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Humor-->A história de Eric Cleptomaníaco - Original Cut -- 28/01/2003 - 16:54 (William Henrique Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A história de Eric Claptomaníaco – Original Cut (versão sem cortes)



Eu vou contar a história do Eric Claptomaníaco. Você provavelmente já ouviu falar dele, em algum lugar... afinal, clássicos musicais como “Antes que você me acuse, olhe pra você mesma”, ou “Leila”, ou “Leite maltado”, “Cocaína boa”, etc., são muito conhecidos.
A história dele é longa, e demasiadamente complicada, com muitas reviravoltas e personagens, por isso pede-se, antes de tudo, muita paciência.


Os pais de Eric Claptomaníaco

Em 1912, o casal alemão Teco-teco Shultz e Marilza Greta Leda Eichmann se casaram, em Munique. Eram felizes. Um casal jovem, bem-humorado e... gay. Isso mesmo, Eric é filho de um casal gay. É que é assim: O pai dele era bicha, e a mãe lésbica. Foram banidos de casa pelos pais nazistas (isso porque Hitler só apareceria décadas depois). Sem rumo, casaram-se. Amaram-se. Dançavam muito, bebiam muito chope (Teco-teco era fanático) e cantavam...
Atenção agora, um fator básico e essencial: Greta não gostava de salsicha. Não. Odiava, tinha nojo. Mas ninguém acreditava, quando escutava:
- Ela não gosta de salsicha.
- Como não? Não é possível! É alemã?
- Isso.
- E não gosta?
- Batata.
- Que?
- Batata, no duro, ela não gosta.
- Credo.
Até que um dia tiveram que imigrar para o Brasil, pra fugir e tentar vida nova. Chegaram em São Paulo. Todo mundo dizia: “Vocês têm que ir é pro sul, pra Porto Alegre, como os outros”. Mas nada. Quiseram porque quiseram morar em Sampa. Pois bem. E agora? Como sobreviver? Abrindo um negócio próprio, é claro! Teco-teco e Marilza Greta acabaram indo morar na Avenida Paulista, perto da antena da Gazeta, perto da Mix e da Brasil 2000. E lá perto abriram o Teco’s, sushi-bar-restaurante-danceteria bem moderno, um local que viria a se tornar, em sua era dourada, nos anos 30, o lugar mais badalado de São Paulo. A Avenida Paulista já era um point cultural em seu ápice na época. Eram tempos difíceis, e tempos divertidos. Todos os jovens iam se divertir na Avenida, varavam a noite, bebiam, matavam-se uns aos outros... tempo de violência, Pulp Fiction. Aliás, a família de Eric chegou a colaborar na montagem deste filme excepcional, nos anos 90. Trabalharam no cenário, luzes, etc. Samuca Luís Filho-de-Jack (ou Samuel L. Jackson, pros frescos apimentados) comentou, certa vez, numa entrevista do filme: “É, nós estávamos lá, entendeu? E era isso, estávamos sempre andando, e filmando, e não dormíamos. O diretor, Quentinho Tarantella, sempre preocupado com o filme. Ele dizia, no fim do dia, pros atores mortos de cansaço: ‘Ai, gente, e aí, o filme sai ou não sai?’. E todos, em uníssono: ‘Sai, Quentinho. O filme sai.’ Eu me lembro que brincávamos muito, juntos, nós, os atores, cantando rodinhas e modinhas antigas, ou batendo palmas e cantando: ‘O jipe do padre tem um furo no pneu...’, sabe? Foi muuuuuito bom, foi mesmo.” Samuca é gente boa, faz ação e faz aventura, policial, tudo.
E o ator João Travecolta, o de cabelo comprido, comentou: “Foi legal.”
O diretor, quando tudo terminou, fez um trocadilho muito perspicaz e malicioso, do qual todos riram muito: “O filme vai sair em vídeo em Março.” (???) E ninguém entendeu o comentário.
Voltando à história:
Quando o presidente Tuca assumiu no Brasil, os pais gays de Eric prosperaram. As estrelas, os astros, artistas, iam todos no Teco’s, que era bar, era restaurante, discoteca maneira, pista de boliche... tudo. E com música ao vivo, tudo mesmo. Foi aí que o elo musical começou a se formar. Bandas novas e desconhecidas surgiam no Teco’s, e dali eram lançadas pelo mundo, pelas rádios, alcançando, às vezes, o sucesso. Algumas chegaram a se destacar, outras não. Mas era a maior diversão, os velhos tempos. Pergunte aos seus pais, eles se lembram, com certeza. Quem não lembra?! Eu lembro!!! AAAAAAAAAHHHHHH!!!
Aí era aquele negócio: muitas brigas, intrigas, ricos e pobres, traições, decadência, drogas, sexo, rock n’ roll, jujubinhas...
Os alemães prosperavam. Mas tinha um negócio: viviam uma crise por causa do sexo indefinido. Ele era bicha, ela lésbica. Na verdade, pode-se perceber que era um casal muito tradicional, pense bem: ele era a mulher, ela o marido. Trocaram posições, chega a ser interessante. Freudiano. Desta forma, temos aí uma mulher e um homem, só que com aparências invertidas. Legal. Legal, né? Resolveram o problema, e copularam.


E chega o nosso pequeno Eric

Ali estava ele. Pequeno e calado. Eric Claptomaníaco já nasceu de óculos, cantando, com um violão na mão e com entradas na cabeça. Barba, etc. Sério. Calado. Um túmulo.
Aliás, a personalidade deste peculiar personagem se revelou assim pra sempre: tímido, recatado, modestão, calado, na dele, mas esperto e muito talentoso com a música. Nasceu dançando e sambando (vai entender essa gente da música).
Os pais, maravilhados. Ai meu Deus. O Eric. Nosso Eric.
Ele cresceu em meio àquela agitada vida, uma agitada avenida, pais loucos e gente famosa. Seu talento musical logo desabrochou, e ele começou a se tornar popular.


O pessoal do Teco’s

No Teco’s andava todo tipo de gente: rockeiros, boyzinhos, mauricinhos, patricinhas, nerds, vestibulandos, hippies, gente normal, o pessoal “cabeça” de vinte e poucos anos, punks, góticos, surfistas, vampiros, cowboys do asfalto, texanos, aliens, veteranos, personagens de desenho animado (falaremos mais disso, adiante), motoqueiros, maconheiros, cheiradores, bêbados, putas, travestis, GLS... era tudo. O bar era tudo, meu! Acredita.
Tinha uma bandinha maneira no pedaço. Eram legais, eram os tais. Se chamavam Teleguiado Dourado. O vocalista era gay, era o líder, rebolava e tocava pandeiro muito bem: Roberto Planta, o Rei Leão da Paulista. Usava cabelo longo, ondulado, dourado, parecia um leonino autoritário. Tinha o guitarrista que, mais velho, se tornou mestre e gênio, Jaiminho Página. Esse aí era maldito, freqüentava missas negras, maldições do diabo, coisa e tal, era da umbanda, Oxalá, Oyabum, macumba, coisas negras e malditas, inclusive vodu do Haiti. Ele era um demônio, na verdade. Muito drogado. Fumava baseados no palco, tocando guitarra. Tinha cara de japonês, ficava rindo safado, calado, e chapadão. O baixista era João Paulo Joanes, uma mocinha com um cabelo channel, ruivo. O baterista era um sujeito grande, forte, de bigode à la Frank Zappa, João Borrão. Um bobão, bonachão.
Esta banda adquiriu notoriedade durante os anos 60 e 70, e sua história envolve muitos rolos, inclusive com o Eric, que explicaremos com maiores detalhes.
Mas o Teleguiado Dourado foi responsável por grandes canções, tais como: “Rocha e Rola”, “Escadinha pro Paraíso” (uma das melhores músicas já feitas no rock), “Bons tempos, maus tempos”, “Cão Negro”, entre outras.
Outra banda que agitou o período romântico e, posteriormente, hippie e meloso, foram Os Besouros, o quarteto do bairro do Limão que criou o iê-iê-iê, baladinhas de dois minutos muito michas e, depois, canções de drogados. Este grupo era formado por: João Lênia, Paulo Ma-carta-no-correio, Jorge Filho-de-Haroldo e Anel Estrela, o baterista. João Lênia era um mito, um homem extremamente preguiçoso que se achava mais famoso que Jesus Cristo, e que depois foi tristemente assassinado por um menino que lia O Apanhador no Campo de Centeio. João fez músicas como “Imagine só isso!”, “Espera por mim”, etc. Paulo era muito comercial, era o que tinha idéias “que vendiam”. Era louco, drogado e muito estranho. Quando tocava e cantava, ficava reto, com as sobrancelhas arqueadas, altas, os olhos arregalados, e com uma voz de Reinaldo, voz de camelô quando dizia: “All togheter!” ou “Everybody!” nos shows. A banda foi tendo problemas, desentendimentos, por causa das drogas e do enjôo de tocar sempre com as mesmas pessoas. Jorginho, dentuço, tocava guitarrinha e depois acabou fazendo suas próprias músicas também, assim como faziam a dupla João e Paulo. O mané compôs: “Alguma coisa”, “Enquanto minha guitarra gentilmente chia”, “Sapato velho marrom”, “Homem-táxi” e outras. O Anel Estrela era um baterista comum, mas também fez seu sucesso, cantando “Submarino Amarelinho”, “Jardim do Polvo”, etc.
A banda revolucionou a maconha e o LSD, e durou uma década. Depois, quando João conheceu a artista Yoca Tonca Onu, eles não se desgrudaram mais e isso causou ciuminho nos outros três, que brigaram e acabaram com a banda. Jorge Martinho, o empresário, chorou muito.
