A UMA SENHORA
O respeito me tolhe o ímpeto, senhora,
De lhe dizer tudo o que sinto quando a vejo,
Mesmo em breves momentos, quase num lampejo!
Ah, senhora, o sinal do tempo, que devora
Tudo, deixou-a intacta e sua beleza aflora
No encantador sorriso, no brilho e vicejo
Dos olhos, na boca rubra... Ah, quanto pejo!
Já ia cometendo u’a indiscrição agora...
Com essa beleza por testemunha, imagino
— Nesta certeza fantasiosa de menino —
Como seria linda em tempos mais fogosos!
Por certo seu marido fez o que eu faria...
Na alcova a sete chaves confiná-la-ia
Para escondê-la dos olhares cobiçosos!
Adelay Bonolo
novembro/2002
|