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Cordel-->Carta para o poder legislativo com discurso -- 21/08/2005 - 19:17 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Discurso de Airam Ribeiro na reunião da Câmara de Vereadores do dia 18 de agosto de 2005.
Exmo Sr. Madson Medeiros, D.D Presidente da Câmara de Vereadores de Itanhém, Exmos Srs. Vereadores, Srs. e Sras. da tribuna, boa noite.
Escrita em literatura de cordel mandei uma carta para o Exmo Sr. Prefeito Gedeon Botelho, com o mesmo teor fiz para a Câmara de Vereadores que por não ser confidencial, vou aqui ler que é para vocês da tribuna tomarem conhecimento e com o mesmo teor pretendo fazer uma para o nosso governador, porque eu sei que neste mundo, um é sempre maior do que o outro em poder, DEUS é o maior deles e se povo tiver com Deus o poder deste povo será maior ainda. Não seremos covardes por perder a guerra se a gente lutar pela causa. Com os meus sinceros respeitos dirijo a vocês em nome de várias pessoas que assinaram a carta em anexo. Não vim aqui fazer política, pois não tenho este dom, nem tão pouco denegrir a imagem desta casa e de ninguém. Há um tempo passado eu vi um povo se movimentarem, vi vereadores, entidades como a Maçonaria, Rotary Club, igrejas, o prefeito da época; eu vi gente com vontade de querer algo e que conseguiu. O Banco do Brasil não fechou as portas. Às vezes eu pergunto: onde está aquele povo que conseguiu esta façanha, morreram? Foram para os Estados Unidos? ou se acomodaram? Não sei se este trabalho aqui será um protesto, um pedido de socorro ou um grito de alerta para aqueles que não acordaram ou se acomodaram neste assunto. Assunto este que muitas pessoas estão tirando proveito sorrindo para as paredes e deixando outros chorando e arrasados. Fala-se muito em nosso país constantemente sobre o desemprego e, no entanto nesta cidade ficaram vários pais de famílias desempregados com o fechamento do matadouro público, cujo, veio favorecer a cidade de Teixeira de Freitas dando mais empregos para os que moram lá. Então eu fico a perguntar outra vez: porque este povo deixou fechar o matadouro assim de mão beijada, cadê aquele povo que não deixou fechar o Banco do Brasil? É claro que tudo neste mundo precisa de asseio; mas tanto jeitos se arranjam para beneficio próprio, porque não arranjam um jeito para beneficio do povo de Itanhem? A Bahia tem 417 municípios, Itamarajú está em primeiro lugar, tem o rebanho de gado maior da Bahia e Itanhem conseguiu passar 415 municípios para trás sendo o segundo maior rebanho do estado da Bahia, Itamarajú tem o seu próprio matadouro e não vive de favor, porque que Itanhem está vivendo de favor comendo esta carne congelada do gado de Teixeira de Freitas, até parece que não somos o segundo maior rebanho!? Itanhem pode ter o seu matadouro público sim, mesmo que pequeno e dentro das normas. Tudo que o ser humano deseja fazer com um pouco de esforço ele consegue, basta querer. Tenho 33 anos que moro aqui nesta cidade que amo muito, passei 32 anos comendo esta carne de Itanhem e estou vivo até hoje, faz quase um ano que estou morrendo aos poucos mais é de raiva por ver tanta injustiça em cima da cacunda do pobre açougueiro, carroceiro, pequenos donos de terra, fazedor de geléia, fazedor de sabão, dos que vivem da farinha de osso, do menino que ganhava uns trocados para buscar um cavalo, do magarefe, dos que viviam das buchadas, daqueles pobres coitados que ganhavam as cabeças das reses abatidas para dali tirar o caldo para o sustento de seus filhos e de um comércio tão sofrido com tantos impostos e que enfraqueceu por causa desse fechamento. Até mesmo dos pobres urubus que estão passando fome e invadindo a cidade, nossos quintais e as nossas caixas d’águas, eu tenho pena. . O nosso rio Água Preta está aí contaminado e poluído, quase morto pedindo socorro, ninguém toma providências e todos fingem não ouvir ou não querem ouvir os lamentos deste pobre rio. Quem garante que também não estamos comendo os peixes contaminados deste rio! Passo a ler para vocês a carta que fizemos para o Legislativo.

Carta em cordel para o legislativo de Itanhem - Bahia


Senhor presidente,
Senhores vereadores.
Venho com muito respeito
Aos nossos defensores;
Solicitamos de vocês
Por aquilo que alguém fez
Nos causando horrores.