Eles fizeram as seguintes músicas: Be-le-le, Por favor Por favor Eu, Me ama vai, Noite de um dia difícil, Ajuda!, Eu quero segurar sua mão, Submarino Amarelinho, Ontem, Hoje, Amanhã, Aniversário, Puta merda, Revolução, Ei Judas, Tudo que você precisa é amor, Volta pro teu canto, Viajante do dia, Alguma coisa, Vem junto (aquela que diz assim: “Vem junto... agora mesmo... pra cima de mim!!!”), Deixa isso ser, A longa e ventosa estrada, Eu estou legal, Vamos nadar, Requebra e gira (ou Twist and Shout, na versão japonesa), Jardim de Polvo, Água com açúcar, Menina, e milhares mais. Fez sucesso até não dar mais, e muitos se mataram por causa deles (não conheço ninguém, mas tudo bem).
Tinha ainda o Crença Revival da Água Clara, que era meio folk; o Fluído Rosa (que fez Dinheiro, A parede, O lado negro da Lua, Pulso, etc.); Pais e Mães (e entramos agora no movimento dos anos 60, o hippismo, conhecido pelas drogas e por bandinhas legais que pareciam ser inocentes mas não eram), que tocava Sonho da Califórnia, Minha Menina, etc.; As Portas, com o vocalista Jaiminho Morisona, muito drogado e louco, e cuja banda inspirou um filme do velho Oliveira Pedra (diretor de, entre outros: JFK, Platô, Assassinos que já nasceram assim). A banda lançou Ascenda meu foguinho, Quebra por fora, Blues da Casa de Estrada, Oi eu te amo, Mulher de Los Angeles, O fim, Pessoal estranho, Motocas na chuva, etc; Os Platônicos eram uns cinco negros cantores, quase uma valsa: O grande falsário, Só você, A fumaça tá cobrindo seus olhos; tinha também Nascido pra arrebentar e ser selvagem, do grupo Passinho do Lobo, tinha Jorgianópolis na minha cabeça, Agita a estrada Jacó e Solta o meu coração, do Raimundo Carlos (ou Charles Raymond, ou Ray Xarlescroque), tinha o Xa Na Na, que chegou a ir pro festival de Pau Legal (Woodstock), e que cantava Lua Azul, No Baile, etc., e muitas outras bandas.
Sempre em movimento, o clube era o agito da noite, você tinha que estar lá se quisesse ser um cara legal, e levar sua namorada ou sua turminha, pra fumar um, ou trepar, ou cheirar ou beber algo. Sacou?
Certa vez chegou uma banda querendo se inscrever no treco todo, eram novatos: um trio muito trilegal, mas que não tinha nome. Incrível. Não conseguiam achar um nome legal pra banda. E tocaram, mesmo assim. O público, chocado, começou a dançar as músicas. Estava aprovado. Os pais de Eric, contentes, falaram com eles.
Eram três. Um deles, um sujeito exageradamente alto e com cabelos à la Curto Cobaia (ou Kurt Cocaína, tanto faz. Falaremos mais dele e sua banda, o Minana), cantava e tocava a base, no violão legal dele. O segundo era chinês e tocava tanto o violão legal quanto a guitarrinha bacana, nas músicas que pediam um treco mais agitado. E o terceiro, gaitista, também cantava, e estava caído numa mesa de bêbado, coitado. O baterista era nômade, ou seja, tocava com eles só em apresentações e gravações, pois tinha umas bandas por aí, inclusive a famosa Cava Rosa (inspiradora do Rosa Boy, que já discutiremos). O baterista era leonino. E tinha também uma menina baixinha que tocava teclado. A banda jurou que ia criar um nome legal, e assim voltariam repetidas vezes ao clube pra tocar e pra se divertir. Eram antigos estudantes da escola APL (Associação Para Legaizões), na Rua das Roseiras. De lá saíram muitos outros personagens dessa interessante vida artística paulista, como o ator hollywoodiano e afrescalhado Mark Horse-teeth Réguada, mineiro por caráter, e o jovem Craigada Braba, japonês nerd que montou a banda cover dos Raimundos chamada Filhos de Gente Boa. O pai dele mijava torto, que nem te conto. A vida é assim, rapaz.
De qualquer forma, essa bandinha bacana criou sucessos bárbaros para seus álbuns de carreira, como Cordãozinho preto, Florzinha caipira, Amizade Blues, Rei Drogado (da novela), Missão mais do que possível e provável, Maconha, A vida é assim (forrózão), Los Tellos, Ginga, Cancã, Vestibulada na cabeça, Miolo de pão, Arroz selvagem, Faça a sua parte, Aniversário, Que animal é esse que eu estou comendo agora?, Balada do Marcos, Eu a mataria, Sonhos, Tigresa, tem também aquele hit que entrou pras dez maiores músicas do século, chamada Passarinho, teve Dentinho, Reguinha, Lúcio Henrique, Número Seis, Bira, Quem matou o Padovan, Que fim levou Bernardo?, Estou pra baixo, Se eu falecesse amanhã, e a melhor música que eles já fizeram, e os levou ao estrelato: “Free Fróh”, genial peça musical precursora do movimento Nada a Ver, que se iniciou nos anos 80, ao lado do punk rock e a new wave.
