De repente lhe veio à mente lembranças antes adormecidas de um tempo que parece que ficou estagnado no tempo da sua infância. Menina ainda, ver-se descendo a rua correndo de braços abertos ao encontro do seu pai. Ele, como sempre, agachado sobre as pernas, enfrente a porta da sua casa olhando as pessoas passarem.Às vezes um conhecido parava para conversar com ele, homem simples, sereno e culto, embora de poucas palavras mas acolhedor. Quando ele a via rua abaixo, sorria e abria seus braços para recebê-la, sua "borboletinha" assim a chamava, e sentada sobre seus joelhos envolvida em seus braços ela via o mundo passar.
Como era doce esses momentos, ambos alí, abraçados como se só existessem os dois. Quantas lembranças...Hoje, adulta, guarda desse pai a quem tanto amou momentos especiais. Quanto lhe doi ver seu pai morto quando mal tinha saído da adolescência por não se sentir preparada para a vida. Mas, com certeza, trás consigo tudo que pôde registrar na memória, os bens morais que ele lhe ensinou. Hoje, olhando na tela da memória vê que o tempo passara, mas que as coisas que aprendera com ele fez uso até hoje e lhe fora de grande valia na vida. Passados mais de vinte anos, ainda lhe doe o coração cheio de saudade ao lembrar do seu querido pai. Lamenta-se por ele não ter conhecido seus filhos. Quanta falta faz não se ter um avô, e sempre que possível mostra aos filhos, raras fotografias do seu pai, pois não quer perder no tempo o rosto dele, e nesses momentos surgem perguntas sobre"como era meu avô" perguntam-lhe os filhos. Ah! era tudo que ela queria, falar sobre seu pai a eles.
Sempre tem em mente uma frase: "Pai, onde quer que estejas, tenho a certeza de que nos vêem e sabes quanto o amo" pensa ela, de si, para consigo. |