Às vezes sinto-me ausente,
de mim mesma, bem distante.
Olho de fora pra mim
vejo apenas uma errante.
Que erra por todas estradas,
erra só , acompanhada,
erra sem dó, sem piedade,
com pureza, sem maldade.
Olho pra tal criatura,
a vagar, de um lado a outro, a figura,
como quem anda a buscar
o que nem sabe o que é
tampouco se vai encontrar.
Boa observadora que sou,
olho, observo, perscruto,
procuro a cada minuto,
onde esta busca vai dar.
Vejo-a por vezes, silente,
parada, louca, demente,
como quem não percebe o que faz,
que parada como está,
tem olhos que correm atrás
do que não sabem achar.
Ainda do lado de fora,
vejo-a buscando ir embora
sem porta alguma encontrar.
De um nada lhe vem a calma,
a tranqüilidade serena,
de quem, no fim de suas penas
sabe que a busca é esperar.
Senta-se e espera paciente,
aquele momento em que a mente,
vai deixá-la descansar.
Entro de volta e acompanho,
mais de perto, companheira,
o sofrimento tamanho
daquela eterna guerreira,
cuja guerra é estar viva,
alerta, sensível, altiva
pra não me deixar desabar.
|