Um dia chegou pra eles um músico legal, o Pélvis Presilha, criador do rock legal nos anos 50, e disse misteriosamente:
- Escuta, querem um nome legal pra banda?
- Queremos – respondeu aquele que atendia pela alcunha de “Ganso”.
- Então olha só. Fica esperto que eu só vou falar uma vez.
- Beleza.
- “Amanhã te conto”.
- Certo – disse o chinês, já se preparando pra ir embora.
- Peraí, onde vai?! – irritou-se Pélvis, confuso.
- Ué, vou embora, você disse que amanhã me fala o nome pra banda!
- Não, eu não disse isso. Eu disse o nome da banda. “Amanhã te conto”.
- Tá bom, então amanhã a gente volta e escuta o nome, porra!
- Não, vocês não entenderam nada! O nome da banda é esse!
- “Esse”? O nome da banda é “Esse”? Ih, seu Pélvis, que nome sem graça, meu...
- Não! Não! Está errado! Imbecis, eu disse que... aaaaaah, esquece! Socorro! AAAAHHHHHHH!!! – gritou Pélvis, morrendo do coração por causa da bandinha. Coitado, já era gordo e inchado de tanta droga, agora não agüentou.
A banda desencanou e passou a se chamar “Cavaleiros de Elvis”, ou “Sem título”.



De volta a Eric

Eric crescia naquele ambiente, crescia, sempre de guitarra em punho, e sempre cleptomaníaco. Começou a se apresentar aos sete anos, compondo canções próprias.
Seus pais lhe arranjavam companhia. Uma delas foi uma garota, uma tal de Camila, que era putinha e sempre andava por ali. Teve também a Raquel, a Luana, a Carla, a Rebeca, todas dadas à vida. Quando ele conheceu a Camila foi aquele auê. O Eric pulou pra tudo que é canto, dando aquela famosa sambadinha dele, e dizendo:
- Hoje é Sexta-feira!!!
Aí eles foram conversar perto do banheiro.
- Oi, eu sou a Camila, tudo bom?
- Tudo. Sou Eric.
Ele olhava suado pra ela, sorrindo. Eric media somente 1,40m, e, perto dela, parecia um anão. Mesmo assim conversou, orgulhoso.
- Eu gosto de peixe – disse ele, no silêncio constrangedor. Foi a primeira coisa que pensou em dizer.
- É? Que legal.
Ficaram mudos.
- Quer namorar comigo?
- Só se você criar uma música que se chama “Cocaína” e se conhecer um amigo meu da escola.
- Fechado. Vamos namorar.
Eles ficaram juntos a partir de então. Tudo o que diziam era sem sentido. Se casaram semanas depois. Eric adolescente, e ela também. Afinal foram conhecer o tal amigo da Camila. Se chamava Nilo.
- Como?! – Eric não entendia.
- Nilo – repetiu o rechonchudo garoto.
- A música... muito alta... não deu pra... – Eric segurava um copo de uísque, e pôs a mão na orelha pra ouvir.
- Nilo, porra!
- Ah! Tá, meu, não precisa ficar bravo não, viu? – disse Eric, enfezado – Que nome exótico, gostei, menino.
Eric às vezes dava a impressão de ser bicha como o pai, mas não era. Uma vez fez sexo com Camila ao vivo, no Teco´s. Foi a noite mais quente.
- Eric, eu não sei nadar, então é melhor a gente ir pra casa – disse Camila, e Eric não entendeu o sentido daquela frase.
- Tá – disse Eric, ajeitando os óculos fundo de garrafa.
E se despediu de Nilo:
- Foi um prazer, Niloporra!
Sem comentários.



Os Pássaros de Quintal

A primeira bandinha de Eric Claptomaníaco foi os Pássaros de Quintal. Era blues inspirado nos veteranos do blues raiz, anos 30, 40, misturado com rock balada. Jovens, criativos, e efeminados, criaram a banda. O vocalista era um rapaz loiro, que também tocava gaita, e que convocou o Eric pra tocar guitarra solo. No baixo um outro sujeito. Na bateria, um outro. Aí, viram que o Jaiminho Página, o guitarrista do Teleguiado Dourado, estava sem trampo, e foram chamar ele.
- Topa?
- Topo.
Foram.
Aí, depois de um tempo, quiseram chamar um novo integrante.
Havia um moço, Chuca Bérra, mestre do rock, e que era negro. Gente boa. Falaram com ele:
- Quer fazer parte da banda?
- Quem, eu? Malandro, eu toco sozinho.
