Segurança
Uma embarcação é projetada e construída para navegar. Esta é a sua finalidade original, razão de sonhos, projetos e execução.
E vai ela, cumprindo o seu papel, através do tempo; vendo os anos passarem e sentindo o resultado do desgaste natural. Muitas vezes, além disso, vem a falta de cuidados e de atenções necessárias para que não acumule limo ou cracas, que obstem sua boa navegabilidade.
Porém, o principal fator de deterioração é o tempo, o envelhecimento natural e a obsolescência pelo temor.
Chega, então, a ocasião em que ela é retirada de linha, de curso e, à disposição de um uso mais adequado, acaba ficando fundeada ou atracada, como medida de segurança, até que, uma melhor destinação lhe seja dada.
Dependendo de seu estado, ela pode vir a servir como um hotel, por exemplo. Será usada para que as pessoas nela se abriguem, repousem ou se divirtam. Não é o sentido ideal como destino final, mas, tampouco é degradante.
Acontece também, de ir terminar seus dias, transformada em sucata, em um “ferro-velho”.
Outras vezes e com mais freqüência, até, acaba se deteriorando, pouco a pouco, ancorada, ao sabor dos ventos, da maresia e da implacabilidade do Tempo: “Senhor de toda a matéria”.
Assim também, ocorre conosco, embarcações construídas pelas mãos da Divindade, para que cumpramos nossa rota, navegando...
Através do tempo, do uso, das tempestades, da sobra ou da ausência de vento, vamos absorvendo inseguranças, dúvidas e perdendo a coragem de continuarmos navegando. Acomodamo-nos, ancorados, seguros, amarrados ao sabor do tempo, deteriorando, sucumbindo dia após dia por falta de coragem para enfrentar o mar e cumprir a derrota.
“Se eu fosse um barco, mostraria que estou vivo e navegando iria, jamais fundearia ou cederia aos medos meus”.
Hoje, nada mais sou, que um coração apaixonado querendo navegar nos braços teus.
Carlos Gama. www.suacara.com
30/5/2001 – 18,38 h
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