Uma vida não bastaria para decifrá-la.
Cada minuto seu que parte
Não deixa passos,
Não sabe
De sua estrada,
Não cabe
Em apenas palavras.
Absorvo-os
Como quem colhe o eterno
Entre espinhos e rosas,
Entre sonhos e realidade.
Seu tempo passa a ser
O meu tempo.
Mas precisamos de mais...
Todo tempo é pouco
Frente à sede de desvendá-la,
Frente ao incansável desejo
De invadi-la,
Tornando-me a exata
Imagem de sua falta,
Tendo-a como a palavra completa
Perfeita e plena
Para meu silêncio...
...Seu silêncio,
Preciso dilacerá-lo.;
Desesperadamente preciso
Romper suas portas,
Suas paredes brancas,
Violar suas noites íntimas e brandas,
Pois uma vida é muito pouco
Para decifrá-la.
Preciso ver se abrirem
Suas pétalas
Numa manhã de sol
Inesquecível.
Preciso ter em mim
Seu tempo,
Mas ele não deixa passos.;
Ele parte e não sabe
De sua estrada.
©Anderson Christofoletti
São Paulo, 23 de fevereiro de 2004.
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