- Malandro? – Eric sorriu, aos poucos – Gostei de você.
- Sou Chuca. E você é o Eric, né?
- Sou o Eric... malandro – e Eric fez sinal de positivo com o polegar, sorrindo – Beleza... a gente se tromba por aí...
- Você também é fã do Gonzaguinha?
- Claro. Quem não é? Como adivinhou?
- É que ontem eu sonhei que minha mãe me chamava pelas ruas, e ela dizia: “Chuca, seu irmão está perdido!”. Entendeu?
- Nossa... fantástico – Eric fingiu entender tudo.
- Tchau.
- Tchau.
E foram falar com uma banda maneira, o Geléia de Pérola (das canções Jeremias, Negra, Filha, Faça a Evolução, Cérebro de J., Me Empurra e Me Puxa, Todos aqueles ontens, Nada como parece, Ar Fino, Soldado do Amor (regravação dos Besouros) e Último Beijo, entre outras), pra ver se eles tinham alguém sobrando. Diz que não. O vocalista, Eduardo Vedado, apontou pro outro lado no balcão do bar, e indicou um sujeito maltrapilho que estava bêbado, caído.
- Tá vendo aquele ali?
- Tô.
- Sabe quem é? – perguntou Eduardo, sério.
- Acho que sim – respondeu Eric, violão nas costas – Seria o Jefferson Beck de Maconha?
- Ele mesmo – Eduardo jogava pôquer com os caras do Geléia de Pérola e integrantes de outras bandas grunge, como o Minana, de Curto Cobaia (cujo baterista depois formou uma banda, o Lutadores de Kun-fu), Modarronia e Som de Jardim, assim como o guitarrista do Alice em Correntes.
- Será que eu chamo o Jeff Beck de Maconha?
- Vai fundo.
- Sabe o que é, carinha? – Eric olhou em volta – É o pessoal da banda. Eles querem tocar. Mas acho que não dá pro Beck de Maconha tocar os solos.
- Ih, rapá. Aí tem que vê. Diz que ele toca de tudo, até sino de Natal.
- Vou lá. Obrigado.
- Disponha.
No caminho Eric Claptomaníaco ficou tonto com o som e as luzes fortes da danceteria. Era a época das discotecas, e aquele gigante globo brilhante no teto incomodava. O Tony Manero dançava arrepiado, apontando pra cima e remexendo os quadris. Ninguém imaginava que Manero era, na verdade, um drag queen. Era o ator americano João Travecolta, disfarçado. E na outra ponta os Bê Gês cantavam animados.
Ele trombou com a vocalista dos Fingidos, banda punk dos velhos tempos.
- Cuidado aí, panaca.
- Desculpa.
Chegou no balcão, pediu um chope escuro alemão.
Jefferson Beck de Maconha dormia.
- Ei. Ei, amigô.
- Hum...? Quem...
- Sou eu, o Eric. Esquece a maconha um pouco, Zé Mané, e fala comigo.
- Hã – Jeff era cabeludo, e os cabelos estavam empapados de baba.
- Escuta. Quer fazer parte da minha banda?
- Qual é?
- Pássaros de Quintal – disse Eric, grave, tomando um gole do chope e deixando a barba rala toda branca.
Jeff ficou pensativo, sério.
- Quem tá nela?
- Olha, tem o baterista, gente boa, mais o baixista, um queixudo sulista, e tem o Jaiminho Página e eu...
- Aquele calhorda... canalha...
- Quem? O Página? Você não gosta dele? – perguntou Eric.
- É um boçal.
- Vai, entra na banda, só falta você, Jefferson. Diz que vai.
- Hum...
- O que você toca?
- Sino de Natal, campainha, triângulo... tudo.
- Fechado. Aceitamos você.
- Tô dentro. Vamos lá?
- Vamos.
A banda estava pronta.
Mais pra frente, Eric acabou acabando com a banda, cada um seguiu seu destino. Ele ficou na carreira solo, assim como João e Paulo dos Besouros. Tocou seu famoso acústico, tocou “Leila”, “Lágrimas no Paraíso”, sua versão da música de Robertinho Marelo, “Eu atirei no Xerife”, sua versão para “Batendo na porta do céu”, de Bobo Dilano, etc.
Um dia conheceu Bobo Dilano, um carinha esperto que cantava bem, compunha as próprias canções, tocava violão e gaita e fumava maconha. Com cabelo blackpower e jaqueta jeans, foi um ídolo no clube. Criou “Como uma pedra rolante”, “Furacão”, “Sr. Pandeiro Homem”, “Se não por você”, “Batendo na porta do céu”, “Como uma mulher”, “Este não sou eu”, etc.
O clube passou para as mãos de Eric e sua nova esposa, a Cindy Lopa (depois que ele terminou com a Cindy Crofardo e com a Marilina Morro), quando seus pais morreram de derrame (os dois ao mesmo tempo). Era a herança que recebia.
