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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->UM INSTANTE DEPOIS... -- 01/12/2004 - 08:19 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM INSTANTE DEPOIS...

As dores passaram de repente e nada mais sentiu...
Morreu.
Morreu simplesmente, e nada mais...
A morte é esse alívio?...

Na verdade, pensara como quase todo mundo, que depois de morrer há um movimento muito grande de acontecimentos precipitados em um curto espaço de tempo. E como quase todos acreditam, ele também tinha a ilusão de que encontraria muita gente alada, muitos anjos... Lembrou de todas as piadas que sabia sobre a morte e de como acreditara nessas anedotas como se elas fossem um evangelho à parte. Pensara encontraria São Pedro com uma enorme chave numa mão, e um livro preto na outra, com os apontamentos das vidas de todas as pessoas, inclusive os seus...
Mas não havia nada disso... Nada de diabos carregando as pessoas pro seu lado, ou Jesus carregando outras pra outro... A única pessoa que viu foi a própria Morte. Também se enganara totalmente sobre ela. Foi a própria quem se apresentou sempre sorrindo. Não tinha aquela cara de caveira com uma foice na mão como estava acostumado a ver nas ilustrações em gravuras de muitos livros antigos. Nem a viu arrastando as pessoas em tormentos para entregá-las ao escaldante inferno como estava acostumado a ouvir... Ela chegou muito mansa, e pra falar a verdade, foi depois que chegou que ele sentiu alívio... Era bonita. Linda... Muito amável, de gestos bonitos, e seus cabelos esvoaçavam como as abas de suas vestes lindas como vestidos de noiva... Nesse instante preciso que a viu, acabaram as dores, os medos, as incertezas...
E falou com ele...
- Melhor, agora?... – ela perguntou.
E não tinha aquela boca horrível que todos esperam que tenha. Pelo contrário, tinha um sorriso lindo... E sua voz quando falava tinha a doçura da água que corre de uma fonte nas manhãs de sol em um vale encantado... Isso, ali era o vale encantado do qual ouvira dizer não se lembrava mais onde... E ele sentiu confiança, quando viu que ela tomou a sua mão e o ajudou a sair daquele lugar horrível onde havia passado as últimas horas. Lembrou do acidente como um lampejo em sua memória... Agora parecia que o tempo era diferente, e não havia aquela contagem angustiante que ele estava acostumado a pouco tempo atrás quando passara pelo tormento preso às ferragens com dores horríveis.
- Surpreso?...
A voz bonita pronunciava as palavras muito bem ditas, e ele não teve dúvida de que era a mais linda voz que conhecera por todo o tempo que tinha consciência de si. Ele não respondeu porque não tinha dúvida que a pergunta era muito mais uma afirmação que um questionamento. Apenas fez um aceno vago e esboçou o primeiro sorriso seu nesse novo (digamos) mundo...
Foi então que se lembrou do seu corpo... E a lembrança trouxe a mais estranha das realidades deparadas até então... Não havia corpo. A Morte também não o tinha, mas ele podia perfeitamente vê-la. Andava junto a ela consciente de que estava ali naquele lugar... Andava não, voava... Voava não, flutuava porque não havia asas e notou que bastava pensar em ir, e já estava indo... deslocando suavemente, sem esforço, sem barulho. Pesava em parar, e parava... Foi então que sentiu que não tinha peso. Mas não sentia falta dele... Como não tinha corpo, viu que os sentidos, como por exemplo o tato, foram substituídos por sentimentos... Só então foi que notou que a visão, o olfato, também era assim... Difícil seria se tivesse que explicar que apenas sabia que estava indo por um lugar... Flutuando... teve vontade de perguntar à Morte o que é que aconteceria depois, mas não teve coragem. Coragem não, ânimo. Ânimo não, disposição... Não, não era disposição, porque não tinha corpo, e uma pessoa sem corpo não tem esses sentimentos, que tinha deixado antes de encontrar a benfazeja Morte...
Então pensou consigo: “É melhor esperar para saber o que acontece. Tenho a eternidade pela frente...”

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Adelmario Sampaio
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