Quando não houver mais nada a fazer,
quando a rua chega num beco,
e o beco não tem saída,
quando todos os esforços parecem ter sido em vão,
quando nada resta além da hora da saída,
ainda resta o céu, ainda resta o sol,
no céu ou dentro do coração.
Nada a fazer senão aprender a hora de dizer sim.
É preciso achar o sol escondido lá dentro,
que tempestade nenhuma há de apagar,
e ir levando assim, assim,
do jeito que a vida deixar.
Levar o sol no coração,
manter o peito aquecido,
trazer o coração na mão,
nos olhos o brilho esquecido,
trazer o sol de volta à estrada
iluminar, dar vida à terra,
deixar que as sementes rompam as cascas,
juntar à luz do sol a força da tempestade,
lavar o coração e iluminar,
preparar o chão com vontade
e plantar, plantar, plantar...
Saber que mais cedo ou mais tarde
a hora da colheita vai chegar.
Até para colher tem que esperar.
Ainda que não haja nada a fazer,
enquanto o sol arder aqui dentro ou lá fora,
há algo a fazer ainda que seja dizer sim e esperar.
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