Surgiu a banda Pedras Rolantes, de rock. Liderados por Mico Jégue, um bocudo com muita maquiagem, eles eram muito novos e já arrasavam, com seus coletinhos e gravatinhas e terninhos. Tinha o Queito Ricardos e o Briano Joanes, e os sucessos Satisfação, Açúcar Marrom, Puta, Vodu Longe, Me Começa Pra Cima, Simpatia pelo Demo, Cavalos Selvagens, Pinta de Preto, Amor é forte, O tempo tá do meu lado, Parabéns, etc.
Edgar Allan Poe e Lima Barreto eram grandes freqüentadores do bar. Assim como Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Victor Hugo, Fagundes Varela, Lord Byron, Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Luis Fernando Verissimo, Alfred Hitchcock, Frank Sinatra, Muhammad Ali, Einstein, Julio Verne, Conan Doyle, Sherlock Holmes (um detetive que só ficava chapado, tomava chá de cogumelo e dançava com garotas no clube), James Bond, Jerônimo, Santa Adelaide, Lurdes e Albano, Henriques, Marcondes, Sylvester Stallone, Harvey Keitel (de Cães de Aluguel), Liz Taylor, Marlon Brando Jr. e seu pai, Sonny, Franky, Johnny (todos da máfia, contratados pelos donos do bar), Don Corleone, Don Pepperone, Santini, Shi Song, a Yakuza, o Sushi Mirim, Escoteiro Mirim, Aventureiro da selva, De Niro, James Woods, os caras do Ira! (cujo vocalista... desculpe, mas não dá pra segurar! ...criou o mito da raça “Eu não pratico bruxaria”, sujeitos que odeiam esportes, e que estão na faixa dos quarenta, bebem com os amigos no bar, têm entradas no cabelo, são à moda antiga, bêbados, barrigudos, desleixados, usavam viseira ou boné, atendem a uma seita muito conhecida, são pais de família e pensam que cantam bem, e se vestem com um shorts de tac-tel azul, e camiseta cavada branca, e cabelo despenteado. O Nazi do Ira criou a seita e é o líder, com suas costeletas velhas), João Penca e seus miquinhos amestrados, Willy Nelson, J. D. Salinger, Jack Kerouac, Nelson Ned, Holden Caulfield Jr. e Van Damme.
E com isso veio a era de prata, veio o heavy metal, veio o blues, o jazz (com Luís Braço Forte, trompetista, Duque Elintone e outros), o folk, black music dos bairros negros e pobres como Pedreira, Santo Amaro, a zona Norte, etc... surgiram manos da periferia, o pessoal que cheirava cola e fumava maconha, teve o rap, o funk, festivais de MPB (com Pixinguinha, João Gilberto, Tom Jobim...), a Jovem Guarda, com Boberto Barlos, Esmerado Barlos, Vanderlurdes Déia, Simonsene, etc., vieram os hippies, Os Mutados, Gilbertinho Gilete, Chiquinho Buarqui, Cantando Zeloso, e muitos outros.
Vou fazer um breve comentário a respeito do sucesso dos Besouros nos anos 60. Descobriu-se que eles são demoníacos, e os estudos dizem que são espíritos malignos, demônios malditos que eram habitantes da Atlântida, o continente perdido, milhões de anos atrás, e que afundaram oceano abaixo com a cidade. Moraram no mar, e depois morreram e reencarnaram como quatro músicos esquisitos e famosos. Por isso que nas letras e no comportamento deles existem coisas esquisitas, coisas do além, malignas, como vozes estranhas nos discos quando ouvidos de trás pra frente. São simpatizantes do demônio, e por isso é que brigavam tanto. Pronto.
Surgiu o reagge, que apareceu entre os surfistas no início, e que foi inventado em Santos, passando depois pro Rio, e Porto Seguro, e Maresias, Ilha Bela, Praia Grande, Suarão, etc. Com isso também surge a surf music, que teve como maiores representantes: Dico Dale, guitarrista do surf, veterano nos dias de hoje, de muita técnica, e os Garotos da Praia, os cinco marotos que inspiraram os Besouros. Dico criou clássicos instrumentais, como: “Cano de esgoto”, “Vamos ir viajando”, “Misirlou tudo”, “Rei da Guitarra de Surf”, etc. Os Garotos da Praia fizeram: Safari do Surf, Surfando, Garota Surfista, Caratê, Wipado Fora, EUA do Surf, Legal Legal Legal, Garotas da Califórnia, Boas Vibrações, e outras.
Houve o movimento gótico, new wave, underground, o modernismo, a Guerra do Vietnã...
Músicos de blues, como o Bebê Rei, o João Roca, Roberto Filho de João, Charles Raimundo, Água Muda, Joãozinho Inverno, etc., que revolucionaram a música negra.
As discotecas tiveram seu auge, e o punk também, com bandas como: A Claxa (Devo ficar, ou devo ir?), Os Fingidos, Pistolas do Sexo, Las Ramonas, Dia Verde, Ofesprenga, etc.
