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cronicas-->Devo não nego, pago quando puder -- 09/02/2003 - 20:01 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esta é a frase mais ouvida no Brasil nos dias de hoje. Do Oiapoqui ao Chuí, de leste a oeste, nos quatro cantos do país, o brasileiro admite corajosamente que é um devedor, e orgulhosamente afirma que em algum lugar do futuro irá pagar a sua dívida.
O engarrafamento financeiro teve início no governo do bonitão Collor, que apoiado por toda a mídia, e pelos que tinham medo do Lula, surrupiou o dinheiro que uma boa parte da classe média tinha nos bancos. Os pobres, os miseráveis, num primeiro momento, pareciam ter ficado numa boa, porque, aparentemente, nada tinham a perder.
Puro engano.
Com o passar do tempo, todos foram percebendo que o roubo tinha afetado todo mundo de uma forma ou de outra. Os ricos não pagavam os remediados porque diziam que o dinheiro havia sido confiscado pelo "plano Collor". A classe média comunicava aos pobres que não poderia continuar os pagamentos porque o dinheiro estava bloqueado nos bancos. Os pobres não pagavam as suas contas porque estavam ficando cada vez mais pobres, porque os mais ricos não lhe pagavam e não lhe davam mais emprego, porque não tinham como pagar os salários.
Quando a mídia e as elites descobriram que Collor era um blefe, um Janio Quadros pós-moderno, que não iria ajuada-los em nada, resolveram tira-lo do poder, trazendo para o conhecimento do público a roubalheira governamental que acontecia sob o comando do famoso Paulo Cesar Farias.
Banido o "Gatão das Alagoas" e toda a sua quadrilha, o governo foi entregue ao playboy Itamar Franco, que deu as chaves do tesouro para o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que logo recebeu ordens do FMI para que fornecesse o segredo do cofre para o Sr. Pedro Malan.
E assim, o Brasil continuava a dever cada vez mais, e o seu povo endiividado entre si. Todos estavam começando a dever a alguém. A ciranda finacneira tão movimentada na alta cúpula, começava a chegar dentro do povo. Só se falava em dívida externa, interna, fictícia, contábil, virtual, enfim, o povo foi percebendo que o graande negócio era ficar devendo cada vez mais.
Durante o governo do imperador FHC, a propaganda governamental, levada ao ar dia e noite na mídia, só falava em alta do poder aquisitivo, porque a inflação estava sob controle. Todos agora podiam gastar a vontade, porque o custo de vida tinha se estabilizado.
Para que isso pudesse acontecer, os blefadores do governo, liderados pelo chefe Pedro Malan, começcaram a aumentar os juros, pois, paradoxalmente, apesar de tudo estar uma "maravilha", o povo não podia sair comprando tudo, porque se o fizesse, não haveria mercadoria para todos, e os preços iriam aumentar, seguindo a lei da oferta e da procura.
No meio desta loucura virtual em que havia se transformado o reinado de FHC, a mídia continuava a fazer a sua parte, apoiando irrestritamente todos os atos governamentais, principalmente quando começamos a dar de presente para as empresas estrangeiras todo o nosso património.
Os estrangeiros começaram a comprar as nossas estatais usando o nosso proprio dinheiro para paga-las. Como todos no Brasil já estavam devendo a todos, os estrangeiros também resolveram entrar na dança, isto é, pediam emprestado mas não queriam pagar, sempre pedindo algum tipo de isenção ou incentivo.
A epidemia da dívida foi se alastrando por todas as partes. A única oportunidade de se ganhar dinheiro no Brasil era, e ainda é, por intermédio da corrpução.
As elites levaram as suas fortunas para dentro dos condomíniios, onde começaram a contrair dívidas entre eles. O governo FHC, por intermédio do seu administrador Pedro Malan, tratava de manter o nome da empresa Brasil S/A fora do SPC internacional, pagando religiosamente os juros ao FMI. O mundo inteiro sabia que nós somos ótimos pagadores. O governo FHC tirou do povo para poder pagar os acionistas do FMI.
Parte do FGTS que foi surrupiado dos trabalhadores pelo " new cangaceiro" Collor, e que o governo FHC se prontificou a "restituir" porque a justiça já estava dando ganho de causa para todos que à ela recorriam, depois de ser considerado a maior apropriação indébita da história, deverá se tornar no maior roubo de todos os tempos, pois as importàncias devolvidas estão muito aquem do que foi roubado. Diante deste quadro, as pessoas que tem alguma coisa a receber do tesouro nacional, não saldam as suas dívidas, alegando que o governo ainda não pagou o dinheiro que surrupiou deles.
Na sequência, os credores dos credores do governo não pagam as suas contas à terceiros porque ainda não receberam dos seus devedores que foram roubados pelo governo.
Assim sendo, essa onda de calotes vai se alastrando, virou uma epidemia, e ficar devendo está se tornando a coisa mais banal e corriqueira do mundo.
Outro dia, ouvi no ponto de onibus o seguinte diálogo:
"Seu José, o senhor não pode me pagar aqueles 30 reais que me deve não?"
"Posso não! O bacana ali daquela casa que eu fiz um serviço, não me pagou os 500 reais que me deve. Diz ele que não recebeu ainda o salário de dezembro, porque a governadora Rosinha diz que o governo federal bloqueou uma devolução de ICMS para o estado do RJ, e alguns fiscais, todo mês, recolhem para as suas contas bancárias na Suiça, a parte do ICMS que sobra. Olha, se a senhora quiser, vamos lá falar com ele, e eu passo a sua dívida para ele pagar. Ele me paga 470 reais e dará 30 reais para a senhora."
O Brasil está entrando num engarrafamento de dívidas descomunal, e seguindo neste rítmo, dentro de pouco tempo os calotes vão dar um nó, e ninguém mais vai para lugar nenhum, pois não haverá mais dinheiro corrente. Os bancos só existirão para comprar letras do tesouro nacional, que tem juros astronomicos, e dolar nos leilóes do Banco Central. Dentro de pouco tempo dívida seerá uma "moeda" de troca, e estaremos pagando dívida com dívida.
A reboque de tudo isto, estamos esculpindo uma geração de caras-de-pau que jamais existiu em lugar nenhum da terra, sem precedentes na história do planeta. Seremos considerados únicos na arte de dever e não pagar.
Termino esta minha crónica endividada com uma frase que já lí em algum lugar:
"O povo, endividado e penhorado, agradece."

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