A Câmara de Vereadores
Tem seu nome a zelar
São valiosas pessoas
Para nos representar;
Não tendo a quem recorrer,
Estou aqui a escrever
E pra vocês expressar.

Não venho aqui ofender
É somente pra solicitar.
São pedidos de sofredores
Que já não podem agüentar;
Pra nós foi um agouro
O fechamento do matadouro
Tão bom pra este lugar.

Fala-se em violência
Nas manchetes de jornais
Em quase todo o país
Principalmente nas capitais;
E aqui no interior
Tem uma sim senhor!
Que desempregou muitos pais.

Falo do matadouro
Aqui da nossa cidade
Que fecharam há dias
Pra nossa infelicidade;
Deram o prazo para higienizar
Mas ninguém foi preocupar
Então veio a calamidade.

Pais desempregados
Sem sebo para sabão
Sem osso para farinha
Sem mocotó, geléia não!
O carroceiro também
O que vão fazer em Itanhem
Sem o matadouro irmãos?

Pro outro lado da moeda
Eles não estão nem aí
E as vacinas, e os remédios!
De onde o dinheiro vai sair?
Estamos numa barca furada
Sem ninguém ligar pra nada
Sem ter lugar pra onde ir.

Uma vaquinha sequer
Não conseguimos vender
Estão proibindo tudo
Como vamos sobreviver?
A gente olha não vê ninguém
A preocupar com Itanhem
Eu pergunto porquê?

O que a câmara está fazendo?
São os nossos representantes!
Colocamos vocês aí
Para as coisas ir pra adiante;
Algo tem que ser feito
Não pode ficar deste jeito
Peço ajuda nesse instante!

Socorro meus irmãos
Sou um pequeno fazendeiro
Sem conseguir vender vaca
Para ter o meu dinheiro;
Pra pagar fornecedor
Aquele que me confiou
Não quero ser trapaceiro!

Por favor, lute por nós!
Levante a sua bandeira
Vai atrás de solução
Isso não é brincadeira!
O preço da carne aumentou
Depois que ela ficou
Vindo lá de Teixeira.

Não estão nem aí
Para trazer a solução
Se o gado é o suporte
Aqui desta região;
Pedimos com urgência
Para tomar providências
Não agüentamos mais não!

Segundo lugar na Bahia
Está o nosso rebanho
Sem um matadouro público
É de se achar estranho;
Comemos carne de Teixeira
Até parece brincadeira
É uma piada sem tamanho.

O povo está aflito
A esperar o legislativo
Tomar as providências
Junto ao executivo;
Os nossos representantes
Faz o que nesse instante?
Queremos um paliativo!

Fala-se em câmera fria
Para a carne estocar,
Mas ela vem de Teixeira
Nada vai adiantar!
Só o matadouro vai resolver
Para o pequeno sobreviver
E para a carne despostar.

Por favor, nos ajude!
Olhe para o pobre coitado
Que votaram em vocês
Na eleição do ano passado;
Estamos em sacrifício,
Em nosso município
Não me vendem mais fiado!

Tenho pedaço de terra
E umas vacas pra vender
Se pegar a aftosa
O que o governo vai dizer?
Sem dinheiro é ruína
Como adquirir vacina!
E aí como vai ser?

O ministério público
Deu prazo pra organizar
Não sei de quem é a culpa
Não cabe a mim julgar;
Mas o caso aconteceu!
Que culpa tenho eu
Pra tudo isso pagar?

Estamos em crise
Por que o gado é o sustento,
Sem descartar uma rês
Como é que agüento?
Mexeram na coluna
Deixando uma lacuna
Será se foi um passa tempo?

Violência não é só matar
Em cada caso há ciência
O que fizeram com a gente
Também foi uma violência;
Pedimos a todos vocês
Desatar esse nó de vez
Que nos trouxe conseqüências.

Sei que tudo foi política.
Mas com a força e poder
Consegue tudo lá em cima
Basta vocês querer;
Agradecemos a atenção
E contamos com vossa ação
Que vocês vão fazer.

Mas uma vez digo
O fim desta missiva
Não é para denegrir
Esta nobre comitiva;
Ela tem a finalidade
De pedir com humildade
Uma ação mais positiva.

Agradecemos a atenção
Que tiveram por este cordel
É a literatura que estudo
Mesmo sendo um tabaréu;
Com ele escrevo os fatos
Relatando os maus tratos
Embaixo do nosso céu.

Itanhem Ba, 22 de junho de 2005
Com mais uma semana esta carta vai ser colocada na internet.
www.usinadeletras.com.br
www.airamribeiro.com.br
email- airamribeiro@zipmail.com.br
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