local, nem é hora. A hora é de festa. DANCE DANCE DANCE, Lara bonita, cara de gata, em busca de algo que o dia citou mas não especificou. Que porra de de pressentimento...Lara odeia gritar palavrão.
Fim de noite, tchau amigos, caminho de casa. Nada de novo no front. Nem um fato, aviso ou comunicado. O destino não deu as caras. Fernando, o parceiro de dança, quer com ela passear, mas não. Sempre não. Fernando não aprende ? Caminho de casa. Toque de recolher. Portão, porta, cama, quarto e escuridão. Banho suíte. Choro...sozinha de novo...raiva, frustração...Nem pressentimento, nem nada. Mais uma noite se masturbando. É Lara deitada e empinada. Causando inveja no teto e no chão. Não muito longe dali, Fernando segue pra casa e triste por causa de Lara, mais uma vez, chora. O ódio é tanto que ao rever um antigo colega de escola, lembra-se que este lhe batia muito e fazia chacota com os outros colegas. Possesso, Fernando aproxima-se. Os punhos cerrados. Vingança ! Alguém tem de pagar...Mas ao encarar o velho e mortal inimigo, o que Fernando vê, é praticamente intraduzível : Profundezas de olhos é o que Fernando vê. E um olhar tão triste, mas tão triste, que Fernando disfarça e envergonhado se vai, madrugada adentro. Aquele era um olhar de alguém que sofreu, que viu muito. Alguém com um olhar muito, mas muito mais negro que o dele e, talvez, muito mais trágico que o de Lara, a maníaca depressiva. Lara a sozinha. Larinha, pra muitos. Larissa, a que se manipula no quarto...


Dedicado à todos os que sofrem ou pensam sofrer.
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