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cronicas-->Os Yamandus perdidos. -- 06/02/2003 - 11:26 (Marcos Woyames de Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os Yamandus perdidos.

Todos, cada um de nós, nascemos com um dom. A maioria jamais se dá conta disso e assim alguns se perdem para todo o sempre.

Ontem tive a oportunidade, pela falta de qualidade da televisão brasileira, e não é dela que vou falar, mas da sorte de haver parado de futucar o botão do controle remoto, no exato momento em que fazia-se uma chamada para um músico de nome indígena.

Nome do programa? Por acaso. Justamente por acaso resolvi assistir e me deliciar com encantamento que um dom é capaz de fazer.

Um jovem de 22 anos, com o matraquear natural da idade, até certo ponto um chato, mas que ao manusear seu instrumento fez chover encantamento e magia.

Segundo ele mesmo, seu nome foi atribuído pela "loucura" do pai que não queria para o filho um nome comum. Este, músico apaixonado pela sonoridade da língua tupi encontrou em Yamandu (o "precursor das águas") a musicalidade que sonhou para o nome de seu filho.

Menino e músico rebelde, desistiu cedo dos estudos e dos bancos, deixando de lado tanto escola das letras, quanto a escola da música na sua forma tradicional, limitando-se, segundo suas próprias palavras, a saber ler partituras.

Esperem, não é deste gênio musical que quero falar. Não se é capaz de exaltar o bastante quando a genialidade, a virtuosidade é taxativamente reconhecida.

Quero sim, falar do dom, do dom de cada um. Dos dons não encontrados por cada um de nós e que jamais serão exaltados.

Tantas são as vozes límpidas, como a de Milton Nascimento ou de Pena Branca, que jamais serão ouvidas.

Tantas são as palavras melodiosas e harmónicas, como as de um Vinícius de Moraes, que jamais serão lidas.

Tantos serão os traços não coloridos pelos Portinaris anonimamente desconhecidos.

Dons de vidas desencontradas, que jamais deliciarão nossos sentidos, que jamais nos permitirão chegar perto daquilo que só aos celestiais deuses é permitido.

Em nossas escolas, já não ensinam música, muito menos as artes, os trabalhos manuais e o artesanato foram esquecidos, ... a religião, o civismo, a literatura. E ainda falam em cidadania!

Concluo que única e exclusivamente da rebeldia dos Yamandus, sobreviverão os virtuosos.

Entretanto, aqueles que têm o dom e que por si só jamais se rebelarão, estes estarão irremediavelmente perdidos.

Tão perdidos quanto nós, que sem a oportunidade de nos deliciar com os Yamandus desconhecidos, ficaremos alijados do melhor que a arte pode nos dar e que se chama talento.


Quer falar com o autor? Escreva para mwoyames@ibge.gov.br
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