MÃOS NOTURNAS
Elane Tomich
Quanto medo me ensinastes.
enquanto tuas mãos espalhavam no meu dorso
pétalas emprestadas da maciez quase utópica,
dos teus dedos!
Meus medos?
Saudades tópicas!
Ah! Estas mãos noturnas, mornas, macias
não colheriam a aurora na devassidão do dia.
Interromperiam o corso
desse pedaço de chão, o amor,
profícuo em carne de uvas rosadas,
seduzindo-me um doce vampirismo
onde a soma de amor mais amor
é multiplicação de dor.
Ali,acampei minha vida em ilusões calcificadas.
E, calada,
chorei!
Mas tu, a cerca de nós derrubastes!
Aliás, acerca de nós,
não sei.
Com o muito que sabemos de nada
o cheiro do sado-masoquismo
do amor, é o que me ensinastes
Homem das mãos soturnas!
No vácuo das tuas mãos noturnas,
do que ora sinto deveras,
o que sei?
Não sei.
Livre dos " ai quem dera"
de todos os "ses" da espera,
o que achei?
Reticências...
...a favor do apurar da essência...
Bem que gostei!
|