Mazola, como era conhecido no futebol, na pacata cidade de Bom Jesus do Itabapoana, norte do estado do Rio de Janeiro, gostava muito de brincar com o balão de couro. Desde os tempos de menino quando deu seus primeiros passos nas peladas de rua, ingressando posteriormente no Fluminense Bonjesuense, clube que tinha o seu campo às margens do rio Itabapoana. Devido a sua habilidade ganhou esse apelido, nome de um famoso jogador do passado.
Gostava também de brincadeiras como todo e qualquer moleque criado no interior, ou seja, bola de gude, cabra cega, pique esconde, futebol de botão e outras diversões. Adorava também colocar apelidos em seus amigos de infância e criativo como ele só, inventou a palavra "puáia", que acabou virando gíria no município local. E era "puáia" pra lá, "puáia" pra cá, tanta "puáia" que me perdoe o meu tio Zé, mas eu resolvi na minha historinha mudar o seu apelido de "Mazola" para "Zé Puáia".
Foi no futebol que surgiu a expressão, antes de uma partida, da qual não me lembro bem o adversário, o nosso figurão começou a efetuar malabarismos com a bola, chegando num determinado momento a brincar de jogá-la de um ombro para o outro deixando os adversários temerosos, atônitos e humilhados.
O Zé Puáia se divertia com aquela situação:
- Vejam só amigos, todos acham que jogo pra caramba! Tão morrendo de medo! Será que eles "comeram puáia"? Mal sabem eles que eu não jogo nada, Sô! - humildemente nosso habilidoso protagonista falava para seus companheiros de time.
O goleiro gargalhou, mas no fundo sabia que o "Zé" decidia pelejas do esporte bretão. No fim o Fluminense local acabou vencendo facilmente o embate.
Existe um segundo significado pra "Puáia" do tio Zé, o qual tentarei ilustrar na seguinte situação: Num determinado dia, na pracinha da cidade, onde como de praxe, as mulheres andavam no sentido horário e os homens no anti-horário. Na época não entendia muito bem a razão, mas hoje em dia reconheço que sentidos contrários facilitavam àbeça a arte da paquera. Bom, nesse dia chegou todo contente um figurão com seu opala comodoro zero KM, mostrando a todos o seu possante e comentando com uns sobre o seu carango. Não preciso nem dizer que o tio Zé comentou logo com a rapaziada que o tal sujeito estava
"comendo puáia", pois ganhava mal, se encontrava cheio de dívidas, em casa quase não tinha o que comer direito, mas queria mostrar pro povo um falso status social.
- Querem ver só? -Aproximou-se de sua vítima o nosso gozador:
- Ô mané? Me paga uma cerveja em nome dos bons tempos de infância? - indagou-lhe bem alto pra que todos ouvissem.
- Posso não Mazola, tô duro, inda tô pagando as prestação do carro! Cê, num paga uma pra eu não?
E é por essas e outras que aquela palavrinha, muito bem colocada, virou moda nas redondezas. Êta "comedor de puáia" safado, sô!
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