O Roxo Profundo (com o guitarrista Mais Preto) atacava com seu rock pesado, em canções como: Fumaça sobre a água, Tipo estranho de mulher, Estrela da estrada, A Mula.
O Sabateado Negro, banda do demo, mandava ver com seu vocalista criativo, Onze Osbonze, com: O Mágico, Perigo, Paranóico, Homem de ferro, Mudanças, etc.
Vieram os yuppies, a geração beat, os rebeldes, as chacretes, o laquê no cabelo, os cadillacs, o milk-shake, o Mequedonaldes, a caixa-junque (que tocava músicas pondo-se uma moeda), o mal-do-século, byronianos, Los Lobos, magia negra, vodu, Gugu, Jujubinha e sua turma, Jô Soares e o Sexteto, Marquinhos...
Teve Os Macacos, Super Trampo, Joãozinho Rios, Alano Parisons, Woodstock, Janete Joplina, a hippie drogada, o grande guitarrista Jaime Rendrixo, negro gente boa; Henrique Ralei e seus cometas, Pequeno Ricardo (de Longa e Alta Salete), João Coca (Com uma pequena ajuda dos meus amigos, dos Besouros), Santaninha, o guitarrista latino, Francisco Zapa, etc.
Os sucessos iam do forró e do axé ao samba e sertanejo:
Baladinhas, Feijãozinho no dente, Caipirinha, Cocadinha, Doce de Coco, Bela Merda, Cocô e Tutu, Tutuzinho, Jujubinha, Kiko e Los Tarados, Os Morcegos, Cabeça loura, Dieguito’s, Diegolino, Mela Cueca, Fritex de Cebola, Calcinha branca, Meninotas, Tô indo pra casa, Cadê eu, Nóis mesmo, Retardado e Moradinha, Lili e suas Lindas, Seu Pedro e as baratas, Pedrinho desce daí, Los Travessos, Dengozo’s, Gordines, Godines 2 A volta, Jujubinha 3 A vingança de Mortadela e Salaminho, Juquinha Redondo, Patty, Baby, Marcos, Cabecinha, Pescocinho, Queixinho de Menininho, Barriguinha Louca, Los Gordos, Nunca mais, Cabeça de Arroz, Cabeça de Peixe, Lazanha, Chico Lenga e seus trabalhadores do campo (na onda das bandinhas com um vocalista e três outros de coro), Cabeça de Sebo, Cabecinha de Laranja, Cabeça de Pano, Chifrudinhos, Labareda Rosada, Sanduíche de Meninota, Rapariga’s, Cheiro de menina, Las Quitérias, Godines e seu cão, Los Morenoz, Negros Doces, Negritos, Chocolates, Jambo Music, The Lepro’s, Estamos pensando no seu caso, Oi tudo bem como vai, Vou bem, Até amanhã, Barriga d’água, Enxada, É um grande prazer estar aqui, É incrível como não consigo calar a boca, Estamos sempre tentando ser simpáticos, Estamos com shows em Sorocaba, Uberaba, Fortaleza..., Justus e Arantus, Lelé, Tutuguru, Viadagem, Sacanagem, Tatuagem, Mano Bravo, Mano sete letras, Olho de boi, Olho de peixe-boi, Insanos, Só na Maldade, Olhinho, Olhinho de cabrito preto, Zebra, Fernando Moisés, Bebê a bordo, Bebezinho, Cabeça de Nenê, Carnificina de criança, Jujubinha está de volta, A turma do Cuca, Nenê Feio, Nenê Cabeçudo, Garganta Podre, Plantão Médico, Risada do Jô Soares, Guigui, Retrato de um imbecil, O aluno é um perfeito retardado, Um perfeito palhaço, Grandes pulos da humanidade, Cabeça de ovo, Liquidação, Teco Teco Coragem, Justino, Zezinho o dono da porquinha preta, Soltei pum na gibiteca, Saltimbancos, Leoninos, Rosa Boy, Espuleta, Devagar quase parando, Caramelo (a melhor banda da década), Já Parou, Jacarézinho, Xaropinho e Xaropenga (a dupla mais premiada), Larindo, Dorme Sujo, Craig e seu computador, Pai do Craig, Japoneses, Charles Raimundo, Davi e os afogados, Zé Legal, Lalau, Banzé e os havaianos, Chinelo, Sandália, Cara de cu, Gordão, Marquinhos Mineiro, Gente Brava, Chiquinho, Bobinho, Carinha de Bosta, Arnaldo, Sandrinha, Malandros, Safados da Ladeira, Meninos Pretos, Negrinhos, Cacau bobo, Mão Boba, Todos nós, Meu casamento chegou num estágio assim meio que corria risco de acabar, Musiquinhas, Sonzinho Legal, Minha vida dá voltas, Sou defensor de um conceito muito profundo de caráter, Quero que volte sempre, Zezinho foi na feira, Tio Rafael, Só esta semana, Não dá corda, Diz que vai chover, Amanhã eu volto, Boa noite, Bom dia, Oi vamos fazer sexo, Gustavão, Los Sexuais, Rubão, Rubinho, Jorginho, Ubirajara, Marceleza o baterista da rua de trás, Furlão e Reinaldo, Tonho, Toninho, Tonhão, Tonho da Lua, Manco, Suzi Menina Tarada, Teresa de Deus, Jesus, Quando meu pai chegar, Vai pegar pão na padaria pra sua mãe, Somos um só, Somos negros, Filhos de Hitler, Dançando na rua, Wally, Pão de queijo, Cinturinha, Babau, Babalú Vermelho, Trenzinho, Pirulitos, Jajabara, Pindo lindo, Binto, Binto Lombo, Quedinha, Tenho uma queda por ti, Dada, Deda, Dida, Daniel e os linguarudos, Astronauta do verão, Kaka, Cacá, Laurinha, Las meninas, Las gostosas, Las vadias, Bunda de vaca, Bundinhas, Juliana, Mariana, Tatiana, Luciana, Ana, Taturana e Marciana, Gu, Teco-lelo, Telelecoteco, Teleco, Macaco de Praia, Curandeiro, Padeira, O Monossilábico ataca outra vez, Grandes Bigodes, Ester a marinheira dos mares, Loiraça perfeitinha, Olha que formosa, Los Formosos, Fortinho, Fortinho 2 O incrível, Surf na Ilha Torta, Meninos da Ilha Comprida, Pandeirinho Animado, Chapados, Cocaína Negra, Barco Branco, Cachorrinho, Los Cachorros, Lambarica, Boca de Couve, Vai pro inferno, Que que tá olhando, Jogay fora, Joguei dentro, Camiseta Cavada, Teta, Queijo verde, Lourinho, Pescoço duro, Postura ereta, Barriga pra cima, Mantendo a dieta, Abdômen Prolixo, Lábios carnudos, Nariz Aquilino, Sobrancelhas bastas, Testa Ampla, Olhos felinos, Cabeça de Bazzi, Retrato de um colégio, Professor de Química, Tourado, Fefe, Galinhas assadas, Raquel e as inesquecíveis, Diretas já, Che Guevara pega na benga, Bate forte o tambor, Dárcio, Primo do Dárcio, Filhos de Darcity, Teletubos, Assanhados, Moreninha, Marlene Albatro, Flocks of Seaguls, Where can you be, Nós somos music, Negros Music, We Are Negros, The sound of Liminha, Limoeiro, Baixinhos, Oba vamos pescar, Roni e sua igreja menonitas, Larga o meu pano, Vai pra lá, Dá um canto, Feirinha, Cabe mais um, Violão de chocolate, Forte pra burro, The Great Baianos, La Bachiana, A Baiana, Banana Dustin’, Gary Cu, Larry e as três lesmas, Banho de Sal, Www.aventura.com.br, Moço do sonho, Toddynho, Moço do churro, Sorveteiros, De Volta Para o Futuro, A Volta de Larry e as Três Lesmas 2 A vingança, Jujubinha em fim de carreira, Maiores Sucessos, Grandes Nomes, Greatest Hits of Eduardo Joresmo e Punhadinho, Braço pequeno, Perna Grossa, Barriga Longa, Vou te ensinar como é que se faz, Muitas Calcinhas, Meu menino, Sua menina, Enfiei com alegria, Nunca mais vou lá, Estou cansado, Já chega, Até logo, Boa sorte, A caravana não pára, Caravana Celso Portiolli, Bavária, Xilique na criança, Criança Blues, Campanha do Gustavo, Super-ruim e Leonardo Xampoo, o Doce.
Estes são somente alguns deles. Grandes nomes, nunca esquecidos pelo tempo. Seus pais lembram, pode perguntar. Eu me lembro. Quem não lembra? Velhos discos, músicas inesquecíveis.
No meio daquela vida de transtornos, shows, cachaça e risadas, Eric abusou muito das drogas, ficou péssimo. Internado, tentou se recuperar. Tentou mesmo. Conheceu gente como ele. Mas no final não conseguiu, e teve uma overdose. É o triste fim do nosso artista.
Mas sempre nos lembraremos dele pensando naquela dançadinha que ele dava no fim de toda as apresentações. Todos aguardavam, ansiosos. Ele sério, tímido e calado. Largava o violão, olhava em volta, maroto, querendo rir, e de repente começava a se sacudir, sem roupa, e sambar no palco. Todos deliravam, pediam mais, desmaiavam. Ficará para sempre na memória.
E aqui chega ao fim a nossa breve história deste músico imortal que se chama Eric Claptomaníaco. Ele mora no nosso coração, e será sempre bem lembrado.
Obrigado, Eric.



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