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Cronicas-->Crónica escrita no alvorecer do ano novo Lular -- 09/02/2003 - 20:03 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Brasil, como na história do bom garoto, faz certinho o seu dever de casa, pois resgata as suas dívidas pontualmente, sendo que em 2002 já perdemos a conta dos bilhões de dolares que pagamos de juros ao FMI.
Com muita alegria e muita festança, durante o império de FHC, privatizamos quase todo o estado brasileiro, isto é, entregamos tudo ao glorioso capital internacional.
Segundo os homens que ainda estão no poder, os estrangeiros saberão zelar muito melhor pelos nossos interesses, e terão dinheiro para modernizar as nossas empresas, o que significa que estaremos, ou eles estarão, capacitados para competir num mundo globalizado.
O nosso ministro da Fazenda Pedro Malan, cujo reinado aparentemente chega ao fim, sumiu do mapa, deixando apenas em cena um presidente em final de mandato, triste por largar o poder, mas sorridente, fagueiro, alegre, saltitante, poligrota, com aquele jeitão de grande imperador, que apenas sai do cenário temporariamente..
Segundo o pensamento desta elite que deixa o poder, para nossa "salvação", estamos estreitamente ligados e azeitados aos grandes especuladores e banqueiros internacionais, isto é, aos trezentos e cinquenta e seis nomes que detem 40 % do capital que rola aqui na Terra.
Para completar este belo quadro, somos um povo ordeiro, educado, alegre e faceiro, sempre de braços abertos aos que aqui chegam, pois todo brasileiro é uma espécie de Cristo Redentor dos que desembarcam nesta terra para ganhar dinheiro.
O presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva, diz que não irá mexer na base da política económica dos que saem. É triste.
Conforme dizia há um ano atrás uma notícia no Financial Times, em 22 de dezembro de 2001 - "Para administrar uma banda cambial é necessário, em termos ideais, uma vinculação com a moeda de um país com o qual se realiza uma boa parcela de sua atividade comercial, uma economia doméstica flexível, um forte sistema financeiro, uma robusta postura fiscal e um povo disciplinado e contido" .
Resumindo, aqui estamos deitados em berço esplendido, nos banhando num mar de rosas sob o auri-verde pendão, ou perdão, da esperança, e o augusto da pátria, aceitando tudo, ouvindo tudo, concordando com tudo, agraciados com uma mídia que está perfeitamente orquestrada com aqueles tais 356 nomes que ditam as normas nos quatro cantos do mundo.
Somos um povo maravilhoso, sendo que cerca de quarenta milhões de pessoas desta gente brasileira sente fome e não protesta, nem saqueia, apenas resmunga que a vida está ruim.
Todo presidente que entra diz que vai acabar com a fome deles !
Outros tantos milhões de pobres que detestam pobres, e só elegem os ricos, pois não confiam nos pobres, assistem novela toda noite, absorvendo o drama dos personagens, sentindo na pele tudo o que acontece com eles, e, por comparação, acham que a vida do pessoal da novela está pior que a deles, pois aquela mensagem de que dinheiro não trás felicidade a ninguém faz o efeito desejado em cima dos telespectadores, porque está subliminarmente colocada ao longo de toda a história.
Possuimos uma classe média que está empobrecendo, mas que também não gosta de pobres, e vai se afundando silenciosamente na sua penúria.
Estamos um povo empobrecido que detesta a indigência !
Somos um país que pode se vangloriar de ter um número fantástico de economistas, financistas e administradores, que sabem de tudo, estudaram nas melhores universidades do mundo, tem opinião sobre tudo, mas nunca podem ser contestados por nós infelizes mortais, sob pena de sermos execrados, pois todo brasileiro tem que ter fama de bonzinho, e sempre cooperar com o bom andamento do processo democrático, para que o pessoal dos outros países nos admirem por sermos um povo ordeiro e respeitador da livre inciativa.
A livre tudo, que deus nos livre, e em todo amanhecer de um novo dia, encerramos a nossa reza dizendo : "...e livrai-nos do mal, amem".
O nosso presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva, só se elegeu porque arrumou um marqueteiro que tirou dele aquela origem pobre, transformando o mecànico num engenheiro, frequentador de bons lugares, amigo dos ricos, com um vice-presidente que é líder empresarial e milionário.
A nossa nova "salvação" nacional veio sem cheiro de pobre, simpático, perfumado, sorridente, com pinta de sabe tudo.
Assim sendo, com tudo isto, teremos uma passagem de ano diferente dos argentinos e demais povos que estão, ou estavam, esperneando e lutando pela sua dignidade.
Os poucos lúcidos que por aqui teimarem em sobreviver, estarão marginalizados, porque serão os eternos desconfiados e pessimistas, crentes, mas com a pulga atrás da orelha, pois eles sabem que este filme já foi reprisado muitas vezes na história do Brasil.
No entanto, a esperança é a última que morre.
Quem sabe poderemos estar no limiar de uma nova era.
Todos esperam que o ano novo Lular tenha oito anos de luz.
Enquanto a vida segue o seu curso normal, seria muito bom que o Lula ficasse de olho bem aberto com o novo "companheiro Bush", e não esquecesse das palavras de um conhecido historiador americano, John Kenneth Galbraith:
"Globalizacao nao é um conceito sério. Nós, americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada económica nos outros paises".
FELIZ ANO NOVO LULAR PARA TODOS !

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