Vi uma formiga
Manquitolando
Porém levando
Carga antiga
Sem ter barriga
Em si pesando
Mas soçobrando
Pela fadiga
Não teve amiga
Lhe ajudando.
Só formigando
Pareceu ela
Sem choro e vela
Muito sonhando
Saiu voando
Pois asas tinha
Ela sozinha
Sem companheiro
Do formigueiro
Era rainha.
Ia e vinha
Nos céus o vento
Triste lamento
Ninguém detinha
Duma avezinha
Presa em gaiola
Pedindo esmola
Cantarolando
E invejando
O tatu-bola.
Mui cantarola
Cantou o galo
Quando o cavalo
Belo e gabola
Firmou a sola
E empinou-se
Dando seu coice
Em vão no ar
E o rio no mar
Perdeu seu doce.
Chuva não trouxe
Uma resposta
Para quem gosta
Do agridoce
Briga de foice
O elefante
Não leva adiante
Cobra inimiga
Se empertiga
Beligerante.
É um errante
O boi de carro
Puxa no barro
Peso estafante
Leva pujante
Sozinho o fardo
E esse bardo
Que aparece
Se compadece
Desse bastardo.
Lanço um dardo
E acerto em cheio
Bem lá no meio
De um brocardo
Sou felizardo
E esqueço tudo
Fico sisudo
Ouço a cantiga
Não quero intriga
Porém me iludo.
Não estou mudo
Falo ainda
Que logo finda
O mal graúdo
Fica desnudo
O forte touro
E perde o couro
O boi chifrudo
Por ser carnudo
No matadouro.
Tolo tem ouro
No atoleiro
E o dinheiro
É desaforo
Para o mouro
Que tem Arem
Aqui e além
Com fé no Alá
Cristo está
Presente. Amém.
Vai e não vem
Amor traiçoeiro
Só o verdadeiro
A mim convém
Perdi alguém
Vivo tão só
Tal qual um Jó
Que solitário
Tem seu erário
De cinza e pó.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
bnedito.costa@previdencia.com